O tema do envelhecimento me diz respeito diretamente. Estou vivenciando, exatamente, esta fase da vida e devo dizer, bastante à vontade com ela, não tenho queixas relevantes.
Desculpem não declinar minha idade. Apenas direi que é, digamos, avançada; e não a digo, não porque tenha alguma reserva sobre isso, mas porque sempre vão dizer que "não pareço ter essa idade" ou "o que eu faço para aparentar menos idade?" e coisas semelhantes. Confesso que às vezes fico até constrangido, mas a verdade é que realmente minha "embalagem" não entrega o que as pessoas imaginam que seja o protótipo da idade que tenho.
Todavia, não estou aqui para falar sobre mim ou minha idade. Faço essa apresentação do artigo para compartilhar com os leitores e amigos do blog um belo texto que recebi, via WhatsApp, de um antigo e caro colega de trabalho.
O texto está publicado na internet em vários sites; eu não o conhecia e não tem autor designado. Na minha pesquisa, descobri que ele foi uma resposta, do autor, à pergunta "O que você acha da velhice?"
Ao ler, percebi que seria a resposta para quem me perguntasse o mesmo. Não titubeei e decidi, então, compartilhar o texto na Oficina de Gerência.
Para aqueles que estão vivendo essa fase do envelhecimento e não a estão aproveitando adequadamente, recomendo a leitura, como se fosse um conselho.
Já aqueles que a estão vivendo de forma saudável, sob a proteção da saúde e da paz interior, recomendo a leitura, especialmente para se confirmar e reviver momentos prazerosos de suas longas existências.
GOSTO DE ENVELHECER
Eu nunca trocaria meus amigos surpreendentes, minha vida maravilhosa, minha amada família por menos cabelo branco ou uma barriga mais lisa.
Enquanto fui envelhecendo, tornei-me mais amável para mim e menos crítico de mim mesmo. Eu me tornei meu próprio amigo...
Eu não me censuro por comer biscoito extra, ou por não fazer a minha cama, ou para a compra de algo bobo que eu não precisava, como uma escultura de cimento, mas que parece tão “avant garde” no meu pátio. Eu tenho direito de ser desarrumado, de ser extravagante.
Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento.
Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou jogando no computador até as quatro horas e dormir até meio-dia? Eu dançarei ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 e 70, e se eu, ao mesmo tempo, desejo chorar por um amor perdido... Eu vou.
Vou andar na praia em uma sunga excessivamente esticada sobre um corpo decadente, e mergulhar nas ondas com abandono, se eu quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros no jet set. Eles, também, vão envelhecer.
Eu sei que eu sou às vezes esquecido. Mas há mais, algumas coisas na vida que devem ser esquecidas. Eu me recordo das coisas importantes.
Claro, ao longo dos anos, meu coração foi quebrado. Como não pode quebrar seu coração quando você perde um ente querido, ou quando uma criança sofre, ou mesmo quando algum amado animal de estimação é atropelado por um carro? Mas corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.
Eu sou tão abençoado por ter vivido o suficiente para ter meus cabelos grisalhos, e ter os risos da juventude gravados para sempre em sulcos profundos em meu rosto.
Muitos nunca riram, muitos morreram antes de seus cabelos virarem prata.
Conforme você envelhece, é mais fácil ser positivo. Você se preocupa menos com o que os outros pensam. Eu não me questiono mais. Eu ganhei o direito de estar errado.
Assim, para responder sua pergunta, eu gosto de ser velho; gosto da velhice. Ela me libertou. Eu gosto da pessoa que me tornei. Eu não vou viver para sempre, mas enquanto eu ainda estou aqui, eu não vou perder tempo lamentando o que poderia ter sido, ou me preocupar com o que será. E eu vou comer sobremesa todos os dias (se me apetecer).
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