💢💢💢
Não resisti, após conhecer o artigo abaixo, publicado pela Folha de São Paulo, em sua edição de 4 de março passado, de compartilhá-lo com os leitores do blog.
Sei que o tema - PIB - é indigesto e até desinteressante para muitos. No entanto, a didática e a organização que os autores deram ao texto tornaram-no compreensível.
Além disso, acredito que o tema do PIB, que tanto nos é apresentado pelas mídias, deve ser compreendido pelo maior número possível de brasileiros. Assim, não hesitei em trazê-lo para a Oficina de Gerência.
Como assinante do jornal, procurei fazer a transcrição da matéria com os devidos créditos à Folha e aos autores.
A colocação do texto, com gráficos explicativos, foi um grande desafio para mim; no entanto, para quem desejar ler o original, deixei o link para isso.
As imagens ilustrativas que estão presentes no post não estão no texto original e foram adicionadas para amenizar um pouco a complexidade do tema, sem causar danos ao seu conteúdo.
O texto é, aparentemente, longo e, para quem se interessar pelo tema, aconselho que o leia fazendo pausas para compreender as figuras e nivelá-las com as explicações correspondentes. Na verdade, a matéria da Folha é quase uma aula.
Boa Leitura e bom proveito
💢💢💢
💢
Como é composto o PIB
Indicador mostra quem produz e como produtos e serviços são consumidos
(Eduardo Cucolo e Simon Ducroquet)
Produtos, serviços, aluguéis, serviços públicos, impostos e até contrabando. Esses são alguns dos componentes do PIB (Produto Interno Bruto), calculado pelo IBGE, de acordo com padrões internacionais, com objetivo de medir a produção de bens e serviços no país em determinado período.
Ele mostra quem produz, quem consome e a renda gerada a partir dessa produção. O crescimento do PIB (descontada a inflação) é usualmente chamado de crescimento econômico. O PIB trimestral é apresentado pela ótica da oferta (o que é produzido) e da demanda (como esses produtos são consumidos).
💢
O quadrado abaixo representa os R$ 9,6 trilhões produzidos pelo país durante 12 meses (de outubro de 2021 a setembro de 2022), ou seja, o PIB de quatro trimestres. Esse valor pode ser dividido, do ponto de vista da oferta, pelo valor adicionado por setores
O principal setor da economia são os serviços, com peso relevante de atividades imobiliárias, comércio, setor público e das 12 atividades que compõem o grupo outros serviços, como alojamento, alimentação, educação e saúde privados, cultura e esporte.
Entre os serviços, um dos principais componentes são as atividades imobiliárias, com participação de 7,8% no PIB (mais que a agropecuária). Mas somente 30% representa os valores pagos por inquilinos a proprietários. Os outros 70% são os aluguéis imputados: o IBGE considera que imóveis residenciais e comerciais próprios geram serviços de habitação para seus proprietários e que isso tem um valor, que é parte do PIB*.
O segundo maior setor é a indústria, com participação de 20,5% do PIB. A indústria de transformação (fabricação de alimentos, têxteis, máquinas, automóveis etc.) representa mais da metade do setor. A outra metade se divide em três partes, com destaque maior para o segmento extrativo (como petróleo e mineração) no período mais recente
No PIB trimestral, o valor adicionado pela indústria da construção é composto, basicamente, pela remuneração dos trabalhadores (formais e informais) do setor, e não pelo valor das obras. Os dados são revistos após a divulgação da pesquisa anual com as empresas do setor. A maior parte do que é produzido pela construção aparece como investimento, quando se olha a ótica da demanda.
O valor adicionado pela agropecuária corresponde a 6,6% do PIB. O dado é apurado a partir de pesquisas do próprio IBGE para agricultura, pecuária, produção florestal e pesca e aquicultura. Não inclui todo o agronegócio, representado também, por exemplo, pela indústria de alimentos.
Ao valor adicionado pelos três setores é somado o imposto sobre a produção, que é parte do preço do produto e, portanto, compõe o PIB no valor de 14,2 %.
💢💢💢
Outra forma de ver o PIB é do ponto de vista da demanda, ou seja, o destino do que foi produzido. Nesse caso, trata-se da soma da despesa de consumo de bens e serviços das famílias e do governo, da parcela destinada ao investimento e das exportações, descontadas as importações*.
O investimento público e privado, também chamado de Formação Bruta de Capital Fixo, corresponde aos produtos fabricados em um ano e que serão utilizados no processo produtivo nos anos posteriores. O investimento tem por finalidade aumentar a capacidade produtiva do país.
A construção responde por quase metade do investimento, dividida de forma praticamente igual entre residências e outras obras. Máquinas e equipamentos também têm participação relevante. O restante são produtos de propriedade intelectual e outros ativos, como equipamentos bélicos e recursos biológicos. O setor privado responde por 84% do indicador; o governo (nas três esferas), por 11%; e as estatais, por 5%*.
A despesa de consumo do governo não corresponde ao gasto público total, mas ao custo dos serviços oferecidos por União, estados e municípios, como insumos e salários de servidores. Não inclui investimento, nem transferência de renda (que aparece no consumo das famílias).*
O índice para educação pública é calculado pela variação do número de matrículas. Para a saúde pública, utiliza-se o tempo de internação, segundo valores por tipo de diagnóstico, e a produção ambulatorial, de acordo com o custo por procedimento.
A despesa de consumo das famílias corresponde a 63% do PIB. O cálculo considera, inicialmente, um crescimento proporcional à oferta (valor da produção mais importações). O volume é ajustado com base no consumo retratado nas pesquisas do IBGE.
Parte da produção nacional é exportada.
Parte do investimento e do consumo de famílias e governo são produtos e serviços importados, que não foram produzidos no Brasil e fazem parte do PIB de outro país. É necessário subtrair o valor das importações para que o PIB da ótica da demanda seja igual ao PIB da ótica da oferta*
Parte do investimento e do consumo de famílias e governo são produtos e serviços importados, que não foram produzidos no Brasil e fazem parte do PIB de outro país. É necessário subtrair o valor das importações para que o PIB da ótica da demanda seja igual ao PIB da ótica da oferta*
💢
O cálculo do PIB da ótica da produção utiliza o conceito de valor adicionado. Para se chegar a esse número, são descontados os insumos e as margens de comércio e transporte, para evitar dupla contagem (o insumo de um setor e a margem de um produto é a produção de outro). Os impostos também são computados separadamente
O PIB trimestral é divulgado cerca de 60 dias após o fim do período e apresenta as óticas da oferta e demanda. O resultado do 4º trimestre traz um dado preliminar do ano fechado. O PIB anual definitivo é apresentado quase 24 meses após o fim do ano (o de 2022 será conhecido em novembro de 2024) e traz também a ótica da renda (soma das remunerações do trabalho e capital, que mostram como cada parte se apropriou da riqueza gerada)
O “PIB informal” também é captado pelas estatísticas do IBGE, a partir de pesquisas junto a empresas (formais ou não) e trabalhadores (registrados ou não). Há também estimativas sobre contrabando. Dados sobre atividades ilícitas (drogas e prostituição, basicamente) não são computados. Alguns países trabalham nessas estatísticas, com resultados ainda incipientes e que chegaram a valores inferiores a 1% do PIB
O PIB trimestral é calculado pela equipe de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. O PIB anual, aquele divulgado após quase 24 meses, pela equipe de Contas Nacionais anuais. Nos dois casos, são utilizados dados e pesquisas realizadas pelas equipes responsáveis por outros indicadores, além de dados de outras fontes do setor público e privado
A variação do PIB se refere a volume. É uma variação real (descontada inflação). O volume, que é diferente da quantidade de bens produzidos, considera que cada produto tem um peso diferente, de acordo com sua relevância
Até 1986, o PIB era calculado pela Fundação Getulio Vargas. Em dezembro daquele ano, a responsabilidade passou para o IBGE. Desde então, foram feitas mudanças metodológicas de acordo com recomendações das Nações Unidas
*Todos os dados se referem ao período de outubro/2021 a setembro/2022, exceto o detalhamento das atividades imobiliárias, do investimento e do consumo do governo, que não é divulgado no PIB trimestral, somente no anual. Nesse caso, utilizou-se o último dado disponível, do ano de 2020. Para se chegar ao PIB da ótica da demanda é necessário ainda acrescentar a variação de estoques, de valor inferior a 0,5% do PIB no período.
Fontes: Entrevistas com Claudia Dionísio e Amanda Tavares, da equipe de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. Relatórios Metodológicos de Contas Nacionais Trimestrais e do Sistema de Contas Nacionais Brasil 2010. Dados divulgados pelo IBGE das contas nacionais de 2020 e do 3º trimestre de 2022, além de tabelas de séries históricas disponibilizados pelo instituto.
Empresa Folha da Manhã S.A. - Grupo Folha - Copyright Folha de S.Paulo (1921 - 2024) CNPJ: 60.579.703/0001-48.
Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.
Como prometido no post, para quem seja assinante da Folha e queira ler o artigo em sua forma original é só clicar aqui.
💢💢💢💢💢💢💢💢💢💢💢💢💢💢💢💢💢💢💢💢💢💢
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Convido você, caro leitor, a se manifestar sobre os assuntos postados na Oficina de Gerência. Sua participação me incentiva e provoca. Obrigado.