discussão entre quais sejam as melhores relações de trabalho entre empresas e empregados, o presencial, o híbrido ou o home office,
continua acesa, mesmo depois de haver passado o período agudo da pandemia pelo COVID 19.
Acredito
que ainda vá durar algum tempo, mas prevejo (que pretensão!) que o home office ou
algo semelhante (talvez o "híbrido") vá prevalecer ao longo do tempo. Por que digo isso?
O mundo
caminha celeremente para ser dominado pela crescente alta tecnologia, pelos
robôs, pela inteligência artificial, pelo 5G (atual), o futuro 6G
(2035), o distante 7G (previsão para até 2045) e atualmente o metaverso. Porque
o trabalho “atrás das mesas” (aqueles que independam de
presença física nas instalações das empresas ) ficaria fora desse contexto?
Deixemos
a futurologia e voltemos para cá, 2023, nesse, digamos, confronto atual entre
aqueles que preferem e podem trabalhar em casa ou em modalidade híbrida e os que são obrigados a
batalhar, em tempo integral, nas instalações físicas das corporações.
O
artigo abaixo - lembrar que foi escrito em junho de 2022, com o vírus da COVID
19 ainda ameaçando agressivamente a humanidade - aborda o tema de maneira diferenciada.
O título da matéria já dá o tom "O que os chefes perderam na luta
contra escritórios vazios: poder".
Um
parêntesis, acho que cada um de nós tem sua opinião a respeito desse "embate", não escondo a minha, que tende, observem que eu disse tende,
a privilegiar o trabalho presencial. As minhas razões são muitas, mas confesso que refletem, bastante, a opinião de um "velho executivo" que teima em não se
aposentar.
Entendo
perfeitamente que é uma luta inglória (porque fadada à derrota) defender
o trabalho diuturno no ambiente das instalações corporativas ao invés de fora delas, seja home
office, trabalho remoto ou teletrabalho (para
entender supostas diferenças entre estes tipos, clique aqui).
E
digo mais, antes de qualquer julgamento dos leitores, que concordo com o título do
texto. Os chefes ou CEOs que defendem o lado do presencial, o fazem -
essencialmente - porque... sim, perdem poder. As presenças dos empregados, agrupados ali, nas
suas "áreas de autoridade", lhes conferem um poder ou um
tipo de comando e controle, que perdem, quando estes mesmos subordinados
estão "longe de seus domínios", de seu feudo, de sua jurisdição. É fato!
E paro por aqui. O assunto vai longe. Além de instigante, dá muitos "panos
para mangas" e não vamos estendê-lo neste post. Por ora, basta para trazer a
informação aos leitores do blog.
Recomendo que leiam o artigo. É leve, informativo e bem ilustrativo; e vai ajudá-los a compreender
melhor essa questão tão atual na nossa realidade.
Seria bem interessante - para quem desejar - opinar a respeito nos "comentários" (ver link ao final do post). Vamos ao texto.
O que os chefes perderam na luta contra escritórios vazios: poder
|
Os planos de retorno ao escritório se revelaram um grande cabo de guerra em que nenhum dos lados cede por medo de parecer covarde |
Emma Goldberg, The New York Times
19 de junho de 2022
O que o
chefe de Barrett Kime disse em uma recente videoconferência foi simples. Será
que os integrantes da equipe dele na NBCUniversal poderiam ir trabalhar
presencialmente nos poucos dias em que se espera que eles estejam no
escritório?
Então veio
a revolta. Kime, diretor de criação sênior, tirou o microfone do mudo. “Eu
estava falando como era insano pedir às pessoas para virem com maior frequência
enquanto os casos de covid-19 estão aumentando”,
lembrou ele.
Outros
funcionários então se manifestaram para compartilhar as razões pelas quais não
queriam voltar ao escritório: cuidado de crianças, aumento do preço do combustível,
número de casos de covid-19. Para Kime, isso marcou uma nova fase nas conversas
entre eles quanto ao retorno ao local de trabalho.
“É meio que
uma coisa do tipo Mágico de Oz”, disse Kime. Em outras palavras, sua equipe
percebeu que não havia nenhum ser todo-poderoso forçando a presença deles;
havia apenas um homem atrás de uma cortina (ou em uma tela do Zoom). “Por mais
que resmungássemos sobre voltar a trabalhar presencialmente, todos sabíamos que
isso ia acontecer. Mas assim que começamos a voltar, percebemos o quanto isso
era estúpido”, acrescentou.
O otimismo
a respeito dos planos de retorno ao escritório, em todos os setores e cidades,
está diminuindo aos poucos. Quando questionados no início de 2021 qual seria a
proporção de seus funcionários que voltariam ao escritório cinco dias por
semana no futuro, os executivos disseram que 50%; agora esse percentual caiu
para 20%, de acordo com uma pesquisa recente da consultoria Gartner.
A ocupação
de escritórios em todo os Estados Unidos estabilizou no mês passado em cerca de
43%, quando os casos de covid-19 aumentaram mais uma vez, segundo os dados da
Kastle, empresa de segurança.
A grande
maioria dos americanos, sobretudo aqueles no setor de serviços e em empregos
com salários baixos, vem trabalhando presencialmente ao longo da pandemia. Mas
aqueles que tiveram a possibilidade do trabalho remoto se apegaram à flexibilidade. Em uma
pesquisa de janeiro, o Centro de Pesquisa Pew descobriu que 60% dos
trabalhadores cujos trabalhos podem ser realizados de casa queriam trabalhar de
forma remota a maior parte do tempo ou o tempo todo.
“O que está
bastante claro é que há cada vez menos empresas esperando que seus funcionários
estejam no escritório cinco dias por semana”, disse Brian Kropp,
vice-presidente do departamento de recursos humanos da Gartner. “Até mesmo
algumas das maiores empresas que se pronunciaram publicamente dizendo querer
seus funcionários no escritório cinco dias por semana estão começando a voltar
atrás.”
Há a Apple,
que recentemente suspendeu sua exigência de que os funcionários fossem ao
escritório pelo menos três dias por semana. Há a McKinsey, que pretende, em
algum momento, estabelecer regras mais claras quanto ao comparecimento ao
escritório, com o objetivo de garantir que as pessoas entendam a importância da
colaboração presencial, mas por enquanto está permitindo que cada um faça
acordos com seus clientes e gestores, de acordo com seu diretor de recursos
humanos.
O Google
adiou o retorno ao escritório planejado para janeiro e, agora, aproximadamente
10% de seus funcionários receberam permissão para trabalhar de modo remoto o tempo todo ou ser
realocado. Em um determinado momento, a Intuit considerou algum tipo de plano
rígido de retorno ao escritório para seus 11.500 funcionários nos EUA, mas em
vez disso permitiu que gestores e equipes definissem suas próprias expectativas
de quais dias ir ao local de trabalho.
“Ser
taxativo cria todo tipo de burocracia, porque depois você precisa envolver os
níveis de gestão e isso se torna muito baseado em regras”, disse Sasan
Goodarzi, CEO da Intuit. “Não acreditamos que seja preciso estar no escritório
40 horas por semana e também não acreditamos que seja possível ficar totalmente
no virtual.”
Os planos
de retorno ao escritório se revelaram um grande cabo de guerra em que nenhum
dos lados cede por medo de parecer covarde. Os executivos disseram aos
trabalhadores para voltar ao local de trabalho, depois adiaram os planos, pois
os casos de covid-19 continuavam a subir.
Os líderes
de negócios aceitaram a incerteza, esperando que ela fosse temporária. Até
ficar claro que não era. Os trabalhadores tiveram tempo extra em casa, e margem
extra para testar a rigidez dos planos de seus chefes. Agora, algumas empresas
estão esperando que seus profissionais voltem, mas perderam o poder para forçar
isso por causa do fluxo constante de prazos.
“O que
decidimos fazer é dizer: ‘O que está funcionando?’”, disse Joan Burke, diretor
de recursos humanos da DocuSign, que adiou quatro datas de retorno ao escritório antes
de decidir não exigir o comparecimento por enquanto. “Vamos aprender com o que
está funcionando e pôr em prática proteções quando acharmos que não estão.”
Alguns
executivos esperam que, caso consigam fazer com que seus funcionários passem
algum tempo no escritório, eles percebam que gostam mais disso do que
lembravam.
Christina
Ross, CEO da Cube, empresa de software com 75 funcionários, costumava se
considerar uma orgulhosa defensora do trabalho presencial. Antes da pandemia
ela contratou um engenheiro que vivia no Texas e insistiu que ele se mudasse
para Nova York para trabalhar. Ela não conseguia imaginar construir um
relacionamento de longo prazo com um funcionário que ela nunca conheceu
pessoalmente.
Agora ela
chama sua empresa de “prioritariamente remota”. Primeiro ela considerou, sem
levar muito a sério, a ideia de exigir um retorno ao escritório da Cube, mas acabou
decidindo tornar essa opção o mais atraente possível. Ela até mudou a
localização do lugar em Nova York para facilitar o deslocamento para os
funcionários que moram no Brooklyn.
“As pessoas
deixaram claro que não queriam voltar”, disse Christina. “Pode acabar sendo
decepcionante colocar tanto esforço na construção de um ambiente de escritório
e depois não ter pessoas o frequentando.”
Alguns
empresários adotaram uma linha mais severa. Elon Musk, por exemplo, disse aos
funcionários da SpaceX e da Tesla que eles precisavam passar no mínimo 40 horas
no escritório ou seriam demitidos. Muitas outras empresas, como o Google e a
Microsoft, optaram por uma estratégia mais branda, preenchendo os locais de
trabalho com café gelado, petiscos, sacolas com brindes e cerveja. Mas esses
incentivos corporativos têm seus limites, e poucos estão dispostos a
experimentar punições.
“É quase
como um meme atual do escritório de 2018 – ‘Ei, temos bagels, petiscos e mesas
de pingue-pongue'”, disse Christina. “Isso não é uma troca pelo deslocamento.”
Muitas
empresas estão aceitando a realidade de que exigir um retorno ao escritório
pode colocá-las em desacordo com as demais organizações e significar perder
talentos. Em alguns setores e em algumas regiões dos EUA, a cultura centrada no
escritório está se tornando uma peculiaridade, e não a regra.
A Duolingo,
empresa de aprendizado de idiomas com sede em Pittsburgh, exigia que seus
funcionários fossem ao escritório três dias por semana; o diretor de recursos
humanos da empresa disse estar confiante de atingir suas metas de contratação
da mesma forma. Christiana Riley, CEO das Américas do Deutsche Bank, disse que
a decisão do banco de exigir que seus cinco mil funcionários de Nova York
voltem ao local de trabalho em tempo integral ou pelo menos dois dias por
semana, dependendo de sua função, tinha um significado que ia além dos
negócios, contribuía para a recuperação da cidade.
A
Brown-Forman, empresa de vinhos e bebidas destiladas, pediu que a maioria de seus
950 funcionários em Louisville, no Kentucky, fosse trabalhar na sede pelo menos
três dias por semana desde o mês passado.
“Embora a
Brown-Forman não tenha visto um êxodo por causa das nossas políticas de retorno
ao escritório, isso ainda é possível”, disse Eric Doninger, diretor de
estratégias imobiliárias e de local de trabalho, explicando que a empresa
entende os riscos da aposta. “Nossas instalações têm uma função a desempenhar
na construção do negócio, no fomento a colaboração e a camaradagem.”
Outros
executivos estão insistindo em um retorno com toda a força, confiantes no
custo-benefício de terem profissionais em suas mesas cinco dias por semana. Tom
Siebel, CEO da C3 AI, empresa de inteligência artificial com 800 funcionários,
exigiu que seus trabalhadores voltassem ao escritório em tempo integral em
junho de 2021. Ele disse que a exigência só aumentou o interesse da empresa por
um determinado tipo de candidato a emprego.
“Para as
pessoas que querem trabalhar de casa pelo Zoom, existem empresas para isso”,
disse ele. “Vá trabalhar para o Facebook. Vá trabalhar para a Salesforce.”
Siebel
disse que tinha “o único estacionamento cheio no Vale do Silício” e vê isso
como uma vantagem competitiva. “Não inventamos foguetes que aterrissam sozinhos
com pessoas trabalhando via Zoom uma vez por semana”, acrescentou o CEO.“Temos
que nos reunir em uma sala, usar quadros brancos e falhar, e falhar e falhar
até conseguirmos ter êxito.”
Mas para os
executivos que não redobraram os esforços nessa aposta, questões maiores pairam
sobre o futuro de seus escritórios. Como no caso de Manny Medina, CEO da
Outreach, empresa de vendas com uso de inteligência artificial com cerca de 600
funcionários em Seattle, dos quais a maioria é incentivada a realizar 40% do
tempo de modo presencial. Em um escritório quase vazio, Medina disse ter se
acostumado a enfrentar as contestações dos funcionários a respeito da
importância da colaboração presencial.
Recentemente,
um funcionário júnior compareceu ao horário de atendimento virtual do CEO e
disse que não entendia por que deveria ser obrigado a se deslocar quando
trabalhar de casa lhe permitia equilibrar a produtividade com sua vida social e
o treinamento de jiu-jitsu. “Eu disse: ‘Bom argumento, e você deve pensar em
qual é sua prioridade’”, disse Medina. “Se você quer ser um lutador de MMA, vá
fazer isso.”
Medina é um
defensor do escritório há anos. Certa vez, ele foi convidado a participar de um
debate sobre as vantagens do trabalho presencial versus o trabalho remoto com o
CEO da Zapier na frente de milhares de pessoas. A maioria dos presentes
concordava com o oponente dele. “Fiquei com a parte perdedora da conversa”,
disse Medina. “Mas não foi como se tivesse perdido para uma vitória
esmagadora.”
Essa
discussão aconteceu em 2017. Cinco anos depois, ela ainda não acabou. “Tem uma
lanchonete que serve frango frito perto do escritório que só como quando estou
no trabalho”, acrescentou Medina. “Vejo o mar do meu escritório. Por que eu não
viria trabalhar aqui?” /TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA
(TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA)
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