Troca de técnicos no Flamengo e o jogo bruto da Liderança Corporativa
(por Herbert Drummond)
- Laboratórios de lideranças
Um dos
melhores “laboratórios” para testar as teses e teorias das relações e entre
chefias e comandos com os seus comandados são as organizações esportivas em
disputa por títulos e campeonatos. O futebol é, delas, a mais visível em vista
da popularidade e das paixões que desperta no mundo inteiro.
Outros
“laboratórios” muito parecidos são as orquestras e a relação entre o maestro e
seus músicos ou entre, por exemplo, um capitão de navio transatlântico e sua
tripulação. Existem outros, mas fiquemos por aqui.
O que estes exemplos têm em comum são as figuras de lideranças autocráticas e isoladas sobre cujos ombros recaem todas as responsabilidades de sucesso ou fracasso dos processos sob seus comandos.
- Demissão do Domènec Torrent
Pois bem, o
que fez o Dome?
Sem
respeitar a Fórmula da Liderança enveredou pelo seguinte percurso:
- Não compreendeu a situação/circunstâncias da sua contratação.
- Não se aprofundou na análise e compreensão da “psicologia comportamental” do grupo que deveria liderar.
- E finalmente, não teve a humildade e a competência de reconhecer-se na posição que deveria assumir. Ele não veio para consertar e sim para manter a qualidade vitoriosa que o Flamengo apresentava no trabalho do grupo e das suas recentes conquistas.
- A Fórmula ou Equação da Liderança
Vou aproveitar a oportunidade do caso rumoroso da demissão, esta semana, do técnico do Flamengo, Domènec Torrent, e da sua imediata substituição – não menos rumorosa - pelo ex-goleiro e ídolo do São Paulo Rogério Ceni.
Vamos buscar analisa-lo sob a luz da “Fórmula da Liderança” (clique no link para conhecer) apresentada abaixo:
Sem entrar em detalhes que os aficionados do futebol já conhecem, o Dome não cumpriu sua primeira missão ou seja não procurou o equilíbrio da fórmula e a sua liderança não foi acolhida, ou seja, não foi reconhecida pelo grupo. Não cuidou das variáveis “g”, “s” e “l”. A equação tornou-se
L ≠ f (g, l, s),
Ou seja, a liderança do técnico deixou de existir; não se traduziu ( ≠ ) nas variáveis que o líder deveria dominar.
Em outras palavras:
- Não compreendeu a situação de substituir um comandante super campeão, com o mesmo grupo (até melhorado),
- Não respeitou o próprio grupo ao procurar novas posições para seus componentes e
- Como líder não se preocupou em estabelecer relações e fazer-se compreender pelas lideranças informais da equipe.
A minha
impressão é que o Torrent viu o tamanho do problema, não tinha a habilidade de
se ajustar ao grupo e à situação e se arrependeu de vir para o
Brasil; entregou os pontos e desistiu da função. Esse caso lembra, em parte, a demissão
de Felipão Scolari do Chelsea da Inglaterra? Clique aqui para lembrar.
Os resultados não poderiam ser outros do que o Flamengo se exibir de forma irreconhecível e perder vezes seguidas por goleadas de 5 e 4 gols, algo inimaginável para um grupo tão vencedor.
Como disse
no início do texto, o responsável único é o líder do grupo, ou seja, o técnico.
Solução sem alternativa, mudar o “l” na equação. Sai Domènec Torrent e entra
Rogério Ceni.
- Tempo do Rogério Ceni
Sou, como qualquer brasileiro que ame o futebol, um fã do Rogério Ceni. Gostaria que ele se acertasse no Flamengo tal como fez no Fortaleza, seu emprego anterior, com uma campanha de sucesso. Todavia escolho colocá-lo sob a luz da Fórmula da Liderança.
Ele será o novo “l” nas variáveis da fórmula. O grupo “g” é o mesmo que não aceitou a liderança do Domènec Torrent. E a situação se apresenta para o Ceni de forma diferente daquela que o Dome enfrentou. Se conseguir perceber os erros do colega que o antecedeu, Ceni tem tudo para ter o sucesso esperado. Entretanto terá de trabalhar principalmente no seu próprio perfil, ou seja, no “l” da fórmula. Ele será, no início do trabalho, a variável mais importante.
- Começou com o pé direito
Os
resultados da sua liderança serão consequência do equilíbrio que ele
conseguir manter dentro da Fórmula (grupo, conjuntura e ele próprio), no dia a
dia de convivência com o grupo. As reações da torcida são meramente efeitos do
que ele e quaisquer outros líderes, conseguirem para manter a igualdade na
fórmula. Lembrar que a Liderança é uma função das três variáveis. Isso quer
dizer que as três variáveis devem ser harmônicas e manejadas para resultar numa
liderança que mantenha o sinal de igual na equação. Não se enganem. É um
desafio enorme.
Vou estar
curioso para acompanhar o desempenho do Rogério Ceni. Vou torcer por ele e
acredito na sua capacidade de, embora jovem e inexperiente na função de
técnico de um grupo famoso como o do Flamengo, conseguir sair do outro lado do túnel
vitorioso e reconhecido. Ele está entrando menor do que a função, mas tem tudo
para sair maior (clique aqui para
conhecer o conceito).
Fiz questão
de escrever e publicar o post antes da estreia do Ceni exatamente contra
sua ex-equipe, o São Paulo. Não sei qual será o resultado, mas uma coisa vai
acontecer, o grupo dará resposta positiva à mudança do técnico. Grupos
vencedores querem vencer, por óbvio e Rogério terá, em princípio, toda boa
vontade dos atletas para ajustar a equação da liderança.
Exercer um cargo de liderança não é fácil. Não importa o cargo, liderar um pequeno time de pessoas em uma gerência de pouca relevância ou liderar a maior Equipe de futebol do planeta, a posição do líder será sempre difícil.
ResponderExcluirPenso que, dentro da equação proposta, o importante é situação. Explico minha posição: o bom time quando em situação de desequilíbrio pode derrubar um bom líder que não entenda a situação; o bom time, equilibrado, pode ressaltar as qualidades de um líder mediano que entenda a situação na qual está inserido.
Voltando ao exemplo do artigo, o Flamengo, temos uma situação pitoresca. Domènec, um técnico de qualidade reconhecida, assumiu uma ótima equipe, mas não soube lidar com a situação. Chegou ao Flamengo para tampar um buraco deixado por Jesus.
Rogério Ceni, um grande técnico em ascensão, assume uma grande equipe desequilibrada. Situação completamente diferente. Como dito no artigo, o novo líder chegou humilde, pedindo ingresso ao grande Ídolo da Nação. Demonstrou que entendeu a variável “Situação”.
Agora é aguardar para ver se o novo líder é aceito pela equipe. As primeiras notícias dão a entender que já foi aceito.
Mais um grande artigo publicado no Oficina de Gerência. Parabéns!
Meu caro Isaac de Porthau, seu comentário traduz exatamente a mensagem que quis passar no post. Fico feliz por isso. Obrigado pela visita e pelo comentário. Seja bem vindo e volte sempre.
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