(Autor: Herbert Drummond)
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urante meus muitos anos de “estrada” exercendo
funções de liderança, chefia e comando procurei desenvolver critérios e conceitos
para fazer avaliações de líderes e gerentes que conheci ou analisei no
desempenho de suas funções. Criei, com a prática, uma espécie de RH pessoal e muito particular.
Foi
um longo processo de vivências, observações, pesquisas e análises continuadas e
sequentes. Certamente cometi muitos erros até calibrar o “sistema”. Em certo
momento, após a certeza empírica de muitos casos examinados considerei que o
método estava testado e passei a aplicá-lo repetidamente com excelente índice de
acertos.
O sistema
é (aparentemente) simples, mas na realidade exige habilidade e principalmente a
capacidade de caracterizar, identificar, observar, reconhecer e verificar
aspectos objetivos e (muito) subjetivos que estejam conectados de -no conjunto - às pessoas e às funções sob
exame.
Níveis
O método,
se assim posso chamá-lo consiste em medir as habilidades e experiências de quem se deseja analisar. Fazemos esta "medição" por meio de sua história gerencial, seu
currículo, sua cultura geral e corporativa e mais uma
série de outros itens para acomodá-los, todos, em contraposição às
expectativas esperadas desse indivíduo nas novas posições que ou esteja
exercendo ou virá a ocupar.¹
¹ Quem preferir, pode procurar criar índices numéricos para mensurar essas habilidades e experiências. Esse é um sistema usual, nos editais de licitação para análises de currículos com vistas à atestação de propostas Cheguei a utilizar essa metodologia no inicio, mas a abandonei porquanto as avaliações com números são muito subjetivas e induzem a distorções expressivas. Preferi utilizar minha vivência profissional e buscar visualizar o conjunto geral das habilidades e experiências que serão avaliadas pelos itens:
¹ Quem preferir, pode procurar criar índices numéricos para mensurar essas habilidades e experiências. Esse é um sistema usual, nos editais de licitação para análises de currículos com vistas à atestação de propostas Cheguei a utilizar essa metodologia no inicio, mas a abandonei porquanto as avaliações com números são muito subjetivas e induzem a distorções expressivas. Preferi utilizar minha vivência profissional e buscar visualizar o conjunto geral das habilidades e experiências que serão avaliadas pelos itens:
- capacidades,
- competências,
- aptidões,
- habilitações,
- prática,
- talento,
- know-how,
- idoneidade
- atribuições.
Passo seguinte é enquadrar, em
perspectiva, os resultados dessas "medições"
nos três níveis criados, da relação entre eles e a expectativa do desempenho do
indivíduo examinado na função desejada ou ocupada. Estes resultados devem indicar se
as habilidades e experiências do analisado são:
- 1. “Maiores” que o cargo
- 2. “Do tamanho” do cargo
- 3. “Menores” que o cargo.
No primeiro
caso estão aqueles gerentes e chefes cujas competências e currículos
estão sobrando em relação à função que ocupam ou desejam ocupar...
Exemplos não faltam. O engenheiro que chefia ou é candidato ao setor de
entregas; ou o professor, com mestrado, que aceita (exagerando) chefiar o
arquivo da escola e assim por diante. Estão visivelmente "maiores que os cargos.
No segundo caso estão os líderes perfeitamente ajustados – por experiência pessoal e currículos - às
funções que desempenham ou pretendem exercer. São advogados experientes liderando escritórios de advocacia,
médicos com vivência e experiência em gestão, dirigindo clinicas e hospitais; e outros exemplos similares. Podemos afirmar que estão no mesmo nível das exigências do cargo.
Finalmente temos o terceiro caso. Aqui se posicionam os indivíduos cujas aptidões, capacidades, competências, habilidades, inteligências, merecimentos, talentos e vocações são, visivelmente, “menores” que as envergaduras das funções que ocupam ou estão
prestes a desempenhar
Infelizmente esta última situação é a mais frequente e sua ocorrência se dá principalmente nas esferas da
Administração Pública (federal, estadual ou municipal), geralmente pela via das chamadas "indicações políticas". São eles: os "chefes, gerentes ou líderes" que ocupam funções de relevância sem a necessária bagagem no currículo para
operá-las. Poderia citar uma infinidade de cases que conheço
pessoalmente e vocês, leitores, certamente conhecem também.
Deixo de elencar as carreiras políticas porquanto ninguém chega lá sem disputar as escolhas dos eleitores. Todavia, também no exercício do cargo público, quando ocorrem, ficam visíveis a relação entre os candidatos ou eleitos com suas respectivas novas ocupações.
Subgraduações
Em
cada um desses casos podemos ativar uma série de subníveis. Todavia o mais
interessante é observar os desdobramentos aos quais cada uma das pessoas em
análise esteja sujeita ao ser “flagrada” exercendo as funções. Dou exemplos:
Podemos ter o gerente
sendo “maior” que o cargo que ocupa, mas consegue elevá-lo e colocar o padrão
de trabalho no seu próprio nível. Também acontece de o próprio gerente
apequenar-se descendo ao mesmo plano da função menor.
· Outra manifestação
poderá ser aquela em que o líder sendo do mesmo “porte” da função consegue
dar-lhe um destaque ainda maior crescendo ambos; por outro lado existem os
casos quando o gerente fracassa e torna-se menor que a função desvalorizando-a
na corporação. São inúmeros os casos dessa espécie.
· Finalmente temos a relação entre os líderes que entram
"menores" que as funções para as quais são designados (ou eleitos) e
conseguem elevar-se ao nível delas e às vezes até tornar-se maior que elas
caindo no caso já relatado. É o que normalmente se denomina “crescer na
função”.
Uma
boa ilustração seria lembrarmo-nos daqueles atores de cinema ou teatro que
devido a um determinado desempenho surpreendente em suas carreiras passam a ser
reconhecidos como de “primeira grandeza”. Ou ainda de políticos que assumem
cargos com grandes expectativas de realizações e se transformam em rotundos
fracassos.
Desrespeito aos critérios
Estas
situações ocorrem repetidas vezes nas empresas privadas e públicas, nas
corporações em geral. O fato é que as escolhas das pessoas ou as conquistas das
posições de liderança e comando, de forma recorrente, não observam, praticam ou
satisfazem, os critérios dentro dos enquadramentos aqui apresentados e
comentados.
Tecnicamente
seria uma mera questão de se acatar discernimentos, observar juízos, deter-se
em exames, análises e avaliações; em síntese, promover nas escolhas, opções e
preferências a preponderância da meritocracia. Concordo,
todavia que em se tratando de nós, seres humanos, seria pedir demais. Algo como
perseguir devaneios, caçar fantasias ou transformar quimeras e sonhos em
realidades.
São
frequentes os exemplos, na Administração Pública notadamente, das pessoas
que sendo menores do que as funções que ocupavam tiveram
que ser defenestradas (exoneradas, no jargão corporativo) deixando atrás
de si um rastro de desmandos e prejuízos ao sistema do serviço público.
Gosto de citar dois exemplos famosos
desses critérios. Um positivo e outro negativo. O primeiro é o do
ex-presidente Juscelino Kubitschek. Eleito,
assumiu a função com enorme desconfiança de que era menor do
que ela e saiu maior. Cresceu na função a ponto de ser considerado um dos
melhores presidentes que o Brasil já teve. O outro exemplo é o do
ex-técnico Dunga da seleção brasileira. Entrou sem experiência e vivência na
função e saiu menor ainda. Não estava preparado e deu no que deu...
Uma
das conclusões óbvias que podemos tirar desse processo é que ele não
é exato. E nem poderia ser não é mesmo? Tudo que o envolve é
subjetivo e tem base nas habilidades (ou inabilidades) humanas.
Pergunta que não quer calar: E
para que serve então?
Como resposta direi que é um (ótimo)
indicador para correção de rumos e prevenção de "desastres
administrativos". Querem exemplos?
- Um chefe que se mostrou menor do que a função que ocupou recentemente será promovido a exercer alguma outra no mesmo nível?
- Um gerente que demonstre estar abaixo das competências do cargo que ocupa será mantido?
- Ou ainda, um diretor que tenha se mostrado maior que a função que exerce certamente será considerado para uma promoção?
Teste o sistema
Para encerrar concito os leitores a
doravante procurar exercitar esse sistema buscando à sua volta quem é maior,
igual ou menor do que a função que ocupa.
- O seu chefe, por exemplo, onde está colocado dentro dessa escala?
- O presidente da sua empresa ou seu diretor?
- O colega de trabalho que está sendo cotado para determinada promoção?
- E o técnico de futebol do seu clube?
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