Mulheres no Comando, porque são tão poucas?
(Autor- Herbert Drummond - Blog Oficina de Gerência)
“Mulheres em cargos de chefia”
é um tema que sempre causa controvérsia. Não deveria, mas causa.
Devo registrar que no percurso
da minha carreira profissional, com mais de 50 anos, ocupei diversas funções de
chefia intermediária e nos últimos 30 anos
exerci cargos de direção superior na Administração Pública. Pois bem, nesse
tempo todo, foram pouquíssimas vezes que encontrei funções de chefia ocupadas
por mulheres.
Na verdade, nunca me
dei conta disso; muito porque na minha profissão, antigamente (anos 60, 70, 80
e até metade da década de 90), as mulheres não buscavam cursar Engenharia
Civil. Minha turma, de cerca de 120 formandos, só havia seis colegas do sexo feminino.
Fato é que independente dessas circunstâncias as mulheres, à época, não tinham
oportunidades de ascender nas funções de executivas, notadamente nas carreiras
das chamadas ciências exatas.
Apesar da evolução dos
cenários, com um número crescente de mulheres coexistindo com os homens nas
corporações, elas ainda são pouco vistas nas reuniões de gerentes e diretores.
Na alta cúpula então... são aves rarae.
Trabalhando na
Administração Pública desde 1983 posso atestar que as mulheres não podem sequer
ser consideradas como minoria. Mesmo com o advento dos concursos públicos para
admissão, os altos cargos de confiança (e até os médios também) ainda estão “reservados”
para o sexo masculino. As mulheres são muito poucas, mesmo.
As legítimas pressões da
sociedade, desde muito tempo, estão presentes pelas vias mais diversas – Associações, ONGs, sindicatos
e outros –e percebe-se um esforço das empresas nesse sentido. Mas é tudo muito
lento.
Tenho o tema sempre
presente nas minhas preocupações como executivo e observador privilegiado do mundo corporativo. E tenho a consciência que consegui,
sempre que viável, colocar mulheres para ocupar cargos executivos sob minha
direção. Mas confesso que não atingi uma cota que julgasse satisfatória. Embora
procurasse razões e justificativas não as encontrei.
Eis que me deparei com um artigo do
renomado colunista da Folha de São Paulo, Hélio Schwartsman intitulado “Incompetência
masculina”. No texto o jornalista defende uma tese esposada pelo psicólogo
Tomas Chamorro-Premuzic (University College London e
Columbia) no seu livro “Why Do So Many Incompetent Men Become Leaders?”
(Por que tantos homens incompetentes se tornam líderes?).
Schwartsman destaca do livro em tela o
seguinte resumo defendido pelo autor: ”O argumento do livro é simples. Há poucas mulheres
em posição de poder porque os critérios que usamos para escolher líderes estão
errados. Se os corrigirmos, a proporção de mulheres crescerá rapidamente, e as
empresas se tornarão melhores.
E justifica registrando que a
responsabilidade da discriminação às mulheres em cargos de gerência e direção advém
dos critérios que as empresas utilizam para selecionar suas lideranças. Tais
critérios, segundo o autor, promovem e preenchem os cargos de alta direção com
homens de traços narcisistas e psicopatas/sociopatas que tornam tóxicos os ambientes
corporativos. Tem mais! O livro informa ainda que “O sistema de contratação nas empresas não percebe essa falha
porque candidatos narcisistas e psicopatas (categorias em que há notável
predomínio masculino) tendem a ser carismáticos e charmosos e saem-se
especialmente bem em entrevistas, que são uma das principais ferramentas de
recrutamento dos RHs.”
E agora? O que fazer para corrigir essa,
digamos, falha (monumental) do sistema? O Dr. Tomas Chamorro-Premuzic dá uma sugestão: as corporações devem
modificar seus conceitos que favorecem aqueles candidatos carismáticos e sedutores narcisistas-sociopatas e buscar líderes entre pessoas com alto grau de inteligência
emocional.
Nesse ponto o autor, que fundamenta seu
livro em trabalhos científicos, faz uma conclusão meio forçada (a meu ver). Diz
ele que se o recrutamento adotar essa nova postura as mulheres serão
naturalmente (?) favorecidas porque são elas que estão, em maioria, no grupo “com
alto grau de inteligência emocional”.
Acho que o argumento tem seu valor quando
aponta que as escolhas nos recrutamentos dos RHs “privilegiam” - é fato - os perfis cativantes, extrovertidos, magnéticos
e sociáveis.
Vamos concordar que nesses campos os homens, por serem mais agressivos em seus
contatos corporativos, tendem a levar vantagem sobre o charme e outros
atributos femininos; ainda mais partindo do princípio de que o sistema já está
pervertido pelos usos e costumes. Vira um “jogo de cartas marcadas”.
Torço para que algo seja feito no sentido
de aumentar de forma expressiva e massiva a presença das mulheres nos comandos das
organizações. Sou daqueles que considera – no atual status quo do mundo
corporativo – que as mulheres realmente dominam melhor as ferramentas da IE (Inteligência
Emocional). E cada vez mais é exigido que os lideres tenham essa competência
como dominante em seus modi
operandi.
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