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domingo, 28 de fevereiro de 2021

Generosidade Corporativa. Pratique-a todos os dias.

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N
ão conheço melhor símbolo da generosidade corporativa do que a imagem dos "Três  Mosqueteiros" baseada no clássico de Alexandre Dumas, pai. "Um por todos, todos por um" como sabem é um lema eterno da amizade e do apoio de um time a qualquer um do grupo que esteja em dificuldades.

É disso que trata o excelente artigo que encontrei no site "Vida Útil - Carreira" da revista Época. "Seja generoso e ajude a si próprio" é o título que os autores da matéria escolheram e não poderia ter sido com maior propriedade.

Creio que posso falar a respeito pela minha própria experiência como executivo em várias fases da minha carreira até chegar à diretoria e outras altas funções de algumas organizações da Administração Pública. 

Sempre e até por formação de caráter liderei equipes com o propósito pessoal de passar experiências, formar novos valores e auxiliar na progressão de quem estivesse interessado. Cuidar para manter o grupo coeso e irmanado.

Não são poucos, dos meus ex-colegas e colaboradores, que reconheceram a minha participação direta na ascensão profissional que experimentaram em suas carreiras. Acredito nisso. Acredito que é missão de quem chega a uma posição de comando ser um propulsor de carreiras, um formador de caráter para seus subordinados seja pelo exemplo, ou seja, como mentor.

É fato que essa não é a regra comum. São poucos os gerentes que se preocupem ou ocupem seus momentos de trabalho para orientar em forma de instrução seus subordinados em meio ao turbilhão de coisas que se movimentam no cotidiano de um ambiente corporativo. Há que gostar de fazê-lo, ter o espírito generoso e a humildade necessária para, ensinar, explicar e habilitar sem parecer pedante ou arrogante. Como devem perceber não é um encargo que se execute com facilidade ou com pouca importância.

Nunca me arrependi desse comportamento principalmente porque foram muitos os mestres, conselheiros e guias que me ajudaram na trajetória positiva que consegui percorrer na vida profissional. 

Apesar de ser um texto longo (afinal é de uma matéria de revista) recomendo a todos que por aqui passam que leiam o artigo na sua integralidade, mas principalmente reflitam se estão praticando essa generosidade com os colegas, auxiliares e colaboradores. Em qualquer posição que ocupem dentro de uma corporação sempre vão haver oportunidades de passar experiências, vivências e ensinamentos; de ser generoso. 


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Seja generoso e ajude a si próprio

Ao compartilhar conhecimento com inteligência, você ganha influência, produz talento, cria imagem de craque e ganha torcida  

(Autores: MARCOS CORONATO, COM ALINE IMERCIO E THAIS LAZZERI)
 
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É provável que Victoria também se comporte dessa forma no futuro, quando assumir o papel de mentora de outros jovens profissionais. Ninguém duvida que seja ótimo trabalhar com gente assim, e toda organização afirma querer, em seus quadros, profissionais que ajam pelo bem da equipe. Mas cada um tem direito a uma ampla margem de dúvida: vale a pena gastar tempo ajudando os outros, num ambiente tão frequentemente agressivo, competitivo e excludente como o mercado de trabalho? Tem sentido compartilhar com os outros recursos tão escassos e valiosos na vida profissional, como ideias, conhecimento, atenção, contatos, crédito e oportunidades? Não seria mais esperto tentar obter mais desses recursos e guardá-los para si?

Seja generoso e ajude a si próprio (Foto: Marcos Lopes/ÉPOCA)Uma resposta surpreendente a essas dúvidas vem sendo oferecida pelo americano Adam Grant, Ph.D. em psicologia e professor na escola de negócios da Universidade da Pensilvânia. Ele afirma que a atitude generosa na vida profissional é a que oferece resultados mais extremos – por isso, se colocada em prática da maneira certa, é a mais indicada para quem quer o máximo de satisfação profissional (entenda-se aqui satisfação como conseguir o que se deseja, não necessariamente o salário mais alto). “Entre vendedores, engenheiros, médicos, os mais inclinados a ajudar os outros são também os que têm maior chance de falhar dramaticamente ou atingir enorme sucesso. Então, a questão a responder é: o que fazem os generosos que chegam ao topo?”, diz Grant. “O mais eficiente é ser altruísta, mas de maneira que não sacrifique nossos próprios objetivos e ambições.” O pesquisador se apoia em dezenas de estudos feitos desde os anos 1960 com grupos profissionais diversos, como arquitetos, executivos, professores e vendedores. Todos tratam das relações entre egoísmo e altruísmo, sucesso e fracasso. Foram feitos de forma independente uns dos outros, mas Grant extraiu deles uma visão coerente e singular.

O psicólogo imagina um espectro com diferentes comportamentos em relação a dar e receber recursos valiosos no trabalho, como ideias e contatos. Num extremo do espectro imaginado por Grant está o doador generoso desses recursos – o profissional que compartilha sem esperar nenhum pagamento ou vantagem imediata com isso. No outro extremo, situa-se o fominha devorador de recursos, o profissional agressivo que tenta doar o mínimo possível e extrair dos outros o máximo de vantagens. Entre os dois extremos, espalha-se a maioria das pessoas.

O senso comum diria que a ponta do espectro ocupada pelos fominhas agrupa também os mais bem-sucedidos, os gênios solitários e os fora de série. Afinal, o sujeito agressivo e ambicioso, quando mostra também competência, viraria um tipo de pistoleiro de sua área, capaz de infundir admiração entre os chefes e terror no coração dos oponentes. O senso comum diria também que o povo na metade mais generosa da régua, embora seja o mais agradável de conviver, não consegue resultados impressionantes. Essa turma do meio-termo seria bem representada por aquele colega simpaticão, benquisto por todos, que não é demitido mas tampouco brilha pelo desempenho. Grant discorda dessas crenças e oferece pesquisas para confrontá-las.

Ricardo Padovani (Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA)
 

O psicólogo afirma que o comportamento predominante no mercado de trabalho não é fominha nem generoso, e sim o intermediário – o profissional que tenta ser justo, mas desconfia de quem não conhece e se preocupa principalmente em não fazer papel de otário. Essa forma de agir segue a regra do toma lá dá cá, ou seja, oferece um favor e quer receber outro em troca. Trata-se de um padrão de comportamento de baixo risco, que também oferece baixo retorno. O profissional desse tipo dificilmente brilhará ou fracassará pela forma como interage com outros. Grant reconhece que a ponta da régua ocupada por fominhas inclui, sim, gente que se dá bem, mas não abriga a maior parte dos extraordinários. Isso porque o comportamento agressivo não seria a estratégia profissional mais ousada. O mais surpreendente, na proposta de Grant, é sua visão radical da generosidade. Ele acredita que os doadores contumazes de recursos seguem a mais arriscada de todas as estratégias. Eles seriam os verdadeiros caubóis, desbravadores de um território obscuro. Por seguirem um comportamento de alto risco, obtêm resultados extremos de fracasso e sucesso. Grant detalha a tese no livro Give and take (ainda sem título em português, a ser publicado no Brasil em março, pela Editora Sextante).
A generosidade  (Foto: Ilustração: Ricardo Cammarota)
A obra impressiona quem estuda o tema. “Acho essa abordagem original. Gosto porque não trata de um generoso perfeito nem bonzinho, e sim de um generoso que tem de saber dizer ‘não’  e precisa ser muito produtivo”, diz a orientadora de executivos e especialista em treinamento profissional Flávia Lippi. Grant passa ao largo de qualquer bom-mocismo e psicanálise. O autor dedica pouco espaço à tentativa de compreensão da origem desses comportamentos e prefere estudar as consequências deles. “Os doadores bem-sucedidos são tão ambiciosos quanto os fominhas e os toma lá dá cá. Eles apenas têm um jeito diferente de perseguir seus objetivos”, afirma. Trata-se de uma visão de mundo atraente. Todos queremos que os generosos triunfem. Mas será realidade?

A literatura de administração de empresas concordará alegremente. Do ponto de vista da maioria das organizações, é ótimo que os funcionários sejam ambiciosos e, ao mesmo tempo, generosos uns com os outros. Allan Cohen, professor na Babson College, e David Bradford, professor na Universidade Stanford, são autoridades na compreensão sobre como funciona a influência. Perceberam que os indivíduos mais influentes, mesmo sem autoridade formal, são os que têm objetivos claros, conhecem os recursos de que dispõem e sabem oferecer esses recursos aos outros quando necessário – apenas outra forma de descrever o generoso bem-sucedido de Grant. As mais recentes mudanças no comportamento das organizações valorizam a colaboração. Fala-se hoje em economia da reputação (que atribui alto valor à imagem de indivíduos, organizações e países), em “coopetição” (que mistura cooperação e competição, dado o alto grau de interconexão de profissionais e mercados) e em inovação aberta (que alerta as organizações e seus profissionais para a necessidade de contar com as mentes brilhantes que estão fora dos limites da empresa). Todas essas teses combinam-se, facilmente, com o elogio da generosidade. Algo se perde, porém, entre a teoria e a prática diária nas empresas.

Ao se apresentar ao mercado, os profissionais hesitam em descrever-se como generosos e bons de trabalhar em equipe. A maioria ainda crê que é melhor negócio passar a imagem de pistoleiro solitário. Entre as palavras e expressões mais usadas pelos profissionais brasileiros para se descrever em 2013 na rede social LinkedIn, dedicada a contatos de trabalho, encontram-se “responsável”, “estratégico”, “criativo”, “inovador”, “competitivo” e a esquisita “organizacional” – nenhuma que tenha claramente a ver com a habilidade de doar-se ao grupo. Nos Estados Unidos  com alto desemprego, nota-se um empenho do profissional em mostrar-se apto para tipos variados de vagas – o americano se descreve como “adaptável”, “em aprendizado contínuo” e “flexível”. Um segundo grupo de palavras e expressões preferidas no ano passado inclui “ambicioso”, “competitivo” e “altamente competitivo”. Nada que sugira valorização da generosidade. “A visão de Grant tem sentido, atende a um anseio e é uma tendência”, afirma Mara Turolla, executiva com 30 anos de experiência em recursos humanos e diretora na consultoria Career Center. “Mas não sabemos se já é uma realidade. E, em períodos de crise, as empresas procuram os profissionais mais agressivos, que buscam resultado no curto prazo.”
 
CRISTINA LEIRO (Foto: Filipe Redondo/ÉPOCA)

Nem é preciso recorrer a esse ceticismo saudável para entender o fracasso de grande parte dos generosos. Quem se doa de forma caótica perde o rumo e a concentração, ao atender a pedidos de favores aleatórios (“Você pode me ajudar a revisar estes números, por favor?”). Ao dividir sua atenção e seus esforços, o doador passa a ser visto como gentil, um auxiliador trivial sempre à disposição, e não como um especialista a consultar em momentos decisivos. Pior: o desprendimento tende a atrair fominhas. Eles sentem de longe o cheiro da vantagem fácil e aproximam-se para arrancar favores. No fim do massacre, o generoso esgotado afunda, sem ter conseguido fazer o que gostaria. Esse não é, porém, um destino inescapável para o generoso. Grant descreve vários caminhos pelos quais um doador organizado pode chegar aos níveis mais altos de sucesso e satisfação profissional. “O primeiro passo do generoso bem-sucedido é perceber que não conseguirá ajudar a todos, com todos os pedidos, o tempo todo”, diz. “Ele reflete sobre quem, como e quando ajudar.”

Ao escolher bem como doar e para quem, o generoso organizado consolida a imagem de profundo conhecedor de um tema ou craque na superação de um tipo de desafio. Com o tempo, essa imagem transpõe os limites do trabalho atual – o generoso é beneficiário direto da atual fluidez da informação (enquanto o fominha é prejudicado por ela). Quanto mais regular for a doação, mais o generoso se obrigará a ser produtivo, concentrado e conhecedor do que fala – “generosidade é uma forma de agir que se treina e se aprimora com a prática”, diz a coach Flávia Lippi.

O doador eficiente forma a seu redor uma rede firme de contatos e aliados – gente disposta a retribuir favores, a passar favores adiante e que torce por seu sucesso. Quem é generoso com os outros ajuda a si próprio. Enquanto outros chefes preocupam-se em identificar jovens promissores para depois atraí-los, o generoso vê em cada novato uma promessa  e investe nele. Isso aumenta enormemente as possibilidades de que esse novato se torne muito competente. No fim das contas, é mais produtivo semear talento a seu redor do que tentar importá-lo. “É um receio meio ingênuo o profissional achar que será ultrapassado se ensinar o novato. Quem compartilha atrai gente talentosa”, diz Denys Monteiro, diretor presidente da consultoria de recursos humanos Fesa. Além disso tudo, o generoso exercita regularmente músculos úteis ao cotidiano de trabalho – ele pensa no longo prazo e coloca-se facilmente no lugar do outro, seja um cliente poderoso, seja o estagiário.

  
Três formas de interagir (Foto: ÉPOCA)
  

KLEUBER MATTA  (Foto: Celso Junior/ÉPOCA)
  
Como a generosidade funciona (Foto: Ilustração: Ricardo Cammarota)



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