Continuo publicando as dicas
de português de acordo com as dúvidas que me aparecem quando estou
escrevendo. A minha motivação é saber que este é um dos temas mais acessados no blog e isso me sinaliza a curiosidade e a vontade dos visitantes e amigos da Oficina de Gerência de aprender a sair dessas pequenas armadilhas que o idioma coloca em nossos
textos.
Depois que passei a desenvolver o meu projeto na Oficina de
Gerência fui obrigado a me preocupar muito mais do que já o fazia antes, com o
"escrever corretamente". E confiar apenas nos corretores ortográficos
dos "words da vida" é uma tremenda "roubada". Tive que
meter a mão na massa e aumentar o meu nível de conhecimento de nossa gramática.
Por dever de ofício já tinha esse cuidado, pois estava sempre
escrevendo relatórios, apresentações, pareceres e tudo o mais que uma função
executiva exige. Mesmo assim percebi - após começar a escrever para o blog -
como ainda era pobre a minha escrita e comunicação! Ainda é, mas tenho
consciência de que melhorou muito. Por conta dessa experiência foi que
introduzi a seção "Dicas de Português" na Oficina de Gerência.
Posso afirmar que, mesmo antes do blog, minha carreira foi mais
impulsionada porque tinha um bom vocabulário e um nível de conhecimento em
gramática que estava acima da média (baixa) da maioria dos meus
"concorrentes". Naquela época, como hoje, a fonte maior do meu aprendizado
foi a leitura. E por leitura quero dizer tudo: jornais, revistas inclusive os
quadrinhos, livros e claro, a internet.
Desde então venho aconselhando os leitores - principalmente os
mais jovens - para que se dediquem com muita determinação a conhecer a língua
portuguesa. Observem, por exemplo, como a falta de uma boa redação tem excluído
dos vestibulares, concursos e entrevistas de emprego centenas de candidatos.
No mundo corporativo é assim também. Um gerente responsável e
cuidadoso normalmente não promove colaboradores que não saibam se expressar com
correção. E atenção, é verdadeiro o aforismo que ensina: “Quem não sabe
escrever não sabe falar também”.
Não saber expressar seus pensamentos por meio de um texto correto
e compreensível é uma enorme limitação pessoal que pode ser vencida pelo
esforço pessoal em querer aprender. É fiquem sabendo que é um aprendizado
infinito. Quem achar que já sabe está "morto".
Saber aplicar corretamente quando usar o “que” ou o “quê” é uma
das grandes dificuldades que nós, os “ escribas amadores”, encontramos aos
nos defrontarmos com uma frese que os exija.
Quando devemos usar o pronome
"que" ou a expressão "quê"? Essa diferença de um simples
acento circunflexo já deixou muita gente constrangida. Parece fácil, depois que
a gente aprende, mas se vocês não sabem leiam o texto abaixo e quem já sabe não custa
nada reler.
Este post foi originalmente
publicado na Oficina de Gerência em 02/03/2013. É um dos mais visitados no blog
com 65.000 acessos e 10 comentários.
Muito embora existam inúmeros
sites e blogs que tratam do mesmo assunto o texto (abaixo) que utilizei no post,
como apoio ao meu comentário, foi transcrito do site "Recanto das
Letras". Em função das muitas duvidas suscitadas nos
"comentários" resolvi dar uma repaginada no post, inclusive
trocando o site que ilustra o texto, pois o anterior já havia "saído do
ar".
Quero informar aos leitores que
prestigiam o blog que não sou especialista em gramática da língua
portuguesa, apenas busco a partir das minhas próprias dúvidas compartilhar às
consultas que faço nos sites que pesquiso para elucidá-las. Assim sendo, não ouso
responder a perguntas que os leitores colocam nos comentários. As respostas
estarão sempre disponíveis nos próprios posts e nos sites de busca da internet.
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QUE ou QUÊ?
_________________________
A palavra [que] possui várias faces, isto é, várias
classificações: é pronome, conjunção, substantivo, advérbio, preposição,
partícula expletiva. Não é sem razão, dizermos que ela é uma espécie de Bombril
da frase.
Em termos práticos, [que] é acentuado quando monossílabo tônico.
E não é acentuado quando átono. No entanto, em determinados casos, há certa
dificuldade em distinguir o tônico do átono. Portanto, vamos ver os casos em
que ocorre o acento ou não.
QUÊ SERÁ ACENTUADO
1. Quando for Substantivo,
ou seja, quando tiver o sentido de alguma coisa, qualquer coisa, certa coisa.
Geralmente é precedido de um artigo ou numeral: Sinto um quê de insatisfação.
● Encontrei onze quês numa só frase.
● Há um quê inexplicável em sua atitude.
2. Quando for Interjeição,
ou seja, quando designa espanto ou exprime sentimento. Sempre acentuado e
seguido de ponto de exclamação: Quê! Conseguiu chegar a tempo? / Quê! Você por aqui?
Observação: Como interjeição, usa-se também a
variante o quê: O quê! Ela fez isso?!
3. Quando O Encontramos em Final de Frase, imediatamente antes
de um ponto (final, de interrogação ou exclamação) ou de reticências:
● Afinal veio aqui fazer o quê? / Você precisa de quê?
● Estamos rindo sem ter de quê.
4. Na expressão: sem quê nem para quê:
● Ele, sem quê nem para quê, se
irritou com todos.
QUE NÃO SERÁ ACENTUADO QUANDO FOR:
1. Pronome substantivo indefinido ou interrogativo, ou seja,
quando equivale a que coisa. Substitui um substantivo:
● Que (que coisa) aconteceu com ele? / Que (que coisa) aconteceu?
2. Pronome adjetivo, ou seja, quando acompanha o substantivo:
● Que escola frequenta? / Que horas são? / Que ideia maluca!
3. Advérbio, ou seja, quando equivale a [quão]. Liga-se a um
adjetivo ou advérbio: Os vestidos! Que benfeitos! / Que longe é o sítio!
● Que bom vê-la novamente!
4. Preposição, ou seja, quando equivale a [de], ou quando liga
dois verbos de uma locução verbal cujo auxiliar é ter:
● Primeiro que (de) tudo é preciso verificar a
gasolina.
● Tenho que (de) chegar cedo ao escritório.
5. Partícula de Realce (expletiva), neste caso, é usada somente
para dar realce. Pode ser retirado da frase, sem que provoque alterações de
sentido ou de função dos elementos da oração:
● Quase que não vou trabalhar hoje.
Quase não vou trabalhar hoje.
6. Conjunção Coordenativa, ou seja, quando liga orações
sintaticamente independentes. Equivale a [e], nas aditivas; [mas, portanto],
nas adversativas; [porque, portanto], nas explicativas; ou... ou, nas
alternativas:
● As árvores balançam que (e) balançam.
● Culpe-os, que (mas, porém) não a mim.
● Volte logo, que (porque) está começando a chover.
● Que chova, que faça sol, irei à praia.
► Como Pronome Relativo e Conjunção Subordinada, a palavra [que]
também não é acentuada. Deixo de mostrá-los aqui, devido ao grande número de
casos. Mesmo porque, fora os casos iniciais a palavra [que] não é acentuada. ®Sérgio.
Para acessar os Exercícios com Gabarito, clique aqui.
Referências: ALMEIDA, N.M. - Dicionário de questões vernáculas. São Paulo, Ed. "Caminho Suave" Ltda., 1981. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1996.
Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário.
Se você encontrar omissões e /ou erros (inclusive de português), relate-me.
Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 04/04/2008
Reeditado em 15/08/2010
Reeditado em 15/08/2010
wallew, as dicas amigo!!!!
ResponderExcluirDúvida esclarecida. Muito obrigada!
ResponderExcluirBigaduuu
ResponderExcluirNa frase: "Do que, para constar, lavrei o presente termo". Esse "que" leva acento?
ResponderExcluirGrato por sua visita. Sua resposta:
ExcluirQuando, então, o vocábulo que será acentuado? Somente em três situações:
1- Quando for antecedido do artigo indefinido um:
• Aquela menina tem um quê de mistério.
Quando isso ocorrer, a junção um quê significará algo, alguma coisa: Aquela menina tem algo de mistério.
2- Quando for interjeição. Isso ocorrerá em indicação de surpresa, de espanto, de dúvida:
• Quê? Ela falou isso a você?
3- Quando for pronome interrogativo e estiver em final de frase:
• Você não me telefonou por quê?
• Você está rindo de quê?
• Você está aqui para quê?
Clique no link a seguir: http://dilsoncatarino.blogspot.com.br/2008/11/qu-com-acento.html
muito útil
ResponderExcluirUma dúvida: Ainda tem acento se inverter a frase?
ResponderExcluirEx: Você tem medo de quê? >> De que você tem medo?
Obrigada pelas dicas. Super valeu!!!
ResponderExcluirQuando usar "de que"? Ex.: Essa versão foi descartada pelo motivo de que Eduardo Cunha não teria por que querer anular o processo." Está correto o "de que" da frase?
ResponderExcluirNa frase: "Você vai fazer o que(ê), Meu Deus?"
ResponderExcluirqual "que" deve ser usado, com acento ou sem acento? Pela sua orientação, seguido de vírgula não iria, mas você entende que o "Meu Deus" está apenas deslocado? Aguardo sua orientação. Meu professor disse que é sem acento pela regra do "final de frase", mas não vejo lógica nisso. Por favor, esclareça-me.
Caro Anônimo, exatamente em função da sua pergunta voltei ao post (2013) e dei uma repaginada nele, inclusive trazendo-o para hoje. A resposta para sua dúvida está embutida no texto. Como não sou especialista em gramática, mas meramente um curioso que compartilha suas pesquisas no tema com os leitores do blog, peço vênia para não lhe responder diretamente.
ExcluirFico muito grato por sua visita à Oficina de Gerência e por registrar um comentário no blog. Volte sempre.
Vim aqui justamente com essa dúvida, pois geralmente utilizo com o acento devido o artigo "o" que o antecede igual a regra utilizada nos "porquês"... Mas é apenas especulação minha.
ResponderExcluirVocê tá assistindo o "que" leva acento?
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