Por Herbert Drummond |
ste é um tema que conheço bem. Parar de fumar. Vi ontem no Fantástico o programa inicial da nova campanha que a Rede Globo está levando a efeito sob o título Brasil Sem Cigarro e o objetivo de contribuir com a diminuição do flagelo que é o tabagismo.
Assisti
com atenção o celebrado Dr. Dráuzio Varela conduzir os 10 minutos do programa (asista vídeo ao final do post)
esgrimindo informações sobre as mazelas do cigarro e passando algumas dicas
sobre como parar com o vício.
Ao
final escolheu três "voluntários" convidados a parar de fumar até o
dia 13 de novembro (próximo domingo). Sinceramente não gostei muito do material
que a Globo produziu. Achei que foi tratado de forma muito digamos... fashion
para abordar uma questão tão dramática como o vício do cigarro. A coisa é mais séria do que o que a Globo colocou, mas com a força da mídia deve obter bons resultados contra a calamidade que representa o vício do cigarro nos ambientes e camadas sociais. A campanha é positiva e conta com a credibilidade do Dr. Dráuzio que não é pouca e nem pequena.
Eu
tenho minha própria experiência pessoal. Darei esse depoimento com base nela como uma espécie de contribuição à causa.
Comecei a fumar ainda garoto com mais ou menos 14/15 anos. Recordo-me bem dos primeiros cigarros. Coisa horrorosa! Fiquei tonto, gosto ruim na boca e com vontade de vomitar. Naquela época (lá pelos anos 60) fumar era um ato de afirmação para adolescentes. As garotas admiravam os meninos que fumavam e nos filmes que assistíamos os grandes personagens - mocinhos ou vilões - fumavam muito e com muito charme, saboreando a fumaça. Era tão... inofensivo. Fumar era marca de macho, de fortaleza, de superioridade e de elegância. Lembro-me perfeitamente dessas sensações.
Comecei a fumar ainda garoto com mais ou menos 14/15 anos. Recordo-me bem dos primeiros cigarros. Coisa horrorosa! Fiquei tonto, gosto ruim na boca e com vontade de vomitar. Naquela época (lá pelos anos 60) fumar era um ato de afirmação para adolescentes. As garotas admiravam os meninos que fumavam e nos filmes que assistíamos os grandes personagens - mocinhos ou vilões - fumavam muito e com muito charme, saboreando a fumaça. Era tão... inofensivo. Fumar era marca de macho, de fortaleza, de superioridade e de elegância. Lembro-me perfeitamente dessas sensações.
Depois
dessa fase - cigarros roubados dos pais, porque quase todos os pais também
fumavam - passei a comprar. Sempre os cigarros mais baratos e obviamente
aqueles com mais nicotina porque o dinheiro também era surrupiado de casa. Não
existia mesada naqueles tempos. Comprava-se cigarro "a retalho", ou
seja, por unidade. Fumava-se escondido, claro.
Ainda
lembro quando meu pai descobriu que eu fumava. Morri de mêdo, mas não me lembro
de ter recebido nenhuma punição. Ele não ficou satisfeito. Apenas me disse que eu teria que
"sustentar meu vício", ou seja, teria que comprar cigarros com meu
dinheiro. Foi mais ou menos o tempo que comecei a trabalhar ai pelos 16/17
anos e não tive dificuldades quanto a isso. Passei a comprar meus próprios cigarros. Sensação de independência plena...
Fumei pelos seguintes 25 anos e dei uma parada. Já casado, meus filhos eram pequenos e reclamavam muito
do cheiro de cigarro nas minhas roupas e no meu corpo. Consegui ficar uns seis
anos sem fumar e de forma imbecil retornei ao vício. E voltei da forma mais
cretina e conhecida. Fumei um "cigarrinho" (é sempre no diminutivo)
só para fazer companhia a um grupo de colegas de trabalho. Resultado: voltei a
comprar cigarros e a fumar diuturnamente. E mais compulsivamente também.
Parece
incrível, mas cheguei a fumar de três a quatro maços de cigarros por dia. Nem
sei como fui capaz porque racionalmente nem dá tempo físico para um consumo tão
absurdo. Enfim, eu mal conseguia respirar. Não tive nenhuma doença mais grave à qual estava sujeito
como enfisema nos pulmões, impotência sexual, trombose vascular ou redução da
capacidade de aprendizado e memorização. Todavia estava sempre com
bronquite, rinite alérgica e infecções respiratórias. Mal falava por conta
do pigarro permanente. Foi ai que resolvi de "livre e espontânea
vontade" largar o cigarro. Chamei de "Projeto 70 anos" e conclui que queria chegar aos setentinha com saúde e se continuasse a fumar nem sei se chegaria lá.
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A
primeira coisa que fiz, após tomar a resolução, foi criar uma visualização mental. Não acreditava em remédios ou tratamentos do tipo adesivos ou semelhantes. Em determinado dia me
recolhi a um local reservado e mentalizei a mim mesmo vivendo dez anos depois
sem ter parado de fumar. O que "vi" não foi nada agradável. Doente,
cardíaco, com enfisema, câncer de pulmão ou laringe, impotente sexual e com úlcera no aparelho digestivo... Que tal esse quadro? Na verdade eu me senti morrendo (Isso
mesmo!) com muito sofrimento por causa do cigarro. Foram pelo menos de duas a
três horas de mentalização e quando terminei estava resolvido, determinado.
Já
tinha a experiência anterior de haver parado por seis anos e direi que ela foi de
grande ajuda. Só que agora - quer dizer na época - a resolução era para a vida
toda.
Meu método foi quase o mesmo preconizado domingo passado pelo Dr. Dráuzio (não deixe de assistir ao vídeo). Marquei data. Só que foi um período maior que uma semana como quer a Globo e considero que ai reside um ponto fraco no programa. Uma semana é pouco para um processo de auto-conscientização. Se bem me lembro eu estava em setembro quando me comprometi e marquei a "data fatal" para novembro (fatal para o cigarro, claro). Em seguida criei uma manobra que depois se revelou decisiva. Marquei a data para o dia do meu aniversário. E nas semanas seguintes fui criando uma expectativa e consciência positivas de só pensar nos benefícios de não ser mais um fumante. E por muitas oportunidades imaginei cenas inversas àquelas que havia "visto" quando me projetei como um ainda fumante dez anos além.
Meu método foi quase o mesmo preconizado domingo passado pelo Dr. Dráuzio (não deixe de assistir ao vídeo). Marquei data. Só que foi um período maior que uma semana como quer a Globo e considero que ai reside um ponto fraco no programa. Uma semana é pouco para um processo de auto-conscientização. Se bem me lembro eu estava em setembro quando me comprometi e marquei a "data fatal" para novembro (fatal para o cigarro, claro). Em seguida criei uma manobra que depois se revelou decisiva. Marquei a data para o dia do meu aniversário. E nas semanas seguintes fui criando uma expectativa e consciência positivas de só pensar nos benefícios de não ser mais um fumante. E por muitas oportunidades imaginei cenas inversas àquelas que havia "visto" quando me projetei como um ainda fumante dez anos além.
As
principais ferramentas que utilizei foram obviamente a força de vontade, pois sem
ela é impossível se conseguir deixar o vício e a determinação de alcançar o
objetivo; foco, para se usar uma terminologia mais atual. E água, muita água
(isso o Dr. Dráuzio também ensina no seu vídeo). Quando batia a vontade de
fumar - e nos primeiros 15 dias foram muitas vezes - "convocava" a
força de vontade, a determinação e a água. Andava com garrafinhas de água em
uma sacola e me lembro de beber tanta água que um banheiro próximo passou a
fazer parte essencial do meu dia-a-dia.
Ultrapassei
o primeiro dia, o segundo... A primeira semana, a segunda... O primeiro mês, o
segundo e o primeiro ano, o segundo... e depois fiz questão de perder
a conta na memória. Aliás, desde o início me determinei a não contar os dias
sem cigarro. Não usei essa "tecnologia" na minha primeira parada de
fumar e depois cheguei à conclusão que isso foi contraproducente. Quando vejo
alguém fazendo contas dos dias em que deixou de fumar e à vezes até as
horas concluo que essa pessoa está muito perto de voltar
ao cigarro. Só comemorei o primeiro ano porque afinal foi meu aniversário.
Depois do terceiro ou quarto ano (nem lembro mais) joguei os números para fora
da mente. Hoje, sinceramente, não sei direito qual foi o ano em que parei de
fumar. Sei o dia, mas não o ano. Com certeza são mais de dez anos ou onze. Não
quero nem saber...
As
tentações ao longo dos anos (principalmente os primeiros) foram muitas, mas resisti a todas elas sempre invocando o
"investimento" dos anos já vencidos sem o cigarro e a experiência
anterior de haver voltado a fumar por ter "apenas experimentado um
cigarrinho".
Nem
preciso falar sobre os benefícios. São todos que um fumante possa imaginar e
muito mais ainda. Tenho plena convicção que se tivesse continuado a fumar
estaria muito próximo ou pior do que aquelas imagens que visualizei muitos anos atrás.
Esse é
o meu depoimento. Nunca entrei em detalhes sobre essa minha experiência pessoal
ou fiz proselitismo contra o tabagismo. Me propus a não ser "um ex-fumante chato", mas agora com o programa do Dr. Dráuzio
no Fantástico achei que seria uma boa oportunidade de dar esse depoimento e procurar ajudar quem esteja determinado a encerrar a vida fumante.
Assistam
ao vídeo e quem for fumante lembre-se que é possível sim, desde que estejam
presentes a força de vontade, a determinação e principalmente... O mêdo de
morrer. Isso mesmo, mêdo de morrer!!! O cigarro mata mesmo e quem é fumante tem que ter
essa consciência. De verdade.
Pela doutrina espírita quem fuma é um suicida (consciente ou inconsciente) e vai ter que pagar esse preço nas suas trajetórias. E isso faz sentido. É só parar para pensar um pouco. A droga da nicotina é um veneno que o fumante injeta em seu organismo todas as vezes que aspira aquela fumaça.
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