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omo
blogueiro, autor de um blog pessoal e opinativo sobre questões corporativas e
atuais não poderia calar a respeito de um tema tão momentoso e palpitante como
a "Invasão da USP" por um grupo de estudantes que é uma fração dos
milhares de alunos que fazem parte do chamado corpo discente da universidade.
Esperei
todos esses dias para emitir minha opinião de brasileiro. O mínimo que
posso dizer dessa "invasão" é que foi um dos mais bem acabados
exemplos que conheço da "Marcha da Insensatez".
Não levarei em consideração nesse texto quaisquer outras questões paralelas como, por exemplo, as insatisfações que possam existir no seio da USP entre os estudantes e o Reitor e sua diretoria. Me atrelarei tão somente aos fatos publicados na mídia sobre a invasão e suas decorrências.
Não levarei em consideração nesse texto quaisquer outras questões paralelas como, por exemplo, as insatisfações que possam existir no seio da USP entre os estudantes e o Reitor e sua diretoria. Me atrelarei tão somente aos fatos publicados na mídia sobre a invasão e suas decorrências.
Como é
sabido os "estudantes" da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP resolveram criar um caso com a
polícia militar de São Paulo que legitimamente deteve três estudantes que
estavam fumando maconha no campus da universidade. A PM simplesmente cumpriu
seu dever.
A
partir dai os "estudantes" se armaram de um falso corporativismo
(um dos piores flagelos que assolam as comunidades e o mundo das corporações) e
invadiram a reitoria da USP. O resto da história é mais que conhecido, pois
polui o noticiário dos principais jornais e revistas do país há muitas semanas.
Demorou muito, mas os estudantes que também
são alunos da USP (maioria) e não concordam com os "revoltados"
(minoria) enfim se manifestaram em pesquisa contra o ato leviano, exagerado, extravagante e
temerário dos colegas que resolveram - sabe-se lá sob que pajelanças
dos seus falsos líderes - assumirem posições e atitudes delirantes e
desatinadas sem qualquer apoiamento da opinião pública e da sociedade em que
vivem.
Sabe qual foi a sensação que tive e
certamente foi a mesma que milhões de outros brasileiros que acompanharam os desvarios
daquela turma? Vergonha! Sim, senti vergonha por aqueles estudantes. Foram os alunos de uma das
maiores universidades da América Latina que esconderam seus rostos da mesma
forma que os traficantes dos morros cariocas e dos presidiários que de vez em
quando se revoltam nos presídios. E para que? Para defender pessoas (colegas de corporação) que foram
detidas porque cometiam um crime em lugar público. Em consequência os “revoltosos”
pediam à Reitoria que impedisse a PM de entrar no campus da própria universidade
em que estudam deixando-a à mercê dos criminosos e da insegurança. Um desatino
sob qualquer prisma que se observe.
Tudo
que aconteceu depois da invasão da
reitoria é plena responsabilidade dos estudantes que a levaram a cabo.
Suas
prisões e responsabilização foram consequências de seus atos estabanados
e
desorientados. Rebeldes sem causa legítima para lutar por ela escondidos
por trás de suas máscaras e principalmente de suas pretensas
juventudes.
Apenas expuseram
suas deficiências intelectuais e sua imensa ignorância sobre o certo e o errado
ao escolherem uma bandeira equivocada para defender. Que
paguem as contas de suas irresponsabilidades. Aprenderão a escolher com mais inteligências suas futuras lutas e suas lideranças.
Aproveitei os gráficos publicados hoje (13/11/2011) na
Folha de São Paulo que resumem a pesquisa feita pelo Datafolha dando conta do
que já se sabia. A maioria dos alunos da USP é contra o movimento dos "invasores
da Reitoria" e sim, querem manter a Polícia Militar fazendo seu trabalho
no campus da universidade. A
atitude óbvia e equilibrada de pessoas normais e sensatas. Será que os rebeldes são também anti-democráticos?
No final o que sobrou foi a sensação desconcertante da perda de energia preciosa, porquanto vinda de jovens estudantes
que são – ou pelo menos deveriam ser - parte da elite mais distinta e especial
que temos em nossa sociedade.
Uma lástima que deixou perplexa e
principalmente desesperançada com seus futuros líderes a opinião publica esclarecida do país inteiro.
Leiam
abaixo uma excelente análise que a Folha de São Paulo, em nível de
Editorial, publicou hoje (13/11/2011) sobre a questão da invasão da USP.
crise na USP
Conflito na universidade é sintoma de crise democrática
Distanciamento dos canais tradicionais de participação política é preocupante
MAURO PAULINO
ALESSANDRO JANONI
DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA
Se na USP, berço da classe média, a falta de canais adequados para a
participação dos jovens tomou ESSa proporção, é preocupante o cenário
que se projeta para a maioria do segmento, alocada principalmente nas
franjas da cidade
A manifestação recente de estudantes da USP não é a brincadeira de
criança que se tenta desenhar. Não se restringe ao debate sobre
legalização das drogas ou estratégias de segurança pública. É um sintoma
sério de crise democrática.
A exemplo do que vem acontecendo em outros países, as instituições
tradicionais de representação do modelo hegemônico de democracia se
distanciam da população, em especial dos jovens.
Cada vez mais os jovens se sentem menos representados por seus
representantes. Os meios formais de participação política não gozam do
prestígio de outrora. A representados, às suas necessidades e suas
eventuais bandeiras, sobram frustrações.
Nos últimos anos, sinais dessa crise de representação foram observados em diversos estudos.
O Datafolha, por exemplo, em várias ocasiões tratou exclusivamente do
segmento, tanto em pesquisas de mercado quanto em trabalhos de opinião
pública.
Em 2008, em levantamento nacional, o instituto fez um raio X do jovem
brasileiro, que, segundo os resultados, mesmo com acesso à informação
por meio de múltiplas plataformas, não se via atendido em demandas
básicas, como a inclusão no mercado de trabalho, educação de qualidade e
combate à violência.
No ano passado, em pesquisa feita para a agência BOX 1824, o instituto
detectou o papel da internet como arma política desse segmento em uma
mobilização que dispensa intermediários e que encontra base no grau de
identificação social entre usuários da rede em processos batizados de
microrrevoluções.
Na pesquisa DNA Paulistano, feita há três anos pelo Datafolha em parceria com a Folha justamente para mapear as demandas da população de cada bairro de São Paulo, esse diagnóstico fica ainda mais claro.
De 32 itens avaliados em cada distrito do município, políticas
específicas para o segmento jovem ficam em penúltimo lugar na matriz de
avaliação geral da cidade, com nota média 3,7, numa escala que vai de
zero a dez. Só ganha da nota atribuída à acessibilidade para deficientes
físicos (2,9).
As piores notas para políticas para jovens ficam em bairros da periferia como Brasilândia e Lajeado.
Se na USP, berço da classe média paulistana, a falta de canais adequados
para a participação dos jovens tomou a proporção que conhecemos, é
preocupante o cenário que se projeta para a maioria do segmento, alocada
principalmente nas franjas da cidade.
Se uma crise equivalente à europeia aqui se instalasse, como a polícia
reagiria a eventuais manifestações dos jovens da periferia?
Especialmente sem a mesma atenção da mídia, tão criticada pelos uspiano
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