Se
alguém pensa que o "privilégio" de ter dois chefes é algo raro está
muito, muito enganado. Pessoalmente já passei por essa desagradável experiência
algumas vezes.
Seja
nas empresas privadas ou na Administração Pública o duplo comando existe como
atitude corporativa e - infelizmente e na maioria dos casos - sem nenhum
constrangimento.
Sou
radicalmente contra esse comportamento. Sempre que posso condeno a prática e
procuro demonstrar o quanto ela é nociva para o ambiente de trabalho e para a
obtenção de resultados.
Ocorre
que o comando duplo é no mais das vezes fruto de desordem administrativa e
gerencial por parte de quem tem a responsabilidade de valorizar as estruturas
formais e as linhas de comando das próprias empresas. Costumo dizer que na
origem de tudo está o "vicio do by-pass gerencial", ou seja, um chefe
não respeita o outro e demanda serviços ou dá ordens a subordinados que não
estão sob seu comando direto; atropela o organograma e passa por cima de algum
outro líder. Já vi brigas homéricas, devastadoras, entre gerentes de vários
níveis por conta desse costume pernicioso que grassa nas organizações
contaminadas pela desordem e pelo desmazelo.
É
difícil consertar essa imperfeição nas organizações porquanto faz parte da
conduta dos seus praticantes. É um erro enorme alimentar esse procedimento
dentro das corporações e cabe ao principal executivo eliminar essa
"doença" no interior das organizações. A exceção é, obviamente,
quando o próprio presidente está contaminado. Nesse caso meu amigo, caia fora
porque vai sobrar para você...
O
artigo abaixo, escrito por Lucas Toyama, jornalista do Canal RH, aborda
exatamente essa questão.
Leia
um trecho para aguçar o seu interesse:
- [...] "O perigo é que, não raro, esses dois chefes têm características diferentes e, se não estiver preparado, o subordinado pode ficar no meio do fogo cruzado. A saída é não se descuidar da comunicação. “O profissional vai lidar com pessoas com perfis distintos e, quando a comunicação não se alinha, as chances de conflitos emergirem são grandes. Ele não vai conseguir satisfazer os dois e vai ficar insatisfeito por não ver o resultado”, explica Alexandre Prates, especialista em desenvolvimento organizacional. A insatisfação, por sua vez, pode gerar problemas para a empresa, pois o profissional pode sair em busca de novas oportunidades e a companhia corre o risco de perder um talento" [...]
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Como se reportar a dois chefes sem se queimar
por Lucas Toyama
Não
tem sido raro profissionais terem de se reportar a mais de um chefe no
trabalho. Estruturas cada vez mais horizontais e a necessidade de
respostas rápidas a um número cada vez maior de clientes internos e
externos colaboram para que a dupla chefia seja uma constante na vida de
muitos profissionais. Para quem tem de lidar com dois chefes,
comunicação é a palavra chave. É preciso jogo de cintura, resiliência,
inteligência emocional e planejamento.
Paulo Henrique Rocha |
O perigo é que, não raro, esses dois chefes têm características diferentes e, se não estiver preparado, o subordinado pode ficar no meio do fogo cruzado. A saída é não se descuidar da comunicação. “O profissional vai lidar com pessoas com perfis distintos e, quando a comunicação não se alinha, as chances de conflitos emergirem são grandes. Ele não vai conseguir satisfazer os dois e vai ficar insatisfeito por não ver o resultado”, explica Alexandre Prates, especialista em desenvolvimento organizacional. A insatisfação, por sua vez, pode gerar problemas para a empresa, pois o profissional pode sair em busca de novas oportunidades e a companhia corre o risco de perder um talento.
O fator comportamental também conta muito e o profissional precisa estar preparado para imprevistos. “Hoje em dia, fala-se muito em inteligência emocional, ou seja, o equilíbrio que os indivíduos exercem na interação com o meio no qual estão inseridos”, explica Paulo Henrique. Essa competência é de extrema importância na hora de lidar com o ego de chefes com personalidades diferentes e mostra a capacidade política, de adaptabilidade, flexibilidade, controle das emoções e postura ética do colaborador.
Planejamento e pró-atividade
Para Prates, o planejamento é uma competência básica para quem lida com esse tipo de questão. “É aquilo que nós ouvimos muito: o combinado não sai caro. Tudo o que é feito com planejamento pode ser realizado com tranquilidade, pois foi discutido anteriormente”, explica. A dica do especialista é que o profissional se reúna com os superiores para definir as ações e não deixe nenhum problema sem ser resolvido. Assim, o colaborador nunca se vê em meio a um pingue-pongue (no qual, muitas vezes, ele é a bolinha).
Outro aspecto essencial é não ter medo de ser pró-ativo. “Se o colaborador tem coragem para reunir os dois líderes e evitar que a comunicação vire um telefone sem fio, ele começa a se cercar de ações positivas”, diz Prates. Claro que imprevistos acontecem e não dá para prever tudo que pode ocorrer no decorrer de um determinado projeto. Nesses casos, sempre conversar com os dois e enviar e-mails para ambos para que ninguém fique sem saber o que está acontecendo é a melhor saída para quem quer se resguardar de problemas.
De que lado ficar?
Para não pôr a carreira em risco, o ideal é que, em situações nas quais os dois chefes fazem solicitações conflitantes, o profissional se mostre comprometido com o sucesso da organização. “Deve-se agir de forma clara com ambos os gestores, criando um equilíbrio entre as diferentes personalidades e características de gestão, além de evidenciar que não há qualquer favorecimento individual”, diz Paulo Henrique.
Caso os choques de interesses aconteçam, o profissional deve tentar fugir do fogo cruzado. “A solução mais fácil é ignorar, porque você evita o conflito e é uma maneira de se precaver. Mas não é o ideal, porque a médio prazo se torna difícil”, diz Prates. O ideal é, novamente, não descuidar da comunicação. “Tome a ação que o chefe indicar, mas não deixe de comunicar ao outro, sempre copiando todos no e-mail. Assim, você mostra que sabe o que está acontecendo, mas que precisa fazer o seu trabalho da melhor maneira possível”.
Os links e a imagem colocada no post não fazem parte do original.
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