Nenhum dos filmes ou livros de ficção de grandes autores dedicados aos espiões, à guerra fria ou o que seja pode ser comparado ao que está ocorrendo agora com o governo dos EUA.
O mundo assiste boquiaberto à perseguição que a nação mais poderosa do planeta promove a um só homem, Julian Assange, por ter ousado publicar documentos produzidos (vazados) pelos próprios norteamericanos e remetidos a ele por pessoas que fazem parte deste mesmo governo. É o máximo do non sense ou não é?
Fui procurar saber um pouco mais sobre o Wikileaks, pois confesso que não havia me interessado antes pelo site. Já tinha lido sobre ele e até o visitei, mas o achei muito chato e o deixei de lado.
Agora não! Estou muitíssimo interessado.
Principalmente porque Assange está na mira dos EUA e de outros países que querem caçá-los a todo custo. O site e o seu autor que recebeu até ameaças de morte. Está escondido nas catacumbas da democracia e do direito dos povos à informação . Não gosto disso. São os "poderosos" perseguindo quem os tenha incomodado e procurando destruí-lo por conta disso. É ato de barbárie com laivos de Gestapo, KGB, CIA e tantas outras de triste memória.
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Acho que será despertada a indignação da opinião pública internacional, partindo dos próprios norteamericanos, que conseguirá frear a sanha do governo dos EUA em encontrar Assange e calar o Wikileaks.
Entro nessa "campanha" de apoiar o direito da informação que o Wikileaks se propõe a produzir. E o faço a partir de um principio baseado no pensamento, que li e defendo há muitos e muitos e muitos anos, atribuído a Andre Gide - que não vai entre aspas porque reproduzo apenas o sentido: - Não sei onde fica a cidade mais distante e pobre da Sibéria, mas se me proibirem de ir lá vou querer conhecê-la.
Em outras palavras pode ser interpretado como: - Não permitirei, seja quem for, em nome dos seus princípios (ou falta deles), me neguem o que eu jamais lhes negaria em nome dos meus. É isso que estão tentando fazer ao quererem calar o Wikileaks.
Os dois vídeos que estão abaixo são do mesmo evento com pequenos detalhes que os diferenciam. O vídeo já é famoso (viral) na internet, mas pouco conhecido no Brasil. Foi publicado pelo Wikileaks em abril de 2010. Trata-se do ataque que um helicóptero Apache do exercito dos EUA fez em plena luz do dia em uma Praça de Bagdá (em 2007) contra o um grupo de pessoas que ali se encontrava. Entre eles um conhecido jornalista da famosa agencia de noticia Reuters e seu motorista. São cenas fortes e devastadoras para quem preze a vida humana e abomine a guerra.
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O curioso é que não foi por conta de coisas assim, como um ataque indiscriminado a civis e presumíveis rebeldes em plena praça publica que Julian Assange está sendo perseguido. A pressão é porque ele cutucou as cabeças coroadas da diplomacia norteamericana a partir da Secretária de Estado Hillary Clinton que se viu flagrada nas situações mais constrangedoras em relação a quase todos os principais lideres dos países aliados dos EUA.
O primeiro vídeo abaixo eu o capturei da página da revista Veja no YouTube e é uma edição mais curta (17 min) da ação e legendado em português. O segundo vídeo é a versão integral de 39 minutos que foi publicada pelo Wikileaks e que recebeu perto de um milhão e meio de visitas.
Ao final do post há uma entrevista que Julian Assange concedeu na noite de sábado passado (05/12), por chat, ao jornal "El Pais" da Espanha e que já está correndo o mundo pela internet.
O primeiro vídeo está legendado em português e contido na página da revista Veja no YouTube, foi publicado em 8 de abril de 2010 e foi acessado apenas 5.928 vezes até hoje (06/12/2010) demonstrando o pouco interesse que despertou no Brasil naquele momento.
Impressiona a frieza e a brutalidade dos soldados que confortavelmente posicionados em dois helicóptero Apache atiravam nas pessoas indistintamente sem saber ao certo quem eram e "vendo" inimigos e armas onde havia câmeras fotográficas e crianças.
Um deles fica reclamando com o que estava no comando quando disse algo como: "Vamos lá cara, deixe-me atirar neles". "Eles" eram um van com duas crianças que estava socorrendo os feridos no ataque minutos antes.
Não há como fugir da avaliação de que foi um massacre perpetrado com requintes de prazer selvagem e abrutalhado dos soldados norteamericanos que estavam nos helicópteros. É atordoante verificar assim, ao vivo, o que a guerra faz com as pessoas. Tudo muito simples, como se estivessem jogando um videogame e não atirando contra seres vivos. Um deles até deu uma leve risada quando outro comentou que os tanques que chegaram depois do massacre passou por cima de um corpo. Que horror!
Detalhe, nenhuma arma foi encontrada com os rebeldes e nenhum tiro foi disparado contra os dois Apaches. Revoltante!
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[Texto, em inglês, que está na URL do vídeo integral - ver tradução abaixo]
[Tradução via Google]
Wikileaks vídeo vazou de civis mortos em Bagdá - vídeo completoDe: sunshinepress | 3 de abril de 2010 | 1468125 exibições
Atenção: Esta é a versão completa do vídeo e se destina principalmente para fins de investigação. Veja http://www.youtube.com/watch?v=5rXPrfnU3G0 para uma versão curta e concisa com o contexto acrescentou.
Atenção: Esta é a versão completa do vídeo e se destina principalmente para fins de investigação. Veja http://www.youtube.com/watch?v=5rXPrfnU3G0 para uma versão curta e concisa com o contexto acrescentou.
Wikileaks obteve e decifrou este vídeo inédito de um helicóptero Apache dos EUA em 2007. Ele mostra o jornalista da Reuters Namir Noor-Eldeen, motorista Saeed Chmagh, e vários outros em uma praça pública no leste de Bagdá e como o Apache atira e os mata friamente sob o comando frio dos militares que coordenavam a ação. Eles são, aparentemente, assumidos como insurgentes. Após o tiroteio inicial, um grupo desarmado de adultos e crianças em uma minivan chega na cena e tenta transportar os feridos. Eles são alvejados também. A declaração oficial sobre esse incidente declarou inicialmente que todos eram adultos e rebeldes e afirmou que o exército dos EUA não sabiam como as mortes ocorreram. Wikileaks lançou este vídeo com transcrições e um pacote de documentos em Abril de 2010.
http://collateralmurder.com (menos informações)
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O fundador do Wikileaks esteve alguns minutos online para falar com o diário espanhol. Assange afirma que os seus filhos também estão a ser alvo de ameaças de morte e condena as declarações exaltadas de figuras públicas norteamericanas. O diálogo ocorreu sábado, através da Internet. O jornalista australiano Julian Assange, fundador do site de denúncias Wikileaks e rosto da publicação de centenas de milhares de documentos secretos da diplomacia norte-americana e do seu exército, permanece escondido em parte incerta.
Na curta entrevista, Assange confirma que é alvo de ameaças de morte, tal como a sua família, e condena os apelos à sua execução feitos por figuras públicas.
«Temos recebido centenas de ameaças específicas proveniente de soldados do exército dos Estados Unidos. As ameaças estendem-se aos nossos advogados e aos meus filhos. No entanto, são os apelos públicos para o nosso assassinato, sequestro e execução por parte de figuras de elite da sociedade norte-americana que nos preocupam mais», afirma Assange, referindo-se a Marc Thessian, antigo redactor dos discursos do ex-Presidente norte-americano George W. Bush, e Bill O'Reilly, o popular polemista da FOX.
Questionado sobre os seus filhos, Assange prefere «não dar mais ideias» a quem o ameaça, e foge à pergunta. «Desde Abril que estou separado da minha família», afirma. Recorde-se que a mais recente publicação de documentos secretos acontece vários meses após as explosivas denúncias sobre crimes de guerra no Iraque e no Afeganistão. Desde então que Assange e outros colaboradores do Wikileaks são perseguidos.
O El País perguntou ainda a Assange que impacto atribuía à publicação das mensagens das embaixadas norte-americanas. «Haverá um antes e um depois do Cablegate na geopolítica mundial», sentencia. O australiano considera mesmo que o Presidente Barack Obama «deveria demitir-se» se for provado que o chefe de Estado tinha conhecimento ou mesmo dado o seu aval a algumas das práticas denunciadas.
Por fim, o diário espanhol questiona Assange sobre a sua eventual colaboração com a justiça sueca. O australiano afirma que «toda a gente já percebeu que há algo estranho neste caso», referindo-se às acusações de abuso sexual de que é alvo.
O australiano abandona a entrevista online após a última resposta. A assistente indica ao El País que Assange tem sofrido violentas dores de cabeça e que os últimos dias têm sido difíceis para o jornalista, que se crê estar algures em Inglaterra.
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5 de Dezembro, 2010
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O fundador do Wikileaks esteve alguns minutos online para falar com o diário espanhol. Assange afirma que os seus filhos também estão a ser alvo de ameaças de morte e condena as declarações exaltadas de figuras públicas norteamericanas. O diálogo ocorreu sábado, através da Internet. O jornalista australiano Julian Assange, fundador do site de denúncias Wikileaks e rosto da publicação de centenas de milhares de documentos secretos da diplomacia norte-americana e do seu exército, permanece escondido em parte incerta.
Na curta entrevista, Assange confirma que é alvo de ameaças de morte, tal como a sua família, e condena os apelos à sua execução feitos por figuras públicas.
«Temos recebido centenas de ameaças específicas proveniente de soldados do exército dos Estados Unidos. As ameaças estendem-se aos nossos advogados e aos meus filhos. No entanto, são os apelos públicos para o nosso assassinato, sequestro e execução por parte de figuras de elite da sociedade norte-americana que nos preocupam mais», afirma Assange, referindo-se a Marc Thessian, antigo redactor dos discursos do ex-Presidente norte-americano George W. Bush, e Bill O'Reilly, o popular polemista da FOX.
Questionado sobre os seus filhos, Assange prefere «não dar mais ideias» a quem o ameaça, e foge à pergunta. «Desde Abril que estou separado da minha família», afirma. Recorde-se que a mais recente publicação de documentos secretos acontece vários meses após as explosivas denúncias sobre crimes de guerra no Iraque e no Afeganistão. Desde então que Assange e outros colaboradores do Wikileaks são perseguidos.
O El País perguntou ainda a Assange que impacto atribuía à publicação das mensagens das embaixadas norte-americanas. «Haverá um antes e um depois do Cablegate na geopolítica mundial», sentencia. O australiano considera mesmo que o Presidente Barack Obama «deveria demitir-se» se for provado que o chefe de Estado tinha conhecimento ou mesmo dado o seu aval a algumas das práticas denunciadas.
Por fim, o diário espanhol questiona Assange sobre a sua eventual colaboração com a justiça sueca. O australiano afirma que «toda a gente já percebeu que há algo estranho neste caso», referindo-se às acusações de abuso sexual de que é alvo.
O australiano abandona a entrevista online após a última resposta. A assistente indica ao El País que Assange tem sofrido violentas dores de cabeça e que os últimos dias têm sido difíceis para o jornalista, que se crê estar algures em Inglaterra.
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