Há tempos que venho lendo e procurando entender o ultra-conservador movimento político norteamericano chamado "Tea Party" surgido pouco depois da eleição de Barack Obama para presidente.
Começou como se fosse um "chororô" de republicanos derrotados, mas cresceu além de todas as expectativas e controles das lideranças moderadas do Partido Republicano. Hoje, o "Tea Party "é uma facção poderosa encravada no seio dos republicanos que não sabem muito bem o que fazer com ele.
Sarah Palin,durante o seu discurso no Iowa |
Suas lideranças são radicais e com discursos que valorizam sobremaneira o nacionalismo arraigado e o patriotismo heróico dos fundadores da nação (dai a denominação de "Tea Party"). Estão crescendo a taxas geométricas e empolgando o eleitorado conservador que não aceita as políticas de Obama voltadas para uma vertente mais social. É o velho "americanismo" ressuscitado e reagindo às mudanças que não consegue entender.
Coloco esse assunto no blog como registro de conhecimento geral. Movimentos como este, em outras ocasiões na historia universal, levaram o planeta a grandes convulsões. Todos começaram exatamente da mesma forma que este nos EUA.
Para ilustrar a questão é só acompanhar a liderança que Sarah Palin está construindo na formação e liderança da ala mais à direita dos republicanos.
Por enquanto os democratas de Obama estão desdenhando o "Tea Party" e considerando-o um problema dos republicanos, mas os extremistas republicanos conseguiram levar 100.000 pessoas para participar de uma marcha em Washington no ultimo dia 12 no que foi considerada a maior demonstração de protesto contra Obama até agora.
Leiam abaixo um extrato do texto que retirei da revista Time dessa semana.
"Quando o governo teme o povo, aí há liberdade."
Quem está dizendo isso em seus discursos é Christine O'Donnel a mais nova candidata do Partido Republicano para o Senado dos E.U.A. pelo Estado de Dellaware (clique aqui)
Suas palavras vêm direto do movimento político que a elevou a vitória, e chocou o mundo político - a coleção difusa de fúrias e frustrações que se chama "Tea Party".
Em um momento de insegurança econômica histórica, o movimento Party Tea roubou os corações dos conservadores. Ele agora tem a chance de enviar até sete senadores ao congresso norteamericano nas proximas eleições com os seus sonhos de um governo radicalmente menor, sem restrições dos mercados financeiros e redução dos direitos federais.
"O Partido Republicano está muito preocupado. É muito difícil lidar com o movimento Tea Party", explica James Thurber, diretor do Centro Americano da Universidade de Estudos Presidenciais e do Congresso. "É como a luta de guerrilha com eles."
Abaixo um vídeo da Time (em inglês) que mostra a presença do Tea Party na costa leste dos EUA.
“Tea Party”, o novo protagonista político americano
Foto de Manuela Franceschini
Em 12 de setembro de 2009, o Tea Party mobilizou 100.000 pessoas em uma marcha em Washington, no que foi considerado o maior protesto contra Obama até agora (Nicholas Kamm/AFP) |
Com apenas um ano de vida, o Tea Party, ala ultraconservadora da direita americana, aproveitou um momento em baixa do presidente Barack Obama para alcançar uma parte da população que só precisava de um empurrão para se rebelar e ganhou nas primárias. Com isso, subiu no salto alto.
A vitoriosa Christine O'Donnell, que nesta quarta-feira desbancou colegas partidários experientes, como Mike Castle, deu o recado em nome dos radicais em seu discurso de vitória: “Aceito, mas não preciso”. Ela se referia a ter o apoio dos grandes nomes republicanos. O recado foi forte, mas revela a relevância desse gurpo no cenário político atual do país. Afinal, de onde vêm, quem são e para onde vão esses conservadores?
O movimento Tea Party foi criado em fevereiro do ano passado. Com ajuda das redes sociais, teve um resultado quase imediato – alcançou pessoas simples, que não entendem muito de política, mas não se sentem representadas pelo governo, não gostam de como as coisas estão se saindo e só precisavam ser encorajadas.
O chamado decisivo veio em fevereiro de 2009, quando o apresentador de televisão Rick Santelli, da rede CNBC, falou exatamente o que esse público queria ouvir. Durante seu programa, Santelli disse: "Esta é a América! Quantos de vocês estão dispostos a pagar a hipoteca do vizinho que tem um banheiro extra e agora não pode pagar as contas?". Ele sugeriu, então, que fizessem um “Chicago Tea Party”. A ideia unia a cidade onde Obama morava e o episódio da história americana, conhecido como Tea Party, que batizou movimento.
O chamado decisivo veio em fevereiro de 2009, quando o apresentador de televisão Rick Santelli, da rede CNBC, falou exatamente o que esse público queria ouvir. Durante seu programa, Santelli disse: "Esta é a América! Quantos de vocês estão dispostos a pagar a hipoteca do vizinho que tem um banheiro extra e agora não pode pagar as contas?". Ele sugeriu, então, que fizessem um “Chicago Tea Party”. A ideia unia a cidade onde Obama morava e o episódio da história americana, conhecido como Tea Party, que batizou movimento.
O discurso inflamado do apresentador virou hit no Youtube, chegou ao Twitter, ao Facebook, à ala radical do partido Republicano e o movimento nasceu. Em algumas semanas, protestos intitulados Tea Party surgiram pelo país. Em 15 de abril de 2009, os militantes fizeram manifestações em 750 cidades aproveitando o Tax Day, Dia do Imposto - último dia em que os contribuintes podem declarar seus bens para o cálculo do Imposto de Renda. Na ocasião, em frente à Casa Branca, manifestantes jogaram caixas de chá pelo portão.
Em 12 de setembro, uma multidão de 100.000 pessoas foi mobilizada em uma marcha em Washington, considerada o maior protesto contra Obama até agora. “O Tea Party não representa a opinião do partido, nem da opinião pública, que é muito mais ampla do que isso”, disse ao site de VEJA o cientista político da Universidade de Columbia, Robert Erikson. “Geralmente, fenômenos como esse acontecem em uma situação de fraqueza do opositor, como é o caso de Obama agora. Mas esses movimentos não duram muito, são abafados no partido e não passam das primárias. Eles não representam o que pensa a sociedade americana.”
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