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domingo, 15 de agosto de 2010

Professora bate duro, mas fala a verdade.

Recebi este texto por e-mail e imediatamente senti sua força. Fiz a "transferência" do e-mail para o blog e aguardei a oportunidade para publicá-lo. Foi hoje. 
Antes de mais nada fui pesquisar no Google. Eu estava certo. O texto é forte e tem muitas reproduções na internet. Algumas editadas e eu não gosto de postar textos editados por quem não seja o autor ou autora. Finalmente encontrei o site da professora Verônica Dutenkefer que é a criadora do artigo. Obviamente copiei o texto de seu site. 
Devo entretanto explicar aos leitores do meu blog porque o escolhi para ser publicado aqui se o assunto não está muito ajustado ao que chamo de "linha editorial do blog" (desculpem a pretensão). Me ocorreu que a leitura do texto da professora Veronica é um depoimento  de uma profissional que ama muito o seu trabalho e sofre com o desgaste que a sua profissão está sofrendo. Ela escreveu o texto com a amargura de quem tem de suportar pressões enormes para cumprir sua missão e lidar com situações que não deveriam estar no ambito do seu universo corporativo. 
Impressionou-se que em nenhum momento a professora "entregou os pontos". Não falou em desistir ou maldisse seu trabalho. Uma guerreira!
Leiam um pequeno trecho de seu artigo:
  • [...] "Como um professor de escola pública pode fazer o seu trabalho se ele precisa ficar constantemente parando sua aula para separar a briga entre os alunos, socorrer seu aluno que foi ferido por outro aluno, planejar várias aulas para se trabalhar os bons hábitos na tentativa vã de se formar cidadãos mais conscientes e de melhor caráter?" [...]
E não preciso explicar mais nada. Leiam o artigo e ao final discordem... Se forem capazes.



http://somostodosum.ig.com.br/clube/fotos/5862.jpgPROFESSOR - UMA ESPÉCIE EM EXTINÇÃO

por Verônica Dutenkefer - veveduten@yahoo.com.br

Este texto que escrevo precisamente agora é mais um desabafo.
Desabafo de uma profissional que está lecionando há mais de 22 anos e que não sabe se sobreviverá por mais dez anos,  que é o tempo que ainda precisarei trabalhar (por mais que ame muito o que faço).
Trago muitas perguntas que não querem calar. E talvez a mais inquietante é: O que será necessário acontecer para se fazer uma reforma educacional neste país?
Constantemente ouço ou leio reportagens com as autoridades educacionais  a proclamarem a má formação de seus professores. Culpando as universidades, a falta de cursos de formação e culpando-nos, evidentemente.
Se a educação neste país não vai bem só existe um culpado: o professor. 

E aí vêm meus questionamentos:
  • Como um professor de escola pública pode fazer o seu trabalho se ele precisa ficar constantemente parando sua aula para separar a briga entre os alunos, socorrer seu aluno que foi ferido por outro aluno, planejar várias aulas para se trabalhar os bons hábitos na tentativa vã de se formar cidadãos mais conscientes e de melhor caráter?
  • Nos cursos de formação nos é passado constantemente a recusa de um programa tradicional e conteudista, mas nossas avaliações de desempenho das escolas, nossos vestibulares e concursos públicos ainda são tradicionais e  nos cobram o conteúdo de cada disciplina.
  • Como pode num país....num estado...num município haver regras tão diferentes entre a rede particular e pública?
  • Na rede particular as escolas continuam conteudistas, há a seriação com reprovação, a escola pode suspender ou até mesmo expulsar um aluno que não esteja respeitando as regras daquela instituição.
    http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ul0up3nj8t8exM:http://img17.imageshack.us/img17/7351/alunosprofessores.jpg&t=1
  • A rede pública vive mudando o enfoque pedagógico (de acordo com o partido que ganhou as eleições); é cobram-se cada vez menos do aluno; não se pode fazer absolutamente nada com um aluno indisciplinado que até mesmo coloca em risco a segurança de outros alunos e funcionários daquela instituição.
  • Dia a dia...minuto a minuto... os professores são alvos de agressões verbais e até mesmo física dos alunos. A cada dia somos submetidos a níveis de stress insuportáveis.
  • Temos que dar conta do conteúdo a ser ensinado + sermos responsáveis pela segurança física de nossos alunos + sermos médicos + enfermeiros + psicólogos + assistentes sociais + dentistas + psiquiatras + mãe + pai ......
  • E, quando ameaçados de morte e recorremos a uma delegacia pra fazer um boletim de ocorrência, ouvimos: "Isso não vai adiantar nada!"
  • Meus bons alunos presenciam o mau aluno fazendo tudo o que não pode ser feito sem que nada aconteça com ele. É o exemplo da impunidade desde a infância.
  • Meus bons alunos presenciam que o aluno que não fez absolutamente nada durante o ano, passou de ano como ele, que se esforçou e foi responsável.
Houve um ano que eu tinha um aluno que era muito bom. E ele começou a faltar muito e ir mal na escola. Os colegas diziam que ele ficava empinando pipa ao invés de ir pra escola. Um dia, tive uma conversa com ele, e perguntei o que estava acontecendo. E ele me disse: "Prá que eu vou vir prá escola se eu vou passar de ano mesmo assim?"
Então eu procurei aconselhá-lo(como faço com meus alunos até hoje) dizendo-lhe que ele devia freqüentar a escola não para tirar notas boas nas provas ou passar de ano. Ele deveria vir à escola para aumentar seu conhecimento que é o único bem que ninguém poderá roubar.Que a escola iria ajudá-lo a aprender e trocar conhecimentos com os outros e ajudá-lo a obter melhor formação na vida. Depois dessa conversa ele não faltou mais tanto...mas nunca mais voltou a ser o excelente aluno que era. 
  Qual a motivação para ser bom aluno hoje em dia? 
  • Os ídolos  dos jovens são jogadores de futebol que nem sempre falam o português corretamente e que muitas vezes não hesitam em agredir seus colegas jogadores e até mesmo os árbitros. Desse modo, ensinam que não é necessário haver respeito as autoridades e aos outros.
  • Ou são dançarinas que mostram seu corpo rebolando na televisão e posando nuas para ganhar dinheiro. 
  • Para quê eu me matar de estudar se há tantas profissões que não são valorizadas e nem respeitadas?
Conheci (e ainda conheço e convivo) ao longo de minha carreira na escola pública, inúmeros profissionais maravilhosos. Pessoas que amam a sua profissão, que se preocupam com seus alunos, que fazem trabalhos excepcionais. Que possuem um conhecimento e formação excelentes, mas que estão desgastadas e quase arrasadas diante da atual situação educacional.
Li há poucos dias num artigo que os cursos de filosofia, matemática, química, biologia e outros,  todos ligados à área de magistério, não estão tendo procura nas universidades.
Lógico!Quem é que quer ser professor?
Quem é que quer entrar numa carreira que está sendo extinta, não só pela total desvalorização e desrespeito, mas também pela falta de segurança que estamos enfrentando nas escolas?
Fiquei indignada com uma reportagem na TV (que , aliás,  adora fazer reportagens sensacionalistas colocando o professor sempre como vilão da história)  que relatava que numa escola um aluno ameaçava os outros com um revólver e num determinado momento o repórter perguntou:"Onde estava o professor que não viu isso??!!"
E agora eu pergunto: "O que se espera de um professor (ou de qualquer ser humano) diante de uma arma apontada contra ele? Ah...já sei...o professor deveria enfrentar as balas do revólver!!!! Claro!!! Que pena, as universidades e os cursos de aperfeiçoamento de professores não estão nos preparando para isso...
Vocês têm conhecimento de como os professores de nosso país estão adoecendo????
Vocês sabem o que é enfrentar o stress a que a violência moral e física tem nos submetido dia a dia? 

http://apeedpedroiv.no.sapo.pt/mudam-se%20os%20tempos.jpg 
Vocês sabem o que é ouvir de um pai frases assim:
  • "Meu filho mentiu, mas ele é apenas uma criança!"
  • "Eu não sei mais o que fazer com o meu filho!"
  • "Você está passando muita lição para meu filho, e ele é apenas uma criança!"
  • "Ele agrediu o coleguinha, mas não foi ele quem começou."
  • "Meu filho destruiu a escola, mas não fez isso sozinho!"
  • Classes superlotadas, falta de material pedagógico, espaço físico destruído, violência, desperdício de merenda, desperdício de material escolar que eles recebem e, muitas vezes, não valorizam (afinal eles não precisam fazer absolutamente nada para merecê-los), brigas por causa do "Leve-leite" (o aluno não pode faltar muito, não porque isso prejudica sua aprendizagem, mas porque senão ele não leva o leite.)
  • Regras educacionais dissonantes de acordo com a classe social dos alunos.
  • Impunidade.
Mas a educação não vai bem por causa do professor.
Encerro este desabafo com esta pergunta que li há poucos dias:
Esta pergunta foi a vencedora em um congresso sobre vida sustentável.
"Todo mundo  pensando em deixar um planeta melhor para nossos  filhos...  Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"
(20/06/2009)



-FORMAÇÃO:
- Psicóloga Clínica, pela· UNIP (Universidade Paulista), São Paulo - SP, 1993;
- Practitioner em· Programação Neurolingüística, pelo Centro Dinâmico de Programação Neurolingüística, São Paulo - SP, 1995;
- Participação da II Conferência:· A Evolução da Hipnose e I Congresso Internacional de PNL com Stephen Gilligan, Ph.D. e Robert Dilts, M.D, São Paulo - SP, 1999;
- Especialista em Terapias Florais, pós-graduação pelo Instituto Brasileiro de Estudos Homeopáticos convênio NUSEG da UERJ, São Paulo - SP, 2000;
- Formação em Hipnoterapia Educativa e Hipnose Ericksoniana pelo Self Instituto de Psicologia & Hipnoterapia, São Paulo -SP, 2002
- Curso De Iridologia Sistêmica- pela Unidade do ser - Núcleo de Desenvolvimento Humano - São Paulo - SP , 2006
- Fitoterapia Energética Chinesa
pela ETOSP - São Paulo - SP , 2007

E-mail: veveduten@yahoo.com.br
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