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sábado, 27 de março de 2010

Mulher deve ser depilada?


Desculpem-me os "puristas" do blog, mas não pude resistir à piada que recebi por email de amigos na internet. O titulo do post não tem (quase) nada a ver com o artigo. Fiz uma "forçação de barra" para pelo menos não ficar tão mal assim com os leitores que cobram um conteudo mais digamos... condizente com o titulo do blog.

Teimosamente vou procurando administrar as coisas e buscando um ponto de equilibrio para não perder a tonalidade que um blog sobre gerencia deve ter com outros assuntos que possam torná-lo simpático e palatável para os leitores. Acho que os sites  e blogs que se restringem aos seus proprios temas corporativos terminam ficando meio especializados no particular e chatos no geral.
Por enquanto está dando para levar.A aceitação do blog está boa e por ai eu vou mensurando o conteudo.

Nesta "linha editorial" é que resolvi postar o texto abaixo. Muito bem escrito, engraçado e leve é um momento ótimo de bom humor. Pena que, no e-mail, não veio o nome da autora (só uma mulher pode tê-lo  criado...). Procurei no Google, mas não encontrei. O artigo tem o estilo de uma colunista experiente. Se alguem descobrir, por favor, avise-me porque  quem o escreveu merece ser citada.

http://elisafrota.blog.uol.com.br/images/depila.jpg'Tenta sim. Vai ficar lindo.'
Foi assim que decidi, por livre e espontânea pressão de amigas, me  render à depilação na virilha. Falaram que eu ia me sentir dez quilos mais leve.
Mas acho que pentelho não pesa tanto assim. Disseram que meu namorado ia amar que eu nunca mais ia querer outra coisa. Eu imaginava que ia doer, porque elas ao menos me avisaram que isso aconteceria. Mas não esperava que por trás disso, e bota por trás nisso, havia toda uma indústria pornô-ginecológica-estética.
- Oi, queria marcar depilação  com a Penélope.
- Vai depilar o quê?
- Virilha.
- Normal ou cavada?
Parei aí. Eu lá sabia o que seria uma virilha cavada. Mas já que era pra fazer, quis fazer direito.
- Cavada mesmo.
- Amanhã, às... Deixa-me ver... 13h?
- OK. Marcado.
Chegou o dia em que perderia dez quilos. Almocei coisas leves, porque sabia lá o que me esperava, coloquei roupas bonitas, assim, pra ficar chique.
Escolhi uma calcinha apresentável. E lá fui. Assim que cheguei, Penélope estava esperando. Moça alta, mulata, bonitona. Oba! Vou ficar que nem ela, legal. Pediu que eu a seguisse até o local onde o ritual seria realizado.
Saímos da sala de espera e logo entrei num longo corredor. De um lado a parede e do outro, várias cortinas brancas. Por trás delas ouvia gemidos, gritos, conversas. Uma mistura de Calígula com O Albergue. Já senti um frio na barriga ali mesmo, sem desabotoar nem um botão. Eis que chegamos ao nosso cantinho: uma maca, cercada de cortinas.
- Querida, pode deitar.
Tirei a calça e, timidamente, fiquei lá estirada de calcinha na maca.
Mas a Penélope mal olhou pra mim. Virou de costas e ficou de frente pra uma mesinha. Ali estavam os aparelhos de tortura. Vi coisas estranhas. Uma panela, uma máquina de cortar cabelo, uma pinça. Meu Deus, era O Albergue mesmo. De repente ela vem com um barbante na mão. Fingi que era natural e sabia o que ela faria com aquilo, mas fiquei surpresa quando ela passou a cordinha pelas laterais da calcinha e a amarrou bem forte.
80609928, Imagezoo /Imagezoo - Quer bem cavada?
-.. É... É, isso.
Penélope então deixou a calcinha tampando apenas uma fina faixa da Abigail,
nome carinhoso de meu órgão, esqueci de apresentar antes.
- Os pêlos estão altos demais. Vou cortar um pouco senão vai doer mais ainda
- Ah, sim, claro.
Claro nada, não entendia porra nenhuma do que ela fazia. Mas confiei.
De repente, ela volta da mesinha de tortura com uma espátula melada de um líquido viscoso e quente (via pela fumaça).
- Pode abrir as pernas.
- Assim?
- Não, querida. Que nem borboleta sabe? Dobra os joelhos e depois joga cada perna pra um lado.
- Arreganhada, né?
Ela riu. Que situação. E então, Pê passou a primeira camada de cera quente em minha virilha Virgem. Gostoso, quentinho, agradável. Até a hora de puxar.
Foi rápido e fatal. Achei que toda a pele de meu corpo tivesse saído, que apenas minha ossada havia sobrado na maca. Não tive coragem de olhar.
Achei que havia sangue jorrando até o teto. Até procurei minha bolsa com os olhos, já cogitando a possibilidade de ligar para o Samu. Tudo isso buscando me concentrar em minha expressão, para fingir que era tudo supernatural.
Penélope perguntou se estava tudo bem quando me notou roxa. Eu havia esquecido de respirar. Tinha medo de que doesse mais.
- Tudo ótimo. E você?
Ela riu de novo como quem pensa 'que garota estranha'. Mas deve ter aprendido a ser simpática para manter clientes. O processo medieval continuou. A cada puxada eu tinha vontade de espancar Penélope. Lembrava de minhas amigas recomendando a depilação e imaginava que era tudo uma grande sacanagem, só pra me fazer sofrer. Todas recomendam a todos porque se cansam de sofrer sozinhas.
- Quer que tire dos lábios?
- Não, eu quero só virilha, bigode não.
- Não, querida, os lábios dela aqui ó.
Não, não, pára tudo. Depilar os tais grandes lábios ? Putz, que idéia. Mas topei.
79318201, DAJ /amana imagesQuem está na maca tem que se fuder mesmo.
- Ah, arranca aí. Faz isso valer a pena, por favor.
Não bastasse minha condição, a depiladora do lado invade o cafofinho de Penélope e dá uma conferida na Abigail.
- Olha, tá ficando linda essa depilação.
- Menina, mas tá cheio de encravado aqui. Olha de perto.
Se tivesse sobrado algum pentelhinho, ele teria balançado com a respiração das duas. Estavam bem perto dali. Cerrei os olhos e pedi que fosse um pesadelo. 'Me leva daqui, Deus, me teletransporta'. Só voltei à terra quando entre uns blábláblás ouvi a palavra pinça.
- Vou dar uma pinçada aqui porque ficaram um pelinhos, tá?
- Pode pinçar, tá tudo dormente mesmo, tô sentindo nada.
Estava enganada. Senti cada picadinha daquela pinça filha da mãe arrancar cabelinhos resistentes da pele já dolorida. E quis matá-la. Mas mal sabia que o motivo para isso ainda estava por vir.
- Vamos ficar de lado agora?
- Hein?
- Deitar de lado pra fazer a parte cavada.
Pior não podia ficar. Obedeci à Penélope. Deitei de ladinho e fiquei esperando novas ordens.
- Segura sua bunda aqui?
- Hein?
- Essa banda aqui de cima, puxa ela pra afastar da outra banda.
Tive vontade de chorar. Eu não podia ver o que Pê via. Mas ela estava de cara para ele, o olho que nada vê. Quantos haviam visto, à luz do dia, aquela cena? Nem minha ginecologista. Quis chorar, gritar, peidar na cara dela, como se pudesse envenená-la. Fiquei pensando nela acordando à noite com um pesadelo. O marido perguntaria:
- Tudo bem, Pê?
- Sim... sonhei de novo com o cú de uma cliente.
79318195, DAJ /amana images Mas de repente fui novamente trazida para a realidade. Senti o aconchego falso da cera quente besuntando meu Twin Peaks. Não sabia se ficava com mais medo da puxada ou com vergonha da situação. Sei que ela deve ver mil cus por dia. Aliás, isso até alivia minha situação. Por que ela lembraria justamente do meu entre tantos? E aí me veio o pensamento: peraí, mas tem cabelo lá?
Fui impedida de desfiar o questionamento. Pê puxou a cera.
Achei que a bunda tivesse ido toda embora. Num puxão só, Pê arrancou qualquer coisa que tivesse ali. Com certeza não havia nem uma preguinha pra contar a história mais. Mordia o travesseiro e grunhia ao mesmo tempo. Sons guturais, xingamentos, preces, tudo junto.
 - Vira agora do outro lado.
Porra... Por que não arrancou tudo de uma vez? Virei e segurei novamente a bandinha. E então, piora. A bruaca da salinha do lado novamente abre a cortina.
- Penélope, empresta um chumaço de algodão?
Apenas uma lágrima solitária escorreu de meus olhos. Era dor demais, vergonha demais. Aquilo não fazia sentido. Estava me depilando pra quem?
Ninguém ia ver o tobinha tão de perto daquele jeito. Só mesmo Penélope. E agora a vizinha inconveniente.
- Terminamos. Pode virar que vou passar maquininha.
- Máquina de quê?!
- Pra deixar ela com o pêlo baixinho, que nem campo de futebol.
- Dói?
- Dói nada.
- Tá, passa essa merda...
- Baixa a calcinha, por favor.
Foram dois segundos de choque extremo. Baixe a calcinha, como alguém fala isso sem antes pegar no peitinho? Mas o choque foi substituído por uma total redenção. Ela viu tudo, da perereca ao cú. O que seria baixar a calcinha? E essa parte não doeu mesmo, foi até bem agradável.
- Prontinha. Posso passar um talco?
- Pode, vai lá, deixa a bicha grisalha.
- Tá linda! Pode namorar muito agora.
Namorar... Namorar... Eu estava com sede de vingança. Admito que o resultado é bonito, lisinho, sedoso. Mas doía e incomodava demais. Queria matar minhas amigas. Queria virar feminista, morrer peluda, protestar contra isso.
Queria fazer passeatas, criar uma lei anti-depilação cavada.
Queria comprar o domínio  www.preserveasvaginaspeludas.com.br
Filha da puta foi a mulher que inventou a 'cavadinha'

5 comentários:

  1. Bom, ao menos podemos todos (nós, homens) entender um pouco melhor porque muitas vezes as "chefas" chegam um pouco azedas no trabalho depois de uma sessão de tortura, quer dizer, embelezamento...

    José Brain

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  2. Olá Brain,
    É uma alegria quando um leitor ou visitante do blog faz um contato direto pelos comentários.
    Sobre as "chefas" de mau humor você deve estar certo. Nunca tive nenhuma, mas já convivi com colegas de diretoria e gerentes ou assessoras sob minha coordenação. Quando elas estão naqueles dias realmente é melhor manter distancia segura. Depois desse texto vou acrescentar a depilação na lista.
    Grande abraço.
    Fico feliz pela sua visita e espero que volte sempre.

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  3. Dos pelos pubianos e a gestão pública

    Embora o “dono do blog” tenha demonstrado certa apreensão em postar o texto sobre pelos pubianos e depilação, manifestei-me aqui no sentido de aliviar seu coração, confirmando a importância do assunto.
    Trouxe, pelo menos à mim, uma visão diferente dos sentimentos sadomasoquistas tão cultuados e admirados mundialmente pelos adeptos desta prática tão tupiniquim.
    Sim, no mundo globalizado, moderno, vibrante e mutante, pelos pubianos vão além de seu significado mais comezinho.
    Ele significa negócio. E de exportação. Trazendo divisas para cá. Lá fora, é conhecida como “brazilian wax”. Isto se deve ao estilo de nossos biquinis, produto genuinamente nacional, que obrigam as mulheres a se depilarem mais do que o usual. Digamos assim, mais estreita. Cavada, como pediu a narradora do texto em questão.
    Mas mesmo sendo um negócio, e muito bom negócio diga-se de passagem, ainda assim é polêmico. E quem trouxe mais um vislumbre deste negócio polêmico estes dias foi a turma do CQC (Custe o Que Custar). O quadro “Trabalho Forçado” obriga seus convidados e participantes a realizarem atividades que os mesmos não estão muito familiarizados. Convidada como protagonista, a ex-vereadora da terra da garoa e atual subprefeita da Lapa (um bairro daquela capital) Soninha Francine viveu seu momento de glória. Não adepta do sadomasoquismo (pois arrancar pelo com cera quente só pode significar isso – o binômio dor/prazer), até então diz que nunca tinha se auto-flagelado.
    Bisonhamente, pôs-se a aplicar a tortura em algumas cobaias, arrancando risadas e lágrimas. Só não se sabe se as risadas foram de alegria ou de dor.
    Ainda fomos brindados com um momento para lá de íntimo. Comovente até. A tal da administradora, querendo pôr seus sentimentos e sensações à prova, a pedido do apresentador, consentiu em ceder suas partes baixas para teste. Quer dizer, partes baixas mas não tão baixas assim. Algo naquela região anterior das pessoas, que no seu equivalente posterior, é chamado de “cofrinho”. Simplificando: entre a fivela do cinto e o resquício da nossa mais íntima ligação com o ventre materno – o umbigo.
    Diz a moça que foi a primeira vez que fez aquilo. Até gostou. Talvez tivesse gostado porque não teve que ficar na posição de borboleta e nem de ladinho, muito menos segurando a “banda” (nádega, para os não iniciados no assunto).
    Mas é isto que chama a atenção. As más línguas das pessoas que ali vivem dizem que nem na época do bandeirante Afonso Sardinha, a quem Padre Anchieta solicitou ajuda à época para defender o Pátio do Colégio do ataque dos índios Carijós, esteve tão paulistano bairro em condições tão deploráveis. Buracos, sujeira, enchentes, camelôs e toda sorte de problemas multiplicam-se mais do que pelos pubianos em barriguinhas tão simpáticas.
    Sorte dos moradores da Lapa que a ousada administradora Soninha não cultiva o hábito de depilar-se a “la brazilian wax”. Por que aí sim ficaria comprometido o tanto do cerébro que ainda permite que possa ser feito algo positivo.
    Na dúvida, é melhor ela não depilar-se.
    O resultado pode ser desastroso para a sociedade local.

    José Brain

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  4. Caro Brain
    Ótimo comentário. Excelente texto.
    Quero crer que você tem experiencia no manejo das palavras escritas. Estarei enganado?
    Se me permitir vou publicar seu comentário em forma de post.
    Grande abraço e volte sempre.
    É um prazer ter um leitor desta estirpe visitando a Oficina de Gerencia.
    Até breve.

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  5. Na verdade, o manejo das palavras escritas decorre de um intenso processo interno em busca de um melhor entendimento do complexo mundo em que vivemos e nos envolve. Como consequência, e ainda que de forma desorganizada (pois venho dialogando com “siters” e “bloggers”), as idéias acabam explodindo em erupções vulcânicas, ainda que ordenada – pelo menos na forma.
    Fique à vontade em dar o uso cogitado ao meu comentário da forma que melhor lhe convier. O meu pensamento registrado em “Trebuchet MS – tamanho 10” que está no espaço “cyberal” (mais do que público, diga-se de passagem), é justamente para colaborar e se somar aos pensamentos das pessoas que tem algo positivo e útil a mostrar.
    Voltarei no devido tempo. Na verdade, o retorno sempre depende mais do instigador do que do instigado. Continue “provocando”, porque as abelhas sempre sabem onde devem voltar para buscar seu alimento.
    Tenho sim comentários a fazer sobre “Os dez mandamentos da negociação” e “Canal RH”. Mas os farei mais adiante.
    Saudações e Boa Páscoa,

    José Brain

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Convido você, caro leitor, a se manifestar sobre os assuntos postados na Oficina de Gerência. Sua participação me incentiva e provoca. Obrigado.