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ela primeira vez e em muitos anos leio algo escrito por um empresario do primeiro nivel colocando o processo de redução dos custos - tão comum no mundo corporativo - no seu exato lugar ou seja muito barulho e pouco impacto.
Odebrecht sabe do que está falando (ou melhor, escrevendo). A autoridade empresarial que ele carrega lhe concede o conhecimento de todas as questões corporativas. Aqui da planicie, nós os simples mortais sabemos das coisas, mas falta-nos exatamente o que excede no empresario: autoridade corporativa. É do alto desta condição que ele escreve o excelente artigo publicado na Folha de São Paulo neste domingo (28/2/2010).
Como executivo - seja na empresa privada ou na administração publica - vivenciei várias vezes as "campanhas de redução de custos". Uma delas eu mesmo pilotei na Codevasf em 1992 (salvo engano da memoria quando exercia a função de Diretor de Administração e Finanças da empresa.). Hoje, com a experiencia da vida, vivida, vejo que na verdade aquele esforço era contra o desperdicio e não para reduzir custos.
O artigo de Emilio Odebrecht está colocando as coisas nos seus devidos lugares. É imperdivel para quem deseja seguir a carreira gerencial e traz à luz alguns conceitos que devem servir para reflexão quando se está diante das crises que exigem novos posicionamentos das corporações frente ao mercado em que atuam.
Mantendo a tradição da Oficina de Gerencia extrai no artigo um pequeno trecho para despertar a curiosidade daqueles que possam estar relutantes em ler o texto completo.
- [...] "Inaceitável é a convivência pacífica com o desperdício. O desperdício de recursos e de tempo é sinônimo de rasgar dinheiro. E esse deve ser o foco das atenções de quem busca melhorar o desempenho de uma companhia. Os recursos naturais se tornam cada vez mais escassos, e nosso compromisso com as gerações futuras impõe que os usemos com parcimônia. " [...]
São Paulo, domingo, 28 de fevereiro de 2010 |
EMÍLIO ODEBRECHT A cultura do custo Diversos mitos vicejam no universo das empresas e, de tanto serem ditos e repetidos, acabam ganhando status de grandes verdades. Um desses casos é a cultura do custo. Em um momento de dificuldade numa organização, logo aparece quem faça o seguinte diagnóstico: o problema são os gastos elevados. Aí entra em cena o "especialista", que vai demitir, cortar investimentos em tecnologia e desenvolvimento de pessoas, economizar até no cafezinho. Ocorre que olhar apenas para o custo é uma atitude obtusa. Os bons empresários acompanham e cobram resultados, não perdem tempo com atividades ou despesas e têm consciência de que o importante é olhar para um conjunto de três elementos: custo, benefício e desperdício. Existe uma estreita relação entre eles. Logo, antes de pensar em reduzir custos, é preciso analisar o benefício que cada gasto gera e saber se a empresa está dimensionando adequadamente o que precisa. O sujeito corta custos, reduz despesas, mas o que isso impacta o resultado final? O cliente está mais satisfeito? Tem mais gente comprando? Custo é o pagamento pelo que se consome ou é o que se desperdiça por ineficiência, comprometendo a eficácia? O sucesso de um empreendimento acontece quando é tocado de modo eficiente (que é fazer bem feito) e eficaz (que é fazer o certo). Essa é a teoria: fazer bem feito o que é o certo. O "certinho", que só quer saber dos custos, dificilmente consegue perceber o retorno que cada dispêndio pode proporcionar. Não é incomum a meta de redução de custos ser cumprida tirando o couro dos fornecedores, pressão que "enforca" e compromete toda a cadeia produtiva. Não se melhora o resultado de uma empresa apenas reduzindo o preço de aquisição, mas inovando, agregando, com criatividade, valor aos produtos finais, comprando aquilo que é necessário, mantendo satisfeitos os clientes já conquistados e conquistando novos. Inaceitável é a convivência pacífica com o desperdício. O desperdício de recursos e de tempo é sinônimo de rasgar dinheiro. E esse deve ser o foco das atenções de quem busca melhorar o desempenho de uma companhia. Os recursos naturais se tornam cada vez mais escassos, e nosso compromisso com as gerações futuras impõe que os usemos com parcimônia. Uma condição para o êxito nesse sentido é qualificar as pessoas para que sejam capazes de explorar novas oportunidades, melhorar a produtividade e enfrentar com competência o desafio de uma atuação empresarial sustentável, marcada principalmente por um desempenho ambiental melhor. EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna. |
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