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Leiam abaixo dois pequenos trechos que estão no artigo:
- [...] "Ocorre que a desconfiança a priori não favorece o diálogo. Precisamos inverter essa situação. O mundo está cheio de exemplos do bom uso do princípio oposto - o da confiança." [...] "Confiar é um princípio universal, atemporal. É uma escolha e é um valor. Desconfiar não é um valor." [...]
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O tema, obviamente, está no centro das discussões em função da atuação mais visivel de instituições publicas especializadas em exercer controle formal sobre as empresas e corporações. E são muitas. São tribunais (federais e estaduais), controladorias, corregedorias, institutos, ONGs e auditorias; sem falar nos organismos policiais ou derivados cuja finalidade é operar nas dobras da cultura da desconfiança.
Longe de mim desprezar esse trabalho essencial para organizações que necessitam manter a transparência quanto à utilização dos recursos publicos e privados também (a rigor, hoje em dia, dificilmente se conseguirá separar as duas coisas). Entretanto estou ao lado daqueles que consideram excessiva a valorização e o poder que estão cercando o trabalho destes orgãos.
Flagrantemente está ocorrendo uma inversão de valores. Os fiscais estão sendo mais importantes do que os executivos; os auditores mais valorizados do que os gerentes. Esta constatação é inegável e isto não faz parte do equilibrio natural das coisas. As consequencias deste desvio jamais poderão ser parte do senso comum e no futuro causarão prejuizos maiores do que aqueles para os quais estas corporações foram criadas para coibir.
Fico por aqui. Vamos ao artigo porque Emilio Odebrecht tem autoridade para escrever sobre o tema. É executivo de sucesso e passou a sua vida empresarial sendo fiscalizado pelos órgãos de controle. Leiam o que tem a dizer.
EMÍLIO ODEBRECHT A cultura da desconfiança Os jornais das últimas semanas reservaram espaços generosos para um debate tenso e acalorado sobre o papel de organismos de controle e fiscalização criados na administração pública brasileira. Não pretendo participar focando no que está posto - que são as atribuições das instituições concebidas para auxiliar os gestores governamentais - porque isso é apenas um efeito. Prefiro olhar para a causa - e a causa é um fenômeno chamado cultura da desconfiança.(grifo é do blog) As relações entre empresas, entre estas e o poder público e entre o poder público e a sociedade deveriam ser pautadas pelo princípio da confiança. Entretanto, a cultura da desconfiança impôs ao servidor público e a todos aqueles que com ele se relacionam um emaranhado de medidas que tem levado o Estado ao imobilismo. Quando o ministro Hélio Beltrão, no final da década de 1970, empreendeu sua cruzada pela desburocratização, ele definiu como condição básica para o êxito de seu projeto o crédito na palavra e no compromisso de cada um com a verdade. .........Uma declaração de próprio punho tinha que ter tanto valor quanto uma certidão emitida por um cartório. Não deu certo e continua alta a popularidade do ato de se desconfiar, seja no setor público, seja no privado. Neste, a inexistência de delegação em muitas empresas é uma demonstração de que também não existe a condição preliminar: líderes que confiam em seus liderados. .........Ocorre que a desconfiança a priori não favorece o diálogo (grifo é do blog). Precisamos inverter essa situação. O mundo está cheio de exemplos do bom uso do princípio oposto - o da confiança. .........Todos conhecem o caso do economista Muhammad Yunus, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2006 por ter criado em Bangladesh um banco voltado para o microcrédito. As pessoas que o procuram não dispõem de qualquer ativo para oferecer como garantia pelo empréstimo tomado, além da própria palavra. Se comprometem a pagar o que lhes for emprestado e pagam. Merecedoras de confiança, honram os contratos. Confiar é um princípio universal, atemporal. É uma escolha e é um valor. Desconfiar não é um valor. Confiar é também um atributo daqueles que são movidos pelo espírito de servir. A confiança decorre do respeito entre as pessoas e o respeito é fruto da disciplina nos relacionamentos. Este trinômio é a chave da questão. O Brasil está pagando um preço muito elevado por ter permitido que esse clima de eterna suspeita contaminasse a vida do país. Caminhar no rumo da construção de uma sociedade de confiança trará bons resultados para todos nós. EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna |
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