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domingo, 19 de julho de 2009

Ansiedade é diferencial entre vitoriosos e derrotados.



Eduardo Gonçalves de Andrade, o Tostão continua craque mesmo depois de ter largado o futebol e a medicina. Foi craque incontestável nos gramados; na medicina, dizem que foi um bom médico, não sei se foi craque. Todavia, como cronista esportivo consegue manter o rótulo. É dono de um texto excelente. Já publiquei pelo menos duas cronicas dele aqui na Oficina de Gerencia.
Principalmente em uma corporação que não se destaca pelos seus dotes de inteligência subjetiva e rebuscamento intelectual, como jornalista esportivo (imprensa escrita) Tostão é aquele que tem "um olho na terra de cegos".
Gosto do estilo de Tostão porque ele não se cinge apenas aos argumentos que circundam as famosas "quatro linhas do gramado". Ele busca o lado subjetivo no foco de seus comentários e nos dá - inteligente e experiente na vida, como é - aulas de reflexão sobre os elementos que se ocultam nas invisiveis dobraduras do mundo do futebol, seus elementos, seus componentes e os seres humanos - os atletas - que formam uma corporação. É nesse cadinho onde os fatos, pelas intensidades, podem se transformar em fascinantes estudos de casos (cases) que os analistas profissionais não cansam de estudar.
É o caso deste comentário que a Folha de São Paulo publicou no dia hoje. Ele analisa a surpreendente derrota do Cruzeiro para o Estudiantes de La Plata e a perda da cobiçada copa Libertadores da América. O tema central é a luta contra a ansiedade que cerca todos os seres humanos às vésperas de uma decisão.
Leiam um trecho da coluna e procurem converter o texto para os elementos do "nosso" mundo corporativo, o das empresas, gerentes, líderes de equipes e outros itens que cercam nossa realidade cotidiana:

  • [...] "Cada atleta é de um jeito e reage de uma maneira diferente às emoções de uma partida importante. É preciso separá-los para se ter uma abordagem emocional feita por um psicólogo em um trabalho a médio prazo. Mas a maioria dos clubes só gosta de palestras ocasionais, motivadoras, de autoajuda." [...]


Se ao invés de lermos atletas pensarmos em profissionais de uma empresa qualquer e trocarmos o termo "clubes" por empresas, partida por projeto, o que teremos? Leiam novamente. Entenderam? É isto que proponho ao convidá-los para ler este texto do grande Tostão.


São Paulo, domingo, 19 de julho de 2009



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TOSTÃO

Cruzeiro tropeçou na alma


O Cruzeiro perdeu, também, por não ter controlado a ansiedade de decidir um título importante em casa

A ANSIEDADE é uma reação normal e necessária ante um perigo real e objetivo. No caso dos atletas, a ameaça é a derrota e o fracasso. Todos os jogadores, de alguma forma, alternam-se emocionalmente em uma decisão, ainda mais quando se decide em casa, diante de um inevitável otimismo.

A ansiedade, até certos limites, é benéfica. Há uma maior produção de substâncias químicas e o jogador fica mais atento e mais vibrante.

Se a ansiedade for exagerada, o cérebro deixa de comandar o corpo, e os atletas passam a errar passes e finalizações. O nervosismo pode levar também à inibição, à perda da espontaneidade e da criatividade.
Foi o que aconteceu com o Cruzeiro. Todos sabiam que a partida seria difícil, mas não se esperava que o time jogasse tão mal.

Independentemente da qualidade dos adversários, outros clubes brasileiros tiveram a mesma dificuldade psicológica em decisões no Brasil.

Nelson Rodrigues, com seu delicioso exagero, dizia que quem ganha e perde partidas é a alma. O Cruzeiro correu, foi vibrante, mas confuso. Tropeçou na alma.

http://www.enlajugada.com/fotos_notas/cruzeiro_estudiantes1.jpg

Evidentemente, não foi apenas por isso que perdeu. O Estudiantes tem um bom time, um craque no meio-campo (Verón) e atuou com inteligência tática.

Cada atleta é de um jeito e reage de uma maneira diferente às emoções de uma partida importante. É preciso separá-los para se ter uma abordagem emocional feita por um psicólogo em um trabalho a médio prazo. Mas a maioria dos clubes só gosta de palestras ocasionais, motivadoras, de autoajuda.

Existem jogadores que crescem na adversidade. São geralmente ambiciosos e perfeccionistas. Isso é fundamental para ser um craque. Outros se inibem quando são vaiados, criticados e enfrentam grandes dificuldades.

Há atletas mimados, que só jogam bem se forem destaques da equipe. Ao lado de jogadores melhores, como em uma seleção, se apagam. Outros preferem ser coadjuvantes. É mais fácil. São os obedientes e cumpridores dos esquemas táticos. Muitos técnicos adoram esses atletas.

Existem ainda os deslumbrados, narcisistas, que se acham melhores do que realmente são. Sentem-se perseguidos pela imprensa, que não daria a eles os elogios que acham que merecem.

Vi atletas calados, tímidos, que ficavam desinibidos e possessos dentro de campo. Vi também muitos falantes e brincalhões, que morriam de medo diante de uma maior responsabilidade.

88786595, Luciano Lozano /Flickr

São apenas alguns dos exemplos. O mais comum é o mesmo atleta possuir várias características, às vezes contraditórias. A alma humana tem muitos mistérios.

Não tenho também nenhuma pretensão de ser um analista comportamental. Sou apenas um curioso, um psicólogo de botequim.

Além do talento, o atleta ideal seria o que jogasse com muita garra, sem perder o controle das emoções; que fosse seguro, confiante, sem perder a autocrítica; e ambicioso, sem perder a consciência de que a força coletiva é essencial para o sucesso individual.

Esse super-homem não existe. Somos todos, uns mais, outros menos, frágeis, incompletos e dependentes da atenção, do carinho e da aprovação do outro.

Um comentário:

  1. Oiêee!
    Vim deixar vários 'oiêees' prá você, assim como, um forte abraço e um monte de beijos doces pelo dia do Amigo.
    Beijocas

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