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domingo, 12 de abril de 2009

Adriano não conseguiu ficar sossegado... ainda.

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Nem vou entrar nessa polêmica que, mais uma vez, alguns setores da mídia ficam explorando para "produzir" notícias e vender jornais ou audiência (leia-se publicidade). Nada contra, mas a falta de sensibilidade da corporação de reporteres e afins tolhe as melhores lições que outros interessados em saber o que, realmente, aconteceu com o Adriano poderiam retirar do episodio.

O comentário do consagrado Ruy Castro dá uma boa medida de como se deve encarar o tema sem que haja necessidade de se criar uma rede de "papparazzis" em torno de uma pessoa - visivelmente atormentado com seu proprio sucesso - que pediu simplesmente para ficar só.

Pelo que todos dizem (detesto essa expressão,mas vamos lá...) - e aqui eu reforço a amplitude do "todos" - o Adriano sofre de alcoolismo. Essa é a unica "verdade unanime" que se consegue chamar de pepita de ouro nessa garimpagem que a mídia resolver fazer ao montar uma "campana" na porta do ex-atleta da Inter de Milão e da seleção do Dunga (observem que não chamei de Seleção Brasileira).

Radar

A saida do Adriano, na forma em que se deu, só é inusitada porque contrariou todos os paradigmas existentes na sua corporação. Simplesmente resolveu "dar um tempo" como costuma dizer um dos namorados (e casados também) quando quer se ver livre da relação e não tem coragem de romper de uma vez.

O normal seria ele ficar e continuar jogando na Inter, ganhando milhões de euros, camuflando sua doença e má conduta como profissional até que chegasse ao fim da linha a exemplo de Garrincha e tantos outros que encerraram as carreiras na "rua da amargura" por conta do alcoolismo.

Adriano, "o Imperador" (que apelido mais ridiculo!) preferiu sair antes. É jovem e pode ter dado o primeiro grande passo na busca da sua cura. Mas terá que busca-la.

Ocorre-me, a proposito, um outro exemplo clássico no mundo do futebol. Quem não lembra de Diego Maradona tendo que sair do futebol por conta do seu vício na cocaina. Esteve à beira da morte há alguns poucos anos e ainda não está livre da ameaça.

Vamos à leitura do artigo de Ruy Castro que sempre vale a pena...

blue and black



São Paulo, sábado, 11 de abril de 2009




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RUY CASTRO

Adriano entre amigos

RIO DE JANEIRO - Há cerca de um ano e meio, escrevi sobre o jogador Adriano neste espaço. Na época, ele estava de volta ao Brasil, supostamente para se internar numa clínica para dependentes químicos. "É a coisa certa a fazer", escrevi.

"Desde o começo, as pessoas relutam em tratar de seu caso pelo único nome que lhe cabe: alcoolismo".

Mas esse tratamento não aconteceu. Em vez disso, Adriano foi por empréstimo para o São Paulo, onde espiões, psicólogos e preparadores físicos o puseram em forma para jogar e marcar alguns gols. Dado como "recuperado", voltou para seu clube na Itália. Para todos os efeitos, não era mais alcoólatra. Ou nunca fora -em toda parte, há uma burra e invencível relutância em classificar alguém assim.

Acontece que Adriano nunca se tratou e nunca se recuperou. Se pareceu funcionar a contento durante sua temporada paulistana -uma ou duas escapadas na noite, pelo que vazou-, é porque seu grau de dependência ainda não o incapacitará. Mas a dependência é um processo, acima da competência de clubes de futebol ou de spas. O único lugar para tratá-la são as clínicas especializadas. Justamente para onde ele não quer ir, para não ficar marcado pela palavra feia.

AP

"Adriano está deprimido porque brigou com a namorada". "O caso de Adriano é psiquiátrico". "Adriano precisa de paz". Tudo conversa fiada -a depressão é consequência, não causa, da dependência. E, se Adriano prefere o morro da Chatuba aos bordéis "high-tech" de Milão é porque, aqui, entre seus amigos de infância (hoje, donos do tráfico no morro), pode beber sem ser perturbado ou cobrado.

Adriano não é um bad boy. Mas, entre a bebida e o futebol, sua cabeça já não influi. Foi o organismo que escolheu. O processo está longe de terminar. E, em futuro próximo, ainda pode piorar muito.




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