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segunda-feira, 9 de março de 2009

Uruguai acorda do pesadelo de uma ditadura nefasta e inicia seu retorno sofrido à democracia.

9 de março de 1985 — A volta da democracia uruguaia
Jornal do Brasil: Uruguai
A ditadura uruguaia foi implantada em 1973 e só acabou em 1985, com a eleição de Julio Maria Sanguinetti. Dois meses antes da posse do novo governo, 63 presos políticos foram libertados. Sanguinetti assumiu a presidência com a promessa de que entregaria à Justiça os casos mais graves de corrupção e de atentado aos direitos humanos. O compromisso não foi cumprido, e no fim de seu mandato Sanguinetti sancionou a Lei de Caducidade Punitiva do Estado, que anistiava militares e policiais que torturaram e assassinaram militantes políticos durante a ditadura.

O novo presidente governaria um país devastado por graves problemas financeiros. O Uruguai perdera 15% do seu Produto Interno Bruto - soma de todas as riquezas produzidas no país - em três anos. E, se fosse atender a todos os compromissos da dívida externa, como juros, amortizações etc., gastaria 90% das suas reservas, e só lhe restariam 10% para importar o que o país necessitava. Enquanto os jovens emigravam em massa para outros países em busca de uma vida melhor, o governo tinha de pagar 250 mil aposentadorias e pensões a 188 mil pessoas, isso em um país de 3 milhoes de habitantes. Havia casos em que uma só pessoa recebia quatro ou até cinco benefícios. O efetivo militar era de 70 mil homens, número excessivo para a reduzida população do país. Os militares gozavam de muitos privilégios e estavam infiltrados em todas as áreas da economia. 
Grupos ligados aos direitos humanos acusavam os militares de terem assassinado 32 uruguaios dentro do próprio país e outros 132 fora do Uruguai, durante a Operação Condor – esquema de cooperação firmado entre os militares do Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai, para perseguir opositores aos regimes em toda a América do Sul. 

Lei de Anistia pode ser anulada
O Congresso Nacional uruguaio aprovou por 69 votos contra 2, em fevereiro deste ano, a anulação da anistia concedida aos militares envolvidos em casos de tortura. A última palavra sobre a inconstitucionalidade da lei de anistia será da Suprema Corte de Justiça, que terá 110 dias para se pronunciar.
A discussão sobre a anistia foi reaberta pelo atual presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, que, por meio da Procuradoria da Justiça, pediu a revisão da lei para o caso de uma estudante sequestrada enquanto escrevia a frase "abaixo a ditadura" em um muro. A estudante, que era militante comunista, acabou sendo morta em 1974 em uma unidade militar. 

 

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