Escreveu vários livros sobre jornalismo, entre eles “Vale a pena ser jornalista? (ed. Moderna, 1986), no qual aborda os prós e os contras da profissão dizendo que, “o que há de bom na profissão é essa coisa de poder ser testemunha ocular da história de seu tempo. O que há de ruim é a exigência até irracional de dedicação plena”.
Clóvis Rossi considera que o jornalista que trabalha em jornal diário é um batalhador, que “precisa matar um leão por dia”. Aos 44 anos de profissão, diz que tem pela frente umas dez mil batalhas, todas interessantes, em grandes assuntos, mas também em pequenos pés-de-página" (...) - (Se tiver interesse de ler o texto na íntegra clique aqui)
Para falar de Clóvis Rossi há que se recorrer aos especialistas. O homem é um dos "monstros sagrados" do jornalismo brasileiro e com justiça. Eu leio seus artigos todos os dias em que são publicados. Quando não tenho tempo de ler o jornal vou à internet e nem que seja com dias de atraso em leio sua coluna na Folha de São. Ele e Eliane Cantanhede são leituras obrigatórias e prazerosas para mim.
Só não os publico todos no blog porque na maioria dos temas que abordados por ele são politicos ou muito técnicos (economia, politica internacional etc.) e fogem ao escopo do interesse da media dos leitores do blog. Entretanto, quando encontro um dos seus textos que cabe no conteudo da Oficina de Gerencia trago-o, ávido por posta-lo, para enriquecer o blog.
É o caso deste, abaixo. "Trombose e vampirismo" é o título dele. Curto, direto e objetivo. É assim que Clóvis Rossi analisa a crise economica mundial e os papeis dos paises emergentes, Brasil entre eles, que gravitam em torno deste sol que esmaece a cada dia.
São Paulo, quarta-feira, 04 de março de 2009
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CLÓVIS ROSSI Trombose e vampirismo SÃO PAULO - Nos últimos seis meses, pouco mais, pouco menos, quase todas as más notícias chegam do sistema financeiro, aí incluída uma seguradora como a AIG. Pior: não se consegue chegar ao coração do problema, que, para usar expressão da ministra francesa de Economia, Christine Lagarde, é a "trombose" no sistema financeiro provocada pelo excesso de ativos ditos tóxicos.
Se programas sofisticados de computador foram usados para os joguinhos de espalhar ativos tóxicos como se fossem sadios, o lógico era supor que se poderia fazer o percurso inverso, ou seja, localizá-los, precificá-los e expulsá-los do sistema por uma das fórmulas que circulam por aí ("banco bom/banco ruim"; estatização de verdade, e não o presente "socialismo de araque", para citar Paul Krugman; ou a quebra pura e simples no caso de bancos que não representem um real risco sistêmico).
Não é o que ocorre. Injeta-se dinheiro público em quantidades intraduzíveis para cérebros humanos, decreta-se que o problema está começando a ser superado apenas para que, dias depois, a "trombose" exija nova intervenção. Toda essa situação parece distante do Brasil, cujos bancos não sofreram "trombose" (até onde se sabe).
Mas está claríssimo que, enquanto não forem desentupidas globalmente as veias do sistema, todos os países emergentes continuarão patinando. Cito o ministro da Fazenda do México, Agustín Carstens, na reunião dos ministros ibero-americanos da área: "As projeções preliminares mostram que os países industrializados terão uma demanda de recursos de cerca de US$ 6 trilhões neste ano [equivale a quase cinco "Brasis"], o que é muito grave em termos de deslocamento de recursos dos países emergentes". Posto de outra forma: poupados da trombose, os emergentes sofrem de vampirização. |
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