Emílio Odebrecht vai, a cada coluna domingueira, justificando a aposta que a Folha de São Paulo fez nele. Está cada vez mais elaborado nos seus textos. Criando frases e se soltando. Deixando aquela postura tipo "queixo-duro" de empresário.
Seus artigos recentes, comparados aos do início de sua "carreira" como colunista da Folha, estão com estão mais criativos e abordando temas mais subjetivos sem perder o toque do DNA de quem herdou e conseguiu fazer prosperar uma das maiores grifes do mundo corporativo do Brasil.
Neste artigo ele aborda uma interessante dicotomia. Oportunidades e oportunismos. Leiam uma das frases do texto:
- "Aproveitar oportunidades é uma coisa; outra, bem diversa, é agir de maneira oportunista. Organizações sérias optam pela primeira e evitam cuidadosamente a segunda."
Nestes tempos de crises e consequentes oportunidades o pensamento de Emílio Odebrecht é mais que compatível com as realidades que nos cercam a todos. Confiram, por favor.
São Paulo, domingo, 15 de março de 2009 |
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EMÍLIO ODEBRECHT Oportunidade ou oportunismo NOS DICIONÁRIOS , oportunidade é definida como circunstância favorável para a realização de algo; é um ensejo. Já oportunismo, entre outras coisas, significa comportamento de quem subordina seus princípios a interesses momentâneos. O Brasil já foi definido como uma terra de oportunidades. Continua sendo. Aqui ainda há muito por fazer. Por exemplo, estradas, portos, escolas, hospitais, saneamento básico e bibliotecas, incentivo à cultura, desenvolvimento tecnológico e educação de qualidade. Continuamos um solo fértil para iniciativas empresariais, com demandas latentes à espera de quem as satisfaça. A conjuntura é difícil, mas não nos impede de dizer que somos um país economicamente estável, com população crescente e cuja distribuição de renda tem melhorado -fatores que incentivam a atividade produtiva. Convém lembrarmos, porém, que empresas competentes são aquelas que tiram partido das oportunidades de forma sustentável, pautando suas ações por uma visão de longo prazo. Iniciativas que visam o ganho fácil e imediato costumam ser efêmeras. Oportunidades devem ser aproveitadas quando claramente se encaixam no foco de atuação da empresa. Aplicar dinheiro em pechinchas sem conexão com a atividade-fim pode ser uma temeridade, por maior que pareça o retorno prometido. Operações deste tipo só fazem sentido se resultarem em maior capacidade produtiva, ganhos de sinergia e melhores bens e serviços para os consumidores. Empresas devem criar riqueza nova, não apenas reciclar a antiga, porque a atividade econômica precisa agregar valor à coletividade para legitimar-se socialmente. Aproveitar oportunidades é uma coisa; outra, bem diversa, é agir de maneira oportunista. Organizações sérias optam pela primeira e evitam cuidadosamente a segunda. Bons negócios pedem intuição para serem percebidos e criatividade para serem cultivados. Empresas donas de sólida visão do futuro sabem da importância de tais predicados. As companhias que usam bem as chances que surgem encaram desafios com bravura e têm ousadia para atuar em escala não apenas local mas mundial. São essas as características das jovens multinacionais brasileiras que hoje operam com êxito em todo o globo. O bom empresário é aquele que sabe usar a força das circunstâncias e que, além de não deixar escapar as oportunidades com que depara, também as cria. Não contempla o mundo, transforma-o.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna. |
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