......Quero aproveitar o exito do Ronaldo Fenômeno no jogo da tarde de hoje (8 de março de 2009),Corinthians 1 – Palmeiras 1, para relatar um péssimo exemplo de profissional de rádio esportivo. Refiro-me ao famoso comentarista de rádio e televisão, Flávio Prado, que teve de "morder a lingua" com o desempenho de Ronaldo no jogo de hoje entre Corinthians e Palmeiras. Foi flagrante o seu constrangimento pelo tom de sua voz.
.....Quem acompanha futebol sabe de quem estou falando. Prado trabalha na Radio Jovem Pan de São Paulo. É a emissora que escuto diariamente – notícias e esportes - pela qualidade inegável das suas equipes. Adoro a Jovem Pan.
.....Vamos ao caso. Quando o Ronaldo entrou em campo na quarta feira passada, em Itumbiara e mostrou-se pesado e sem motivação o senhor Flávio Prado não perdoou. Arvorou-se em “chefe” de um grupo de colegas seus da Jovem Pan e despejou, sobre Ronaldo, todo seu repertório fazendo as mais contundentes e exageradas e até crueis críticas contra o Fenômeno. Em uma de suas diatribes chegou a dizer que Ronaldo estava “acabado para o futebol”, que “deveria encerrar a carreira” e que “era uma vergonha ainda estar insistindo em voltar a jogar e enganar os torcedores do Corinthians”.
.....O pior é que, flagrantemente, percebia-se a emoção da raiva nas palavras do radialista e de seus companheiros (cito um deles, de memória, repórter – famoso também - de nome Quartarolo). Os caras “espumavam” nas críticas a Ronaldo pelo episódio da noitada em Presidente Prudente e pela sua volta aos gramados, pífia, em Itumbiara. Um negócio constrangedor para quem estava ouvindo, como eu.
Neste sábado, jogando contra o Palmeiras, o 'Fênomeno' marcou um gol de cabeça
já aos 48 min do segundo tempo e empatou o placar em 1 a 1
.....Fiquei chocado com os termos, como devem ter ficado os muitos desportistas que ouviram os comentários desses caras durante toda a semana e em todos os programas esportivos da emissora. Linguagem e comentários de tablóide inglês tipo The Sun. Uma coisa horrível! Escuto essa turma há muitos anos e estranhei porque não é o estilo deles. Mas aconteceu. Visivelmente apostaram no fracasso de Ronaldo para faturar audiência. Fizeram a escolha do sensacionalismo.
.....Quando ficou certo o retorno de Ronaldo, para valer, no jogo de hoje – Palmeiras e Corinthians, um dos maiores clássicos do futebol brasileiro – este mesmo Flávio Prado entrou em estado de apoplexia protestando contra a escalação. Chamou de absurda e disse que era um desrespeito à torcida corintiana. O Quartarolo só se referiu ao Ronaldo, pejorativa e preconceituosamente, com “o gordo”. A turma do tablóide “profetizou” que Ronaldo jamais deveria jogar, pois seria objeto de chacotas; que só iria fazer número em campo; que o Corinthians ficaria com menos um jogador quando ele entrasse no jogo e que sairia de campo desmoralizado. Eu mesmo ouvi o senhor Flávio Prado dizer isto e muito mais. Fechou suas diatribes dizendo que se ele fosse o técnico do Corinthians não escalaria o Ronaldo.
Ai aconteceu o que todos viram hoje. Ronaldo entrou em campo no segundo tempo (acho que pelos 10 ou quinzes minutos) com seu time dominado e perdendo por um a zero. Até os 48 minutos (salvo engano) o Fenômeno pegou na bola cinco ou seis vezes.
Ronaldo no seu ambiente de trabalho. Estava afastado dele há 14 meses.
Na primeira deu um drible “à La Ronaldo” e um passe que não foi aproveitado. Na segunda vez sofreu uma falta na entrada da área do Palmeiras após outro belo drible. Na terceira, recebeu a bola fora da área e chutou uma bomba na trave do Palmeiras (que àquela altura já estava atordoado com o Fenômeno). Na quarta vez que pegou na bola recuperou-a em uma disputa perdida, deu um drible rápido e foi à linha de fundo de onde cruzou e na quinta vez fez o gol de cabeça. Foi demais!
.....O Fenômeno correu para os braços da “fiel” e o estádio veio abaixo (literalmente, no alambrado, aonde ele foi comemorar com os seus novos “loucos”). Este é o homem que Flávio Prado não teria escalado para jogar e que sairia de campo vaiado e desmoralizado
......Pois bem, pensam que o jornalista Flávio Prado reconheceu que errou e pediu desculpas aos seus ouvintes? Negativo! Preferiu optar pelo desvio que os arrogantes sempre utilizam nestes casos. Criou uma falsa justificativa para não admitir o erro. Apostou na ignorância dos ouvintes da radio Jovem Pan e teve o desplante de dizer que o time adversário ficou embasbacado por estar jogando ao lado do ídolo e deixou Ronaldo jogar à vontade. Na expressão dele os atletas do Palmeiras ficaram “pedindo autógrafos” ao Ronaldo e por isso ele fez tudo que quis no jogo.
.....Fala sério Flavio Prado!
.....Para mim o senhor Prado, como comentarista de futebol, perdeu a pouca credibilidade que tinha. Não o escuto mais a não ser que seja inevitável. Saiu da minha lista de jornalistas credenciados. Não devo fazer falta à sua coleção de ouvintes, mas vou exercer meu direito. Espero (acho que em vão) que os outros “profetas do apocalipse” da mesma rádio Jovem Pan – Quartarolo entre eles – tenham a humildade que Flávio Prado não teve. É o mínimo que eles podem e devem fazer para respeitar seus ouvintes em todo o Brasil.
.....Fico aqui, imaginando se Ronaldo não apresentasse o desempenho de hoje à tarde e se comportasse como se ele, Flávio Prado e seus “colegas de bancada” tivessem previsto. De novo:
.....Fala sério Flávio Prado!
.....Estarei firme, amanhã (9 de março), para ouvir os elogios envergonhados a Ronaldo e o bestialógico que certamente os jornalistas de tablóide vão inventar para não pedir desculpas e não reconhecer que – como o senhor Prado - estão mais próximos dos “analistas de boteco” do que de jornalistas profissionais.
.....Aproveito para como ilustração contar uma historinha: um atleta que perguntado, pouco antes de iniciar determinada partida em que ele iria jogar quais eram os “seus prognósticos” para a disputa; pegou o microfone das mãos do repórter e falou, com toda autoridade de quem sabe o que está dizendo, que “os prognósticos “ ele só poderia falar depois do jogo (!!!!!)”. Diria que a “bancada” do Flávio Prado está mais para este tipo de analista.
.....Detalhe, o repórter era eu e o jogo foi em João Pessoa lá pelos idos de 1970. O nome do jogador (um zagueiro do Campinense da Paraiba) eu vou preservar com a licença dos leitores.
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