É uma pena que os doutos do esporte e de outros segmentos - sociedade em geral - só procurem enxergar nestes personagens que chegam ao estrelato apenas o lado negativo de suas atitudes. Se buscassem o lado positivo, sobre o qual apenas tangenciam, meramente como ilustração, veriam um homem obstinado e perseverante na busca de um objetivo que se determinou alcançar.
Ele fez isso antes da Copa do Mundo de 2002 (Coréia/Japão) e está na trilha para conseguir de novo.
- "Todos arregalaram os olhos quando o técnico da seleção, Luiz Felipe Scolari surpreendeu ao colocar Ronaldo e não colocar Romário para a Copa. Ronaldo superou todo mundo. Foi o astro da copa, marcou dois gols na final, marcou oito gols em sete partidas, brilhou e se reergueu, calando todo mundo e dando uma lição de vida. Depois numa das transferências mais complicadas dos últimos tempos Ronaldo se mandava pro Real Madrid, que começava a montar uma grande equipe. Novamente foi o melhor do mundo." [...] (texto da Wikipédia)
Agora, depois de novas contusões e novas descrenças ele disse que vai voltar. Aos 32 para 33 anos certamente estará longe de ser o Fenômeno, mas certamente estará entre os grandes jogadores da atualidade. Mais uma vez ele se utiliza das suas reservas de tenacidade para enfrentar uma jornada que poucos, muito poucos nas circunstâncias dele teriam ânimo e disposição para percorrer.
Me vem à memória uma frase famosa do pensador espanhol Ortega y Gasset: "
- "Eu sou eu e minha circunstância, e se não salvo a ela, não me salvo a mim." (veja aqui)
Hoje o homem Ronaldo não precisa mais do seu talento como jogador de futebol para tocar sua vida. Fez fortuna e fama; pode fazer de sua existência o que bem entender. Mas está aferrado à idéia de voltar ao brilho, ao sucesso e conseguir dar uma nova volta por cima.
É um conjunto gigantesco de sacrifícios a que terá de se submeter e ultrapassar; e não é o dinheiro que o motiva, que o incita e impulsiona. É o seu processo - já testado uma vez - de auto-realização. Até onde será capaz de chegar? Essa é a pergunta que lhe dá combustível.
Impossível, à luz da razão, dizer se conseguirá. Eu, pessoalmente e milhões de amantes do futebol e admiradores dos personagens de espíritos tenazes, aposto na sua volta em condições de não decepcionar seus milhões de torcedores. Todavia, apenas o seu exemplo já deveria ser mais respeitado e divulgado pelos profissionais da mídia esportiva, principalmente, e pelo público (elite social) em geral.
Desconfio que haja uma boa dose de preconceito ao não se lhe dar esse crédito. Fosse ele um homem mais refinado culturalmente; tivesse saído de um estrato social mais, digamos, respeitável pelos valores que nos governam, certamente teria um tratamento diferente por parte desse jornalismo que o persegue somente para saber das bobagens e fofocas que os "paparazzi" conseguem com suas câmeras.
É pena que assim seja. Estamos perdendo a oportunidade de conhecer a intimidade e o processo psicológico de uma pessoa que além de ser um vencedor é um guerreiro daqueles do tipo "Os trezentos de Esparta".
A imagem de hoje do Ronaldo (copiada do caderno esportivo da Folha de São Paulo) é bem um exemplo de sua diligência, seu empenho, seu talante. Já está visivelmente mais atlético e com uma expressão confiante.
Pessoalmente torço para que ele consiga apresentar pelo menos tres quartos ou até metade do talento que o consagrou para o prazer, o regalo e o riso das massas de torcedores que vêm nele um novo Garrincha, a "Alegria do Povo".
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