28 de fevereiro de 1935 — O pioneirismo de Chiquinha Gonzaga
Francisca Edwiges Neves, a Chiquinha Gonzaga, desafiou os costumes do seu tempo ao separar-se do marido e sustentar-se dando aulas de música, tocando em bailes, e compondo trilhas para operetas. A independência de Chiquinha causou escândalo na sociedade carioca. A pianeira — como gostava de ser chamada — foi a primeira compositora popular brasileira, a primeira mulher a reger uma orquestra no país, e ainda compôs a primeira marcha de carnaval, Ô abre alas, para o cordão Rosa de Ouro. A musicista conheceu o sucesso em 1877, com a polca Atraente. Resolveu então lançar-se no teatro de variedades e fez a trilha da opereta A corte na roça, em 1885. A partir daí não parou mais e compôs 2 mil músicas para 77 peças teatrais.
A ousadia de Chiquinha causava tanta polêmica quanto suas composições. A apresentação do maxixe Corta-jaca, 1897, pela primeira-dama Nair de Tefé em uma recepção no Palácio do Catete, provocou alvoroço na elite carioca. Rui Barbosa condenou o episódio e disse que a música era "a mais grosseira de todas as danças selvagens, a irmã gêmea do batuque, do cateretê e do samba."
A peça Forrobodó foi o seu maior sucesso e atingiu 1.500 apresentações. O espetáculo só foi encenado em 1912 por insistência da compositora. Os produtores acreditavam que a peça seria um fracasso. A história se passava num baile da Cidade Nova, bairro pobre do Rio e os personagens eram tipos populares. Apesar de o enredo ser pouco usual para a época,Forrobodó caiu no gosto popular.
Chiquinha morreu na antevéspera de carnaval de 1935.
Movimentos republicano e pela libertação dos escravos
Chiquinha participou ativamente das manifestações pela abolição dos escravos, vendendo de porta em porta suas partituras para angariar fundos para comprar alforrias. Envolveu-se também no movimento republicano.
Em 1913, iniciou a luta pelos direitos autorais, quando descobriu que suas partituras foram reproduzidas sem a sua autorização. As peças faziam a fortuna das empresas de teatro e os compositores quase nada recebiam. A discussão em torno do assunto resultou na aprovação da lei sobre a propriedade artística e literária. Em 1917, os autores teatrais se reuniram e fundaram a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (Sbat). A instituição visa a resguardar os direitos dos autores teatrais e também dos compositores musicais. Chiquinha foi a fundadora e patrona da Sbat, ocupando a cadeira de número 1.
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