"Movimento convida habitantes das grandes cidades a fazer uma reflexão sobre o uso do automóvel e suas conseqüências ao meio ambiente Esta segunda-feira, dia 22 de setembro, é o dia Mundial Sem Carro. Nesta data, várias cidades de todo o mundo convidam os seus moradores a deixarem seus automóveis em casa e, mais importante, a refletir sobre o seu uso no dia-a-dia e as conseqüências para o meio ambiente.
O movimento teve início dez anos atrás, na França, e já no ano seguinte, se espalhou pelas principais cidades da Europa. Em 2000, o evento ganhou caráter mundial e, no Brasil, acontece desde 2001.
È fato que deixar o automóvel em casa um único dia não resolverá nenhum dos problemas ambientais. No entanto, o movimento tem um caráter simbólico de protesto contra a poluição e é uma forma de exigir, dos governantes, políticas coerentes de transporte público e meio ambiente.
E, mesmo que você não admita, ou não possa, deixar seu carro em casa, você pode contribuir com o movimento. Confira cinco dicas simples para manter o seu carro em ordem, de modo que ele provoque menos impacto ao meio ambiente durante todo o ano. (texto copiado do site da revista Quatro Rodas)"
O movimento teve início dez anos atrás, na França, e já no ano seguinte, se espalhou pelas principais cidades da Europa. Em 2000, o evento ganhou caráter mundial e, no Brasil, acontece desde 2001.
È fato que deixar o automóvel em casa um único dia não resolverá nenhum dos problemas ambientais. No entanto, o movimento tem um caráter simbólico de protesto contra a poluição e é uma forma de exigir, dos governantes, políticas coerentes de transporte público e meio ambiente.
E, mesmo que você não admita, ou não possa, deixar seu carro em casa, você pode contribuir com o movimento. Confira cinco dicas simples para manter o seu carro em ordem, de modo que ele provoque menos impacto ao meio ambiente durante todo o ano. (texto copiado do site da revista Quatro Rodas)"
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Melhor seria uma campanha pelo transporte público? Ou pelo combustível não poluente? Pessoalmente vou deixar meu carro em casa, não pela campanha, mas porque é segunda feira e essa é a minha grande conquista de recém-aposentado.
Encontrei, no texto de Cláudio Weber Abramo - conhecido diretor-executivo da Transparência Brasil - os argumentos que usaria, aqui, se tivesse o talento de produzir um artigo como o dele. Leia e reflitam sobre o tema. Acho que essa é a grande contribuição da campanha; a reflexão sobre os males que o trânsito está produzindo nas grandes cidades.
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Você vai deixar o carro em casa na segunda-feira?
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NÃO! Solução em outra parte (por Cláudio Weber Abramo)
NÃO! Solução em outra parte (por Cláudio Weber Abramo)
"O que , precisamente, se pretende atingir com esse "dia sem carro"? Não pode ser algum efeito estatístico no trânsito. Entre os milhões de usuários de automóveis de São Paulo, a imensa maioria usa o veículo para ir ao trabalho, visitar clientes e fornecedores, comparecer ao fórum ou a alguma outra repartição pública; uma parcela transporta filhos à escola, outra vai ao supermercado ou perfaz variadas atividades cotidianas.
Não é crível que uma porcentagem significativa de pessoas que precisem bater ponto no emprego se disponha a deixar o carro em casa e partir para o trabalho de bicicleta, patinete ou -mais realisticamente- a bordo de algum veículo de transporte coletivo.
Aliás, digamos que 10% dos usuários de automóveis decidissem fazer exatamente isso, a saber, pegar um ônibus (provavelmente dois ou três), um metrô ou uma lotação. É certo que a frota de transporte coletivo, cuja prontidão para o serviço já é abaixo da crítica, não suportaria a sobrecarga.
A iniciativa não terá efeito sobre as condições da oferta de transporte público na cidade. O prefeito e os candidatos que se prontificam a assumir o seu posto não serão de fato pressionados, os vereadores continuarão a fazer o que sempre fazem (obedecer ao que o seu dono -o prefeito- mandar) e tudo continuará na mesma. Por outro lado, decerto emitirão banalidades sobre o tema, iguais às que emitem sobre todo e qualquer assunto.
Na prática, nenhum dos três principais contendores no pleito aparece com alguma proposição substancial para mudar a política de trânsito e de transportes na cidade.
As medidas que têm surgido para o trânsito e o transporte (rodízio e proibição de circulação de caminhões) são evidentemente paliativas. Com rodízio ou sem, a massa da população paulistana prossegue submetida a um serviço de transporte coletivo pouco melhor do que o de Lima ou da Cidade do México -e põe ruim nisso.
É evidente que qualquer encaminhamento para o problema começa com a implantação de uma política de longo prazo de ampliação drástica da oferta de transporte público, acompanhada de mecanismos progressivos para tornar muito caro o uso do carro.
(Há também a solução anarco-ambientalista, que se resume a acabar com o ser humano, eliminando assim o problema. Isso se faria pela disseminação de pragas incuráveis, provocando-se hecatombes e estimulando conflitos armados.) É evidente que formular uma política de transformação da cidade não é simples, pois há muitos interesses em jogo, a começar da indústria automobilística. Além disso, transformar a cidade teria implicações imediatas sobre o setor imobiliário, tanto sob o ponto de vista da valorização/desvalorização imobiliária quanto sob a perspectiva da política de habitação subsidiária a uma transformação dos fluxos viários da cidade.
Fortunas são amealhadas na simples definição do traçado de uma avenida. Imagine-se no caso de uma espécie de projeto Haussmann para São Paulo (Georges-Eugène Haussmann foi o arquiteto que mudou o plano de Paris para o que conhecemos hoje -dizem que, em parte, para revalorizar o patrimônio de parcela da nobreza francesa, que havia "micado" com terrenos em lugares ermos).
A complexidade do problema não pode ser obstáculo. Os candidatos que se apresentam à Prefeitura de São Paulo tentam projetar uma imagem de alta competência e de capacidade de arregimentar cérebros e imaginação. Caso tais recursos efetivamente existam nas imediações dos candidatos, então seria sua obrigação acioná-los para sugerir transformações radicais no transporte da cidade.
Outros protagonistas relevantes estão no setor privado. Infelizmente, o panorama nessa área tampouco é animador. Para fazer uma idéia, a única proposição partida de uma associação empresarial para a cidade tomou a forma de um pacote de obras viárias oriundo do sindicato da construção pesada de São Paulo, todo ele destinado ao tráfego de veículos individuais.
Em suma, a transformação dos padrões de trânsito e transporte na cidade não resultará de iniciativas voluntaristas de indivíduos, por mais bem-intencionados que sejam. Soluções sociais dão-se no terreno da política e em nenhum outro."
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CLAUDIO WEBER ABRAMO, matemático pela USP e mestre em lógica e filosofia da ciência pela Unicamp, é diretor-executivo da Transparência Brasil, organização dedicada ao combate à corrupção.
CLAUDIO WEBER ABRAMO, matemático pela USP e mestre em lógica e filosofia da ciência pela Unicamp, é diretor-executivo da Transparência Brasil, organização dedicada ao combate à corrupção.
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