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O comentário dele, publicado ontem (27/02/2008), particularmente me chamou a atenção e resolvi dividi-lo, copiado 100%, com os leitores do blog. Não me atrevo a fazer comentários técnicos. Não é a minha praia, mas o argumento do economista - de máxima credibilidade - me inquietou, como cidadão brasileiro preocupado com o futuro do país.
A notícia do crescimento das reservas monetárias do Brasil, tornando o país um "credor internacional" foi muito festejada por todos e com razão. O economista, entretanto, avisa que não é bem assim e seus argumentos são lógicos, até para quem não entende de economês. Confiram
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.Quando o atraso vira vantagem.
(por Paulo Rabelo de Castro)
"Nosso atraso industrial foi tão grande que acabou por nos beneficiar com a acumulação de reservas de US$ 188 bilhões."
"QUANDO UM país se atrasa em sua evolução econômica, os reflexos são amplamente percebidos: a renda dos cidadãos encurta, enquanto crescem exponencialmente os compromissos da nação com seus credores. O Brasil, como país altamente endividado, lutou por décadas para superar o atraso em relação a outros países. No meio do caminho, o processo de industrialização deu para trás, embora tenha ocorrido um fenômeno curioso: o atraso, de certo modo, virou vantagem.
Nos últimos anos, crescendo menos de 3% ao ano, com a renda per capita praticamente estagnada e a classe média tendo seus salários achatados, foi-se adiando tudo o que o Brasil iria produzir ou importar a mais, nas diversas frentes industriais. A infra-estrutura do país, idem. Só não deixou de crescer o país do interior, do agronegócio, apesar de crises sucessivas de endividamento agrícola e repactuações de débitos bilionários pelos governos. Nossas importações seguiram contidas, enquanto a base de exportações tradicionais continuava em expansão. O agronegócio hoje propicia ao Brasil cerca de US$ 45 bilhões de saldo positivo líquido, por ano, em sua balança externa. Especializamo-nos como exportadores de commodities agrícolas e minerais e estamos fazendo saldos constantes na balança comercial brasileira, por conta do crescimento acelerado de outras economias mundiais, em contraste com nosso baixo crescimento histórico.
A China é um desses casos de expansão explosiva, absorvendo nossos produtos básicos. Tem crescido a uma taxa média de 9% ao ano nas duas últimas décadas e consome nosso minério de ferro, nossos produtos agrícolas e até os talentos especializados dos competentes pilotos da antiga Varig, exportados também às centenas. Não admira, portanto, que os saldos comerciais de um país que pouco cresceu tenham finalmente zerado a dívida líquida do setor externo brasileiro.
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O que o governo brasileiro ainda consegue investir é avançando sobre a renda privada com uma pesada carga de tributos. Se a próxima reforma tributária (mais uma!) não tiver o objetivo de frear a gula do leão, o aumento da poupança nacional permanecerá adiado. Continuaremos comemorando o equilíbrio das contas externas à custa do crescimento mirrado e da dívida interna permanente."
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> Leia o artigo, na formatação do jornal, clicando no link a seguir: Folha de S.Paulo - Paulo Rabello de Castro: Quando o atraso vira vantagem - 27/02/2008.
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