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"Na Divina Comédia, o escritor florentino Dante Alighieri
(1265-1321) descreve a antesala do inferno, um escuro vestíbulo infestado
de almas sofridas. Ali residem, aos suspiros e prantos, aqueles que viveram sem
infâmia nem méritos - os indecisos, os neutros, aqueles que pensaram
apenas em si mesmos. Alguns, almas tristíssimas, correm de lado a lado
sem descanso; os outros desventurados são picados por vespas e moscardos,
misturando sangue às lágrimas. Na aurora do último dia 7,
numa manhã abençoada por generosos raios de sol, o vestíbulo
do inferno passou a existir no paraíso de Pearl Harbor, na ilha havaiana
de Oahu - e, no lugar das vespas, lépidos aviões de guerra tratavam
de sangrar quem estava ali. Um ataque preciso e fulminante das forças japonesas
arrasou a principal base militar americana no Pacífico e fez substituir
o brilho do amarelo-sol e do verde-mar pela palidez do cinza-fumaça e do
preto-escombro, tonalidades exclusivas da aquarela da devastação
bélica. É essa nova paisagem, trevosa, soturna e ciméria,
que denota o grande êxito da ousada, surpreendente e traiçoeira ação
nipônica, desde já uma das mais arrasadoras da história militar
- uma ação tão incisiva que fez o governo dos Estados Unidos,
havia anos hesitante e receoso em tomar parte em batalhas de qualquer natureza,
finalmente despertar de sua letargia e declarar guerra contra o Eixo, ao lado
de britânicos e soviéticos.
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Imagens reais de Pearl Harbour sob ataque japonês. (Google) |
O preço pago por essa prostração,
todavia, foi altíssimo. A destruição de 18 embarcações
e 349 aeronaves e a morte de mais de 2.400 americanos em Pearl Harbor, como se
não fossem nefastas por si só, ainda tornam praticamente inválidas
as forças ianques no Pacífico, agora muito provavalmente incapazes
de fazer frente às pretensões expansionistas nipônicas. Graças
ao plano arquitetado pelo comandante Isoroku Yamamoto, magistralmente executado
pelas forças do vice-almirante Chuichi Nagumo, o Japão tem o caminho
livre para a conquista do Pacífico: Filipinas, Malásia, Hong Kong
e Índias Orientais Holandesas já estão na mira - e com elas,
claro, o petróleo, motivo número 1 pelo qual o país do sol
nascente resolveu pegar em armas. Hong Kong, por sinal, depois de 18 dias de combate,
já levantou a bandeira branca.
O ataque a Pearl Harbor ainda atarantava
o mundo ocidental semanas depois do golpe. "Uma data que viverá na
infâmia", classificou o presidente americano Franklin Delano Roosevelt,
encolerizado com a deslealdade da ação japonesa - afinal, não
houve ultimato nem alertas, como sugere o frágil protocolo da guerra. Mais
que isso, o 7 de dezembro ficará marcado como o dia do início da
guerra total, que deixou o front europeu e se alastrou pelo resto do globo, engolindo
todos os continentes. A abertura da frente do Pacífico e a entrada dos
Estados Unidos na contenda, com o apoio de Grã-Bretanha e União
Soviética, contra Alemanha, Itália e Japão, signatários
do pacto Tripartite, aliada à declaração de guerra da China
ao Eixo, coloca um planeta perplexo diante de uma nova guerra mundial - a segunda
em apenas quatro décadas."
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