Considere revisar seu estilo de liderar
(Por Herbert Drummond)
Cada autor ou consultor faz uma lista de estilos de liderança, a seu critério. No Google, quando você pesquisa "estilos de liderança" (clique aqui), aparecem incontáveis links do tipo: "Quais são os 4 estilos de liderança?"; "Quais são os 7 tipos de líderes?"; "Quais são os 5 modelos de estilos de liderança?"; "Quais são os 9 tipos de liderança?" e assim por diante.
Entre tantos tipos, escolhi a lista que considerei um resumo de todas as que vi disponíveis.
Estilos de Liderança
1. Liderança Autocrática
O líder toma todas as decisões sem consultar sua equipe. É caracterizado por um alto nível de controle e autoridade.
- Vantagens incluem decisões rápidas e clareza na hierarquia.
- Desvantagens podem envolver a desmotivação da equipe e a falta de inovação.
- Vantagens incluem maior satisfação e envolvimento dos colaboradores.
- Desvantagens podem ser decisões mais lentas e dificuldades em alcançar consenso.
- Vantagens incluem a promoção da criatividade e autonomia.
- Desvantagens podem ser a falta de direção e o risco de baixa produtividade se a equipe não for autônoma o suficiente.
- Vantagens incluem alta motivação e inovação.
- Desvantagens podem ser o esgotamento do líder e a dificuldade de manter a inspiração a longo prazo.
- Vantagens incluem clareza e previsibilidade.
- Desvantagens podem ser a falta de inovação e a motivação baseada apenas em recompensas externas.
- Vantagens incluem flexibilidade e adaptação.
- Desvantagens podem ser a confusão e a falta de consistência se não forem bem aplicadas.
7. Liderança Servidora
- Vantagens incluem maior lealdade e colaboração.
- Desvantagens podem ser a dificuldade de tomar decisões difíceis e a possibilidade de exploração do líder.
- L representa o estilo ou atitude da liderança.
- s representa a situação ou circunstância que cerca o líder.
- g representa as pessoas que formam a estrutura operacional do setor sob o comando do líder.
- l representa o próprio líder, sua personalidade, conduta, experiência, valores e comportamento.
- Líder (l): O CEO da empresa, que possui um histórico de liderança autocrática.
- Situação (s): Uma empresa enfrenta uma crise financeira significativa.
- Grupo de Liderados (g): Equipe de finanças e gestão.
- Líder: Dado o histórico autocrático do CEO, ele deve primeiro avaliar a situação crítica.
- Situação: A crise financeira exige decisões rápidas e estratégicas.
- Grupo: A equipe de finanças deve ser altamente qualificada e preparada para implementar mudanças.
- Líder (l): O gerente de projeto, conhecido por seu estilo de liderança transformacional.
- Situação (s): Uma empresa de tecnologia está prestes a lançar um novo produto inovador.
- Grupo de Liderados (g): Equipe de desenvolvimento de produto, marketing e vendas.
- Líder: O gerente de projeto deve inspirar e motivar a equipe.
- Situação: O lançamento do produto requer criatividade e inovação.
- Grupo: A equipe é composta por indivíduos altamente criativos e motivados.
- Líder (l): O diretor de RH, que normalmente adota um estilo democrático.
- Situação (s): Uma organização decide reestruturar suas divisões internas.
- Grupo de Liderados (g): Todos os funcionários afetados pela reestruturação.
Aplicação da Fórmula:
- Líder: O diretor de RH deve garantir que todos
os funcionários se sintam ouvidos durante o processo.
- Situação: A reestruturação pode causar incerteza e
ansiedade.
- Grupo: Funcionários de diferentes níveis e
departamentos.
Resultado: O diretor de RH organiza reuniões e grupos de discussão para coletar feedback dos funcionários, explicando as razões e benefícios da reestruturação. Ele ajusta o plano de reestruturação com base nas sugestões e preocupações dos colaboradores, adotando um estilo mais democrático e inclusivo.
- Líder (l): O gerente de operações, que prefere um estilo laissez-faire.
- Situação (s): Uma fábrica deseja melhorar seus processos operacionais para aumentar a eficiência.
- Grupo de Liderados (g): Equipe de operações e chão de fábrica.
- Líder: O gerente de operações deve promover a autonomia e a inovação.
- Situação: A melhoria dos processos exige sugestões e melhorias contínuas.
- Grupo: Trabalhadores do chão de fábrica com experiência prática e insights valiosos.
O que é liderança situacional e quais as vantagens e desvantagens?
Leandro Karnal em "O Futuro da Liderança"
O Reset da Liderança
Nunca foi fácil liderar, mas agora os desafios são enormes, veja algumas evidências irrefutáveis que reforçam a necessidade do reset da liderança:
- Declínio da percepção do bem-estar. Observe a queda nos dois últimos anos, na imagem abaixo, publicada pela Gallup:
- Os níveis de engajamento da força de trabalho ainda representa um desafio, principalmente após a pandemia. Na última leitura sobre engajamento feito nos EUA, pela Gallup, mostrou que, após uma década, a porcentagem de trabalhadores engajados caiu de 36% para 34% e o indicador de pessoas ativamente desengajadas cresceu de 14% para 16%;
- Aumento do languishing – estado mental em que a pessoa não está depressiva, mas também não floresce – como se estivesse inerte à vida – Uma pesquisa realizada pela Ipsos, com 1014 norte-americanos acima de 18 anos, 21% relataram estar em languinshing;
- Quase meio milhão de pedidos de demissão voluntárias por mês, contabilizadas nos últimos meses de 2021, dados publicados na Revista Você S.A;
- Resultados comerciais positivos tem sido mais difíceis de serem alcançados, se comparado com anos anteriores;
- Necessidade de reinvenção constante – viver na versão beta, não é algo fácil, para a maioria das pessoas.
- As causas dos aspectos citados acima são inúmeras, mas uma coisa é certa, há contribuições infelizes das lideranças nas cinco primeiras, concorda? Por isso, o reset da liderança é tão importante.
A liderança precisa mudar, para ser possível conectar as pessoas nesses novos tempos. Portanto, não é mais novidade que a faixa etária abaixo dos 30 anos se recusa a viver a vida dos Baby Boomers – profissionais que se acostumaram a abrir mão da sua vida pessoal para se dedicarem ao trabalho.
Diante disso e da necessidade de reinvenção organizacional, a nova geração precisa de um líder capaz de realizar conversas contínuas, e de uma escuta ativa, para liberar suas ansiedades e medos, em lugar de um líder “cobrador” de metas e processos.
Por outro lado, o bate-papo não invalida o gerenciamento ativo, muito pelo contrário. Comprovadamente, a escuta humana e empática não substitui a necessidade de acompanhamento sistemático das entregas, feedbacks corretivos e alinhamento de valores. No entanto, será que as lideranças sabem como fazer isso ou ficam confusos entre os paradoxos “acolher” e “cobrar”? Esse é mais um motivo para o reset da liderança.
Quem está acima de 30 anos anseia por uma vida mais equilibrada. O preço de não se cuidar (praticar uma atividade física, alimentar-se saudavelmente, nas horas certas, não impor os limites para desligar-se do trabalho) é muito alto. Mas, foi a pandemia que abriu os nossos olhos para o questionamento: “o que estou fazendo da minha vida”?
A partir disso, não importa a faixa etária, de alguma forma, muitos buscam dar um sentido à sua existência, em busca de bem-estar e também para não fazer parte das estatísticas de burnout e depressão, que crescem assustadoramente. Entretanto, como cuidar do outro, no papel de líder, quando você, que lidera, também está precisando de ajuda? Esta é mais uma dicotomia dos dias atuais que exige do reset da liderança, e a resposta parece óbvia, porém, não é tão simples para aqueles vivem esse processo.
O líder precisa aprender a liderar transformações em um ambiente desfavorável – isso exige o reset da liderança. Por que reset? Porque o ambiente é permeado por mudanças intensas e rápidas, tanto no contexto econômico, como nos modelos de negócio e de trabalho, nas tecnologias e no estilo de vida. Tudo isso, é o oposto de um ambiente razoavelmente “normal” que vivíamos alguns anos antes da pandemia.
O líder precisa aprender a liderar transformações em um ambiente desfavorável – isso exige o reset da liderança. Por que reset? Porque o ambiente é permeado por mudanças intensas e rápidas, tanto no contexto econômico, como nos modelos de negócio e de trabalho, nas tecnologias e no estilo de vida. Tudo isso, é o oposto de um ambiente razoavelmente “normal” que vivíamos alguns anos antes da pandemia.
Assim, os métodos, soluções e comportamentos que eram eficazes no passado, não funcionam mais. Parece clichê? Eu também acho, mas muitos líderes ainda continuam a liderar da mesma forma que sempre fizeram…
Transições necessárias da Liderança
Diante dessa perspectiva, os líderes precisam reaprender a liderar. Em outras palavras, adotar uma liderança transformadora, capaz de navegar nas questões abaixo:
- Da visão limitada de áreas, para uma perspectiva estratégica, voltada para a geração de valor em toda a cadeia, ponta a ponta;
- De pessoas excepcionais em suas área de atuação, difíceis de realizarem um trabalho colaborativo, para pessoas comuns e talentosas que sabem colaborar e construir times excepcionais;
- Do modelo baseado em atividades para o modelo centrado nas entregas;
- Do trabalho presencial para um trabalho híbrido ou totalmente remoto;
- Do olhar para o cargo e atribuições, para a capacidade de descortinar a pessoa, seus anseios, perspectivas e sonhos;
- Da tendência em fazer escolhas diante de opções contraditórias, para a habilidade de navegar nos paradoxos, tanto pessoais, como organizacionais;
- Do foco excessivo em resultados de curto prazo, para uma estratégia que permeia o curto, médio e longo prazos, garantindo a sobrevivência organizacional hoje e no futuro;
- Da delegação de problemas relacionados às pessoas aos HR Business Partners ou Profissionais de Gente, para assumir o papel de líder da equipe em todos os âmbitos;
- Da cobrança da área de Gente quanto à transformação cultural, para ser o exemplo da cultura que tanto almeja e cobra, em cada interação com os liderados, pares e todos os stakeholders;
- Da ênfase apenas em eficiência operacional para o foco em inovação, sem perder de vista a eficiência;
- Do líder que diz “o que as pessoas devem fazer”, para o líder que “acredita que seus liderados podem ter respostas melhores do que as dele”. Por isso, “exercita mais perguntas” para desafiar os outros a pensarem, realizarem e construírem um repertório de sucesso;
- Da crença “a vida pessoal não deve se confundir com o trabalho corporativo”, para a verdade de que a vida pessoal de um colaborador ou de um líder, é tão importante quanto o trabalho que ele exerce. Ou seja, ambos são afetados, numa simbiose, para o bem ou para o mal.
Enfim, o reset da liderança não é apenas importante no contexto de aprendizagem dos novos tempos, é uma questão de sobrevivência organizacional a médio e longo prazos. Gerar resultado a qualquer preço é fácil, mas todos perdem e os supostos ganhos, de curto prazo, não são sustentáveis. Ao mesmo tempo, as transições que a liderança precisa fazer para alcançar os resultados positivos, da forma correta, são incontáveis. A lista acima é apenas o início, e aposto que você já pensou em alguma que não contemplei. Que tal colaborar e compartilhar o que pensou?
Lília Barbosa :
CEO Cozex Tech e Sócia da Cozex
liliabarbosa@cozex.com.br
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