Dentre os dez principais comportamentos corporativos, a desmotivação certamente estará presente em qualquer pesquisa realizada ao redor do planeta Terra.
Quem de nós não se sentiu insatisfeito com o seu trabalho na empresa? Pode ser sinal da desmotivação. Não tenho formação acadêmica em psicologia, mas posso afirmar que este ser humano não existe.
Inicialmente, devemos esclarecer que a desmotivação não é um comportamento ou uma atitude. É um estado emocional que afeta a vida das pessoas, sua produtividade, saúde mental, relacionamentos e pode levar à depressão.
Eu tenho observado que as empresas geralmente não estão preocupadas com a falta de motivação dos seus funcionários. É um erro, e grande.
São muitos e diversos os fatores ligados à desmotivação no trabalho. Há muitos escritos sobre o tema na internet e trouxe um deles aqui para o blog. Escolhi um da seção Carreiras, da Folha de São Paulo, que gosto muito.
Sugiro aos leitores, interessados nos assuntos corporativos do blog - sobretudo aqueles que exercem funções de comando - que procure investigar o tema; e identificar os casos de desmotivação que estão - e certamente estão - ocorrendo debaixo dos seus olhos.
Boa leitura e bom proveito.
Desmotivado no trabalho? Veja como reconquistar o ânimo
Newsletter FolhaCarreiras explica causas do problema e traz dicas para reverter a situação
- No mundo todo, 77% dos profissionais estão desmotivados com o próprio emprego; só no Brasil, 72%.
"Uma enorme maioria das pessoas só continua onde está por necessidade", afirma Renata Rivetti, diretora da Reconnect Happiness At Work, empresa especializada em felicidade corporativa e liderança positiva.
- Além da insatisfação, a desmotivação no trabalho prejudica o desempenho do profissional e abre espaço para fenômenos como o quiet quitting e job hopping.
O que explica a desmotivação?
1) Falta de estímulos
Às vezes, a rotina se instala e, com ela, a monotonia. A ausência de desafios, novos aprendizados e exercícios para aprimorar pontos fortes pode levar à desmotivação. "Falta o senso de realização", diz Rivetti.
E o contrário também é verdadeiro: o excesso de tarefas e a sobrecarga, segundo a especialista, fazem o gás desaparecer.
2) Pouca flexibilidade
A pandemia jogou luz sobre a necessidade de equilibrar vida pessoal e profissional. Ambientes de trabalho que oferecem pouca flexibilidade são desestimulantes, dizem os especialistas.
- "É aqui que entra o polêmico home office. Alguns profissionais se desmotivam por não terem a possibilidade de trabalhar remotamente, por exemplo", afirma Adriano Lima, especialista em RH e autor do livro "Você em Ação".
3) Relações com colegas e gestores
- Chefes autocráticos, que ainda entendem a dinâmica da relação como um "eu mando, você obedece", estão entre os principais fatores de desmotivação;
- Ambientes tóxicos de trabalho, também.
4) Empresa incongruente
Sabe quando a organização diz estar preocupada com causas sociais, como diversidade, inclusão e sustentabilidade, mas, internamente, age na direção contrária? É a famosa incongruência.
- Para a geração Z, ela gera o sentimento de injustiça e frustração, diz Juliana Seidl, psicóloga e orientadora de carreiras.
Ela também pode aparecer em relação aos valores dos próprios funcionários. Se a empresa não valoriza as mesmas coisas que você, temos mais um fator de desmotivação.E quando tudo isso está nos trinques, mas ainda me sinto desmotivado? Pode ser o famoso "não é você, sou eu".
"Se pergunte: quais são minhas paixões, meus talentos e meus valores? Nós precisamos ter essas três esferas alinhadas para sentir motivação", diz Rivetti.
- Ela ainda chama atenção para a "permissão para ser humano". Ninguém acorda feliz e motivado todos os dias. É normal ter altos e baixos.
- E, se estamos passando por problemas em outras áreas, é normal que eles respinguem no trabalho também.
- Exemplo: pesadelos, autocobrança excessiva, estresse excessivo, ansiedade, desânimo, princípios de depressão e síndrome de burnout.
E se o sentimento continuar mesmo depois de ir para outra empresa, vale refletir se você está na área certa.
- Não tem nada de errado em recalcular a rota caso perceba que o trio paixões-talentos-valores, sugerido ali em cima por Rivetti, não esteja totalmente realizado.
Quer mais dicas? Na seção abaixo, Juliana Seidl fala sobre o que empresas e profissionais podem fazer para reacender a chama da motivação
PERGUNTE AO ESPECIALISTA
O que é possível fazer para reverter a desmotivação?
- Primeiro, observe os próprios sinais e entenda o porquê da desmotivação ter aparecido;
- Tenha uma rede de apoio, dentro e fora do trabalho. Se for desabafar com outros colaboradores, seja esperto e não fale com quem você não confia;
- Procure fazer novas amizades no trabalho, e não necessariamente só com as pessoas que trabalham diretamente com você;
- Avalie maneiras diferentes de fazer o mesmo trabalho e busque outros processos criativos para fugir da rotina. Vale sondar o chefe para pedir novos desafios;
- Entenda que a desmotivação é um fenômeno humano, não individual. Toda experiência tem a fase da novidade e a da estabilidade. Enxergar isso como algo normal ajuda a tirar o peso de si próprio;
- Se você gosta da empresa, experimente pedir para trocar de área;
- E, por fim, considere mudar de emprego. Mas, a não ser que você esteja em sofrimento agudo, faça essa saída de forma planejada, de preferência com outra oportunidade em vista.
O que as empresas poderiam fazer para melhorar essa situação?
- Investir em práticas atualizadas e estratégicas de gestão de pessoas. Vale avaliar a possibilidade de trabalho remoto e de flexibilizar a jornada e os horários, porque isso está diretamente ligado à motivação;
- Capacitar a liderança. Não adianta promover um colaborador por suas habilidades técnicas sem trabalhar as competências sociais dele também;
- Distribuir tarefas de forma equilibrada, sem gerar sobrecargas e valorizando as competências individuais de cada colaborador da equipe;
- Criar um ambiente seguro para que os colaboradores manifestem suas queixas. Sentir que suas questões não serão acolhidas também gera insatisfação.
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