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domingo, 24 de março de 2024

Crise no Vasco, com demissão de Alexandre Mattos, é um "case" de Gerência Suicida.

 

Este post não trata de futebol, mas sim de ética.

A "surpreendente" demissão pelo Vasco da Gama, de Alexandre Mattos - badalado profissional especializado em trabalhar nos valorizados bastidores dos grandes clubes de futebol - foi e continua sendo notícia de peso no jornalismo esportivo e geral.

Coloquei "surpreendente" entre aspas, porque para mim não houve surpresa nenhuma. Já havia antecipado isso no meu último post (clique aqui). Um autêntico caso de "Gerência Suicida".

Vou explicar, como gestor experiente, o que ocorreu nessa "ópera burlesca" e amadorista de dirigentes despreparados; vítimas da própria arrogância e do egocentrismo.

Primeiramente, é necessário, para se compreender qualquer tipo de gestão/administração, definir, conhecer e respeitar os espaços de poder que devem coexistir em equilíbrio no organograma da empresa. 

Cada função diretiva tem seu espaço de poder inerente a cada e qualquer organização. No Vasco, estes espaços estão circunscritos às funções da SAF, cuja composição das ações está em 70% com a 777 Partner's e 30% com o clube Vasco. Claramente uma relação leonina a favor do investidor. As razões para isso são conhecidas.

Vamos nos ater ao espaço da 777, que é a dona da SAF. Com 30%, o clube apita pouco, como está se vendo. E vamos ignorá-lo aqui. Dentro da SAF temos três grandes espaços de poder:  

  • O CEO é o chefe da empresa, que controla as áreas de futebol, finanças, recursos humanos, gerência de escritórios, área jurídica e comunicação;  

  • A diretoria de futebol, subordinada ao CEO, é a mais importante porque o futebol é o principal negócio da SAF;

  • A comissão técnica do futebol, liderada pelo técnico, é o outro espaço importante. Em tese seria subordinado ao diretor de futebol, mas não é assim que funciona nos grandes clubes.


E aí começam as dificuldades percebidas. Vamos a elas.

A SAF contrata Alexandre Mattos para o cargo. Um personagem conceituado no seu mercado, pelos seus bons resultados nos clubes anteriores. Um "star" na sua profissão.

Foi festejadíssimo pelos vascaínos que depositaram nele as esperanças de grandes contratações e por conseguinte, grandes vitórias e conquistas, aliás, prometidas pela alta direção da investidora, 777 Partner's.

Mas o que viu foi um fiasco, com um orçamento considerado suficiente (clique aqui). Alexandre Mattos foi às compras e aí se deram os desencontros entre os espaços de poder. 

Lúcio Barbosa, Alexandre Mattos e Ramon Dias são os desastrados personagens  desse caso. Lúcio Barbosa (CEO) e Alexandre Mattos (diretor) esqueceram-se de que o Ramon Diaz (técnico do time) teria que ter uma voz forte e ativa nas contratações para o elenco. Não aconteceu. Consideraram-no um componente menor no time, o contrariaram e o descartaram nas decisões mais importantes.

Qual a realidade nos clubes? O técnico é quem responde, "com a vida", diretamente junto à galera, pelos resultados do futebol. Ele é o cara que será cobrado pela inflamada e apaixonada torcida vascaína. Ao que se pode depreender das notícias, Alexandre Mattos não respeitou o espaço do Ramon Diaz e nem o do Lúcio Barbosa.

O diretor de futebol amparou-se na sua própria fama e tomou decisões que não estavam em conformidade com o técnico; e invadiu o espaço de Ramon Diaz. Este, por sua vez, também sustentado por seu apoio junto à torcida, passou a dar entrevistas desgastantes para o diretor. Isso tudo sob as vistas complacentes do CEO Lúcio Barbosa, que não agiu a tempo.

Deu no que deu. No primeiro grande tropeço - derrota para o Nova Iguaçu e desclassificação da final do campeonato - alguém foi responsabilizado.

Alexandre Mattos deixou, claramente, vazar detalhes confidenciais de suas atividades como diretor e mais, não assumiu isso imediatamente a sua falta. Envolveu, maldosamente, um jornalista respeitado  e foi denunciado.

Como se diz popularmente, "deu ruim" para ele. Foi demitido e, julgo, merecidamente. Todos os personagens - CEO, treinador e diretor - estão envolvidos no conflito, mas o diretor foi o principal responsável pela crise. 

Agiu mal, desrespeitou o CEO, invadiu o campo do técnico, foi desleal, não seguiu os limites do seu contrato e deixou-se levar pela vaidade; mostrou-se um amador, alguém que não sabe trabalhar em grupo. Faltou com a ética e sobrou vaidade. É o que penso.

Se estendermos o exemplo para as organizações no mundo corporativo, teremos uma compreensão das causas que, em muitos casos, são responsáveis pelo surgimento de crises. 

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