Eu coiso, tu coisas, ele coisa...
Não! Não é brincadeira não! É gramática na veia! O verbo "Coisar" existe oficialmente no VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) e é apresentado como "verbo defectivo de 1ª conjugação, sendo mais usado nas primeiras e terceiras pessoas do singular e do plural".
Trago o tema ao blog, ilustrado por um artigo publicado na Folha de São Paulo, para tirar dúvidas, que há bem pouco tempo, também eu as tinha, que (quase) todos os verbos, adjetivos, substantivos... podem ser substituídos pelo - também verbo - coisar. Que coisa!
Comecemos pela definição na origem: coisa (clique no link para saber). A partir daí, expressar-se com... "coisa", substituindo tudo que se possa aplicar com a palavra, tanto se popularizou que foi incorporada ao vocabulário comum, ou seja, virou um neologismo com direito a ser verbo (clique aqui e veja a conjugação completa).
Assim sendo, caros leitores, quando aquela palavra que queira usar, no bate-papo trivial, lhe der um branco, não se sinta constrangido em substitui-la pela conjugação - adequada, é claro - do verbo coisar.
Leia o artigo abaixo, da jornalista Bia Braune, que além de informativo é muito bem-humorado.
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De tanto que as pessoas coisam, até dicionarizaram esse verbo
O problema é que, objetificando tudo indiscriminadamente, pouco se
atenta para o quanto as coisas em si são sensíveis
Coisar, todo mundo coisa. Ou em algum momento já coisou. "Amigão, tem como coisar isso aqui para mim, rapidinho?" "Soube da fulana? Ihhh, ouvi dizer que tá toda coisada!" "Eita, não entendi. Bora fazer o seguinte? Primeiro a gente vai coisando, depois a gente vê."
De tanto que as pessoas coisam, dicionarizaram o verbo. Tá em dúvida, pode coisar no Aurélio. O problema é que, objetificando tudo indiscriminadamente, pouco se atenta para o quanto as coisas em si são sensíveis.
Descobri isso graças às privadas francesas. Reparando num papelzinho colado em cima dessas de beira de estrada. "Trate-me bem, mantenha-me limpa... E eu não contarei a ninguém o que eu vi você fazendo!" Ou seja: era uma privada chantagista.
Não, não foi um caso passivoagressivo isolado. Nas mais diferentes cidades, nos mais variados toaletes, me deparei com o mesmo joguinho sujo. Maucaratismo higiênico, sim.
Aliás, já ia esquecendo: não disse que as coisas só têm sensibilidade para o bem. Disse? Vide a autoestima delirante dos bombons vagabundos. Quanto mais esbranquiçados e com gosto de parafina, maiores as chances de a caixa garantir "bombons finos". Pior: "sortidos", na falsa impressão de diversidade. Sabendo muito bem que os de banana e de coco são marginalizados.
Publicidades do Bombom "Sonho de Valsa" nos anos de 1917, 1954 e atualmente. |
Sabonetes, não. Esses são dotados de fair play invejável. Eu mesma, reles humana, daria tudo pela inteligência emocional do saponáceo que adorava ser usado —e por nove entre dez estrelas. Sem nenhum ranço ou mágoa pela única que vazou, indo se lavar na concorrência.
E essa coisa de se achar "vice-líder" em vez de "segundão" ou "semi-loser"? Existe refrigerante altruísta assim. Com rompantes tão genuínos de altivez que chegam a comover. Ele sabe que não é essa gostosura toda, mas tem quem beba? Claro. Então pode ser ele? "Pode ser!", inclusive no slogan. Amor próprio é isso aí.
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Angela M Drummond Martinelli.Adorei saber que coisar é um verbo defectivo,não tem todas as conjugações,vamos coisar agora adorei.
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