Li a entrevista que a Presidente do Grupo Sabin, Dra. Lídia Abdalla, concedeu à jornalista Ana Dubeux, do Correio Braziliense (link mais adiante), no dia 2 de janeiro, e resolvi que a matéria está dentro do círculo de interesse da linha editorial da Oficina de Gerência.
Diz respeito a uma das principais executivas de um dos dez mais importantes laboratórios do Brasil e o principal da região do Distrito Federal e adjacências (Goiás, Tocantins...). A entrevista é longa, mas para facilitar a a dinâmica da leitura, coloquei todas as perguntas e parte das resposta (as primeiras linhas). Para ler a entrevista completa coloquei um link direto para o Correio Braziliense no final do post.
A Lídia Abdalla fala da sua experiência especial que entrou no Grupo Sabin como trainee e até chegar ao topo do organograma. E tudo isso enfrentando os conhecidos e inegáveis preconceitos que as mulheres encaram para disputar a os espaços na selva corporativa.
As perguntas, na entrevista, abrangem aspectos os mais diversos da vida profissional e pessoal da entrevistada. Achei-a de muito valor para os jovens que desejam encarar os desafios e sacrifícios de ocupar o Olimpo dos profissionais se sintam preparados para a gestão executiva em suas carreiras.
Para ilustrar, pincei quatro perguntas do corpo da entrevista:
- Como conciliar a vida de executiva, mãe de adolescente e mulher? Você trabalha três turnos ou relaxa totalmente quando fecha a porta do escritório?
- Quando descobriu sua vocação para gestão?
- Qual a forma adequada de lidar com os preconceitos sexistas no dia a dia dentro e fora da empresa?
- O que diria a uma jovem adolescente que sonha se tornar a principal liderança de um grupo?
(O texto da apresentação é do autor do Blog) . As imagens que ilustram a reportagem abaixo, exceto a de capa, não fazem parte da matéria original.
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Lídia Abdalla, Presidente do Grupo Sabin Presidente do Grupo Sabin fala sobre o poder da mulher no mercado de trabalho |
A executiva há 22 anos na empresa conta como passou de trainee a presidente da rede de medicina laboratorial. Ela diz que o machismo corporativo existe, incomoda, mas não a inibe. "A desigualdade de gêneros não é só no Brasil. É um problema global"
Ana Dubeux
postado em
02/01/2022
Para ela,
o investimento em capacitação e nos estudos a credenciou a subir os degraus.
Soma-se a isso a cultura da organização, fundada por duas mulheres. No Sabin,
77% dos colaboradores e 74% das lideranças são mulheres. A empresa foca em
programas de diversidade e inclusão.
Nesta
entrevista ao Correio, Lídia Abdalla fala sobre a força da companhia.
Revela como, em plena pandemia, a empresa cresceu 19%, investiu R$ 27 milhões,
adquiriu outros laboratórios e clínicas e contratou 600 colaboradores só no DF
em 2021.
Lídia
explica que a pandemia acelerou os planos tecnológicos do grupo. "Além do
investimento em novos canais de atendimento físico e digital, estamos trazendo
novas soluções e inovações para o nosso parque tecnológico", observa.
Segundo
ela, foi preciso muita serenidade para tomar decisões para promover, mesmo em
uma pandemia, a saúde física, emocional de colaboradores e clientes e preservar
o equilíbrio financeiro da empresa. Leia, a seguir, os principais trechos da
entrevista.
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Quando ocorreu o grande salto?
Em 2005,
o Sabin já era o 2º laboratório do DF e do mesmo tamanho do laboratório maior.
Naquele momento, as fundadoras Janete Vaz e Sandra Soares Costa buscaram a
Fundação Dom Cabral para trazer mais profissionalização para o grupo de
gestores......
Outras inovações vieram desde então...
Implementamos
o serviço de diagnóstico por imagem, imunização em todo o Brasil, check-up
executivo, investimento em startups, inovação, investimento em atenção primária
(Amparo Saúde). Em janeiro de 2022, completo oito anos na presidência da
empresa.
Quando você chegou a Brasília imaginava
que ficaria por tanto tempo? Foi amor à primeira vista?
Sou
natural de Alpinópolis (MG) e me formei no curso de Farmácia-Bioquímica pela
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) em 1998 e, no ano seguinte, 1999, vim
para Brasília.......
Como conciliar a vida de executiva, mãe
de adolescente e mulher? Você trabalha três turnos ou relaxa totalmente quando
fecha a porta do escritório?
Claro que
eu tive que abrir mão de tempo com a minha família, do tempo com o meu filho
para estudar, para fazer viagens para reuniões e congressos internacionais. Às
vezes, ficava uma semana/10 dias longe em momentos importantes da vida do meu
filho. ......
Quando descobriu sua vocação para
gestão?
As coisas
foram acontecendo como um processo, de forma natural. Conforme o Sabin crescia,
eu conquistava novos desafios na empresa, buscava novas especializações para me
capacitar melhor.
A discriminação de gênero a prejudicou
em algum momento da sua vida profissional?
A
desigualdade de gêneros não é só no Brasil. É um problema global. Os cargos de
CEO’s, presidência, altas lideranças ainda são ocupados, em sua maioria, por
homens brancos. .......
O que você sentia nessas situações?
É quando
você percebe a diferença e a desigualdade. Isso me incomodava, mas nunca me
inibiu. As mulheres de fato não precisam ser mulher-maravilha, mas precisam ter
autoestima, sim. Se estudamos e nos preparamos, estamos capacitadas para
assumir cargos de alta liderança na empresa.
As mulheres se cobram demais?
Não
precisamos nos cobrar de ser o tempo todo 100%, porque os homens não são o
tempo todo 100%. Eles têm autoestima elevada e enfrentam qualquer público e
plateia sem nenhuma inibição e a mulher está sempre querendo continuar
estudando e se aperfeiçoando. ......
Qual a forma adequada de lidar com os
preconceitos sexistas no dia a dia dentro e fora da empresa?
É preciso
uma mudança de cultura. Eu venho de uma família de três filhos e eu sou a mais
velha. Minha mãe foi professora, costureira, teve comércio. Eu cresci vendo a
minha mãe trabalhar, cuidar dos filhos, da casa e sempre foi natural. Isso faz
toda diferença para ser quem eu sou hoje e como eu lidei para estar no mercado
de trabalho, sobretudo em uma posição de alta liderança.
Mas a cultura empresarial também fez
diferença.
Dras. Sandra Costa e Janete Vaz |
Não precisamos escolher entre ser mãe e ter uma profissão. A mulher tem maior sensibilidade para perceber as situações, além de ser multifuncional. Temos 77% de mulheres no nosso quadro de colaboradores e 74% na liderança feminina. De fato, isso acontece de forma natural, espontânea, e é claro que buscamos aperfeiçoar nossos programas de diversidade e inclusão dentro da empresa....
A média brasileira de mulheres na liderança é de apenas 40%. Abraçar a diversidade é propósito desde sempre da empresa?
O Grupo
Sabin prioriza o movimento de inclusão e possui programa de diversidade,
iniciativa criada para refletir sobre questões rotineiras que fomentem o
respeito e a promoção de diversidade na empresa, além de treinamentos focados
na temática e um tradicional bate-papo a fim de propagar o acolhimento na
equipe.........
Como isso ocorre na prática?
Nossa
política faz diferença na forma como lidamos com os nossos parceiros, clientes
e gerimos a empresa. Por exemplo, temos como ideal investir nos nossos
funcionários para que eles continuem trabalhando e crescendo conosco. ......
As mulheres precisam trabalhar mais do
que os homens para obter o mesmo reconhecimento. Por que isso ainda acontece no
Brasil?
A força
de trabalho feminina não está somente nas empresas, mas também em três
jornadas, que envolvem muitas vezes elas assumirem sozinhas a administração da
casa e os cuidados com os filhos.
O que diria a uma jovem adolescente que
sonha se tornar a principal liderança de um grupo?
Compartilho
a minha história falando sobre a importância de ter paciência e resiliência ao
longo da carreira. Tem coisas que só o tempo nos dá.
O que mudou na sua rotina na pandemia?
O que vai manter e o que volta ao normal?
A
pandemia se difere das últimas crises enfrentadas pela humanidade porque
envolve uma questão de saúde que está trazendo profundas consequências
econômicas. ......
O momento mais desafiador à frente do
grupo foi na pandemia?
Estar à
frente de uma companhia de saúde em plena pandemia foi desafiador. A receita da
empresa caiu inicialmente, faltavam insumos e havia muito desconhecimento sobre
as medidas de proteção contra o vírus. ........
Como o Sabin atuou na luta contra o
avanço da covid-19 nesses quase dois anos?
Foi um
período de muitas mudanças, reflexões e desafios. Além da nossa prioridade de
manter nosso atendimento à população, também estamos dedicados a novas formas
de contribuir .....
A empresa também investiu em
infraestrutura?
Sim, para
oferecer mais segurança aos clientes, ampliamos nossa plataforma de canais de
atendimento e portfólio de testagem. Fomos pioneiros na cidade ao inaugurar o
sistema drive-thru para coleta do exame de detecção para coronavírus. ......
O grupo aderiu a campanhas…
Reduzir
os impactos sociais e econômicos provocados pela pandemia também foi
prioridade. Apoiamos movimentos importantes no país, como o #NãoDemita, que
reuniu companhias de diversos segmentos em uma causa importante, a
responsabilidade social, ajudou a garantir a retenção de aproximadamente 2 milhões
de empregos e assegurou a manutenção das cadeias de produtos do país. .......
E quanto às vacinas contra covid-19, o
que a experiência do Sabin pode nos relatar?
Em
Brasília, o Sabin se uniu à campanha Vacinar é um ato de cuidado! – campanha
estadual de vacinação contra a covid-19. ........
Algumas pessoas dizem que “desanimam”
de se vacinar contra covid-19 já que surgem novas variantes a cada momento. Mas
o surgimento de novas variantes não é algo só do vírus Sars Cov2, certo?
Certo. Os
vírus costumam sofrer mutações à medida que se replicam. A gripe é um exemplo.
Não à toa precisamos nos vacinar anualmente.
O que você diria para aconselhar quem
esteja descrente das vacinas?
Vacinar é
um ato de cuidado com o outro. É uma preocupação com a saúde da coletividade.
Ela protege quem recebe e a população como um todo. .........
Qual a importância da testagem para
conter a ômicron?
No caso
da covid, a testagem é fundamental para identificar a presença ou não do vírus,
principalmente para tomar todas as medidas de isolamento e acompanhamento
médico. ......
Quantas doses de vacina vocês aplicam
em média anual?
Hoje
possuímos 27 unidades com serviços de imunização em todo o Brasil. Em Brasília,
são 17 unidades. Oferecemos vacinas para todas as idades. Temos em nosso
portfólio mais de 20 vacinas, inclusive para viajantes. .......
Especialistas afirmam que a Covid
contribuiu para que muitas pessoas deixassem de lado o cartão de vacinação e as
consultas médicas. Você sentiu queda na procura por vacinas e exames durante a
fase mais dura da pandemia?
Este ano,
houve um surto de sarampo no país, mesmo existindo uma vacina no país contra a
doença, que chegou a ser eliminada do Brasil em 2016. .......
A onda de gripe tem sido apontada por
alguns pesquisadores como um efeito da falta de vacinação. Tem sentido um
aumento na procura por vacinas?
O subtipo
H3N2 compõe o mix da vacina antigripe, tanto a oferecida nos postos de Saúde
quanto na rede privada. ........
O Sabin tem exames que identificam se é
gripe ou covid. Poderia explicar a importância de cada um?
Em
decorrência do surto de síndrome gripal por Influenza A (H3N2), que acomete os
estados de São Paulo e Rio de Janeiro, com alerta em outras regiões do país, o
Grupo Sabin está oferecendo o mini painel respiratório que detecta os vírus
Influenza A e B, Sincicial Respiratório e Sars Cov-2. .......
Cada vez mais a medicina fica mais
tecnológica, mas, ao mesmo tempo, mais humana. Essa é a tendência?
Sim. A
telemedicina vai se fortalecer. Mas, não podemos deixar de lado o olho no olho.
E o cuidado com o paciente. ........
Que balanço faz em 2021?
Este ano
retomamos os investimentos em expansão. Abrimos só em Brasília e regiões
administrativas 10 unidades, incluindo drive-thru, e no Brasil foram 15
unidades novas. ........
Qual a expectativa para 2022?
Além do
investimento em novos canais de atendimento físico e digital, estamos trazendo
novas soluções e inovações para o nosso parque tecnológico e vamos continuar a
ampliação e desenvolvimento de nossos times. No DF, em 2021, investimos R$27
milhões. Para 2022, nossa expectativa é manter esse mesmo ritmo.
O Sabin tem capital fechado, mas você
já está preparando a empresa para abrir capital?
Não temos
esse plano a curto e médio prazos. A empresa ano a ano vem crescendo e
melhorando as boas práticas de governança, preparada para qualquer movimento
estratégico maior.
Há novos planos para a inovação?
Lançamos
o hub de inovação em 2020, na sede do Sabin, em Brasília. O objetivo é fomentar
o ecossistema de biotechs, healtechs e medtechs. .......
Que cenário vislumbra para 2022?
Nossos planos estratégicos para 2022 incluem seguir nossos investimentos em inovação e integração de novos serviços à nossa plataforma de negócios, além de expandir nossos canais e modelos de atendimento para melhorar cada vez mais a experiência de nossos clientes.......
É só clicar aqui para acessar a página do Correio com a entrevista.
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