"A Independência do Brasil não teria sido possível sem a interferência da maçonaria. Desde o século XVIII havia maçons no Brasil, e muitos deles envolveram-se em movimentos políticos contra a Coroa Portuguesa. Foi o caso da Inconfidência Mineira, por exemplo.
Em 17 de junho de 1822, quando a reação brasileira às pretensões das cortes portuguesas já estava em seu auge, houve a criação da organização maçônica Grande Oriente do Brasil, que se apartava do Grande Oriente Lusitano, que já tinha lojas maçônicas no Brasil.
D. Pedro I, em 2 de agosto de 1822, foi iniciado em uma das lojas tipicamente brasileiras, chamada “Comércio e Artes”, adotando o codinome de Guatimozin. Os articuladores da Independência eram maçons e faziam parte do Grande Oriente Brasílico. Entre os principais, estavam José Bonifácio de Andrada e Silva, Joaquim Gonçalves Ledo e José Clemente Pereira. Os três foram responsáveis por convencer D. Pedro a aderir de vez à causa da Independência, ainda que Bonifácio fosse rival dos dois últimos." (clique aqui para conhecer o texto completo)
- "E, assim, a história registrou que a independência brasileira foi proclamada por um grão-mestre maçom, D. Pedro I, cuja ascensão na maçonaria foi meteórica. Registros oficiais apontam que sua iniciação se deu na Loja Comércio e Arte, no dia 02 de agosto de 1822, com o nome de Guatimozim – em homenagem ao último imperador asteca –, que teria sido promovido ao grau de mestre três dias mais tarde e elevado ao posto máximo da organização, o de grão mestre, dois meses depois, sobre o exercício de tal incumbência por D. Pedro, que ele exerceu a função por apenas 17 dias. Em 21 de outubro (uma semana após a aclamação como imperador), mandou fechar e investigar as lojas que haviam ajudado a proclamar a Independência. Quatro dias mais tarde, sem que as investigações sequer tivessem começado, determinou a reabertura dos trabalhos “com seu antigo vigor."
A
Maçonaria e a Independência do Brasil
Em fins de 1821, a Maçonaria Brasileira estava cindida em duas ordens: a “Azul” e a “Vermelha”. A Grande Loja da Maçonaria “Azul” teria membros em São Paulo. No Rio de Janeiro funcionavam, então, já separadas, as Lojas da Maçonaria “Azul” e da Maçonaria “Vermelha”. Esta chefiada por Joaquim Gonçalves Ledo, Cônego Januário da Cunha Barbosa, José Clemente Pereira, entre outros. Aquela tinha à sua frente José Joaquim da Rocha, José Mariano de Azeredo Coutinho, Antônio e Luís de Meneses Vasconcelos Drummond, Pedro Dias Paes Leme, entre outros. Não havia nítida separação entre os irmãos maçons: muitos de tendência “vermelha”, isto é, republicanos, achavam-se nas lojas “Azuis”, rente aos monarquistas, e vice-versa. Outros faziam-no por espionagem. Mesmo assim encontramos um ou outro irmão “Vermelho” em loja “Azul”, ou irmão “Azul” em loja “Vermelha”, porque isso interessava ao jogo político.
Ao mesmo
tempo foi fundado, na casa do maçom José Joaquim da Rocha, na Rua da Ajuda, o
“Clube da Resistência”, depois transformado no “Clube da Independência”. As
tratativas iniciais tinham como objetivo sensibilizar D. Pedro para resistir ao
comando das Cortes, convidar o Presidente do Senado, o maçom José Clemente
Pereira, a aderir ao movimento, bem como ampliar os contados com maçons de
Minas Gerais e São Paulo. Longe dos olhos das autoridades, outras reuniões de
cunho maçônico eram realizadas tanto no Clube quanto no Convento de Santo
Antônio, organizadas pelo Frei Francisco Sampaio.
Com a
reinstalação da Loja “Comércio e Artes”, em 1821, quando obteve liberdade de
atuação, a maçonaria conheceu grande expansão no Brasil, principalmente na
cidade do Rio de Janeiro. Com o tema da “independência” na pauta de todas as
reuniões, fazia-se agitação e proselitismo em favor da ideia. Alguns membros,
como o liberal radical Ledo, eram partidários de uma independência democrática
e republicana. Ledo chefiava a “Maçonaria Vermelha”, em contraposição ao grupo
simpático à “Maçonaria Azul”, que defendia a proposta de uma monarquia
constitucional parlamentar. Em comum, os grupos tinham o absolutismo como
inimigo, e o liberalismo e a representação do povo no legislativo como
princípios fundamentais.
Gonçalves Ledo |
Apesar
de, em 1822, a cidade de São Paulo possuir alguns maçons, eles não eram em
número suficiente para formar uma Loja, diferente do Rio de Janeiro, que
contava com a Loja Comercio e Arte. Seu fundador, Joaquim Gonçalves Ledo, em
apaixonado discurso pronunciado em reunião do Grande Oriente do Brasil,
dirigido ao então Regente, a 20 de agosto, incitou-o, em nome da Maçonaria, a
dissolver os laços que nos uniam a Portugal. Alguns meses antes, cientes de que
sem o apoio de São Paulo e Minas Gerais não haveria independência, a Loja
carioca tinha enviado Paulo Barbosa para Minas e Pedro Dias Paes Leme para São
Paulo, aonde chegou no início de dezembro de 1821, para medir os ânimos
paulistas.
Em meio
às tensões, sondado sobre se atenderia ao pedido dos povos do Brasil para
permanecer deste lado do Atlântico, D. Pedro respondeu que sim e, em cartas ao
pai, dava conta do andamento da situação, de sua disfarçada atuação nela, os
dos fatos que se precipitavam. No Rio de Janeiro começou a receber assinaturas
para que não partisse. Os apoios de Minas Gerais e São Paulo logo chegariam. O
governo paulista, quanto a Câmara Municipal, desde que tomaram ciência dos
decretos resolveram escrever ao Príncipe e mais. Resolveram propor uma ação
conjunta com Minas. Na deputação incumbida de se entender com o D. Pedro,
nomeada no dia 22, encontrava-se Martim Francisco. Para essa província, foi
despachado Pedro Dias Pais Leme que chegou a cidade numa noite chuvosa de 23 de
dezembro levando a mensagem da capital. Ela era clara. A capital e o próprio
Regente eram pela permanência no Brasil. Bonifácio encontrava-se acamado,
atacado de erisipela.
Três
representações foram então encaminhadas a D. Pedro, rogando a sua permanência
no Brasil e o descumprimento aos Decretos 124 e 125. A representação dos
fluminenses foi redigida pelo Frei Francisco Sampaio, Orador da Loja “Comércio
e Artes”. A dos mineiros foi liderada pelo mesmo Pedro Dias, maçom e amigo de
D. Pedro. De São Paulo, Bonifácio, presidente da junta governativa enviou
um documento, em 24 de dezembro de 1821, no qual criticava duramente a decisão
das Cortes de Lisboa.
- Texto de Mary del Priore.
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