Toda morte de um homem público, seja político, artista ou um atleta famoso, é lamentável; mas queiramos ou não, existem gradações.
Quando é um personagem
mais antigo que faz sua passagem a opinião pública, de certa maneira, chora a
história, o legado e a ausência permanente que aquela morte representa.
Todavia, se é alguém jovem,
na flor da idade e com um futuro promissor já delineado, o lamento é diferente.
Assim é o caso da morte
de Bruno Covas ocorrida no dia de hoje, 16 de abril de 2021., com 41 anos. Jovem,
carismático, vencedor, carreira sólida em ascensão e um futuro que se
assegurava, além de meramente prometedor, no mundo político brasileiro.
Nesse espectro político
do Brasil, raros são os jovens que podemos apontar como promissores. Poucos,
mesmo. Tanto é que nossa política vem sendo conduzida há muito tempo por
importantes homens públicos de gerações que remontam à segunda metade da década
de 40 (75 anos) e da década de 50 (70 anos). É lenta a transmissão do poder no
mundo político.
Bruno Covas era um desses
jovens políticos que, como ele, geravam confiança na opinião pública. Por isso
o lamento é maior do que o normal, porque ele vem também da morte de uma parte
da esperança; esperança que temos para que seja inabalável e preservada as
passagens do bastão entre as atuais e futuras gerações dos homens que vão conduzir
os destinos do Brasil pelos próximos trinta anos.
Para melhor ilustrar este comentário do blog, transcrevi abaixo um artigo do jornalista e professor titular de Teoria Política da UNESP, Marco Aurélio Nogueira, de O Estado de S.Paulo.
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Um vazio a ser superado com
o tempo
Marco Aurélio Nogueira*, O Estado de S.Paulo
16
de maio de 2021 | 10h14
A morte do jovem prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), aos 41 anos de idade, tira da política brasileira uma de suas mais promissoras lideranças.
Advogado, economista, deputado estadual, secretário de Meio
Ambiente de São Paulo, presidente do Juventude do PSDB e deputado federal,
Bruno foi um militante das boas causas. Neto do ex-governador do estado de São
Paulo, Mário Covas, não herdou a personalidade explosiva do avô.
Sensível, educado, cordial, sempre disposto a negociar, construiu importante
patrimônio político nesse país envolvido em sérias dificuldades.
É um golpe antes de
tudo para sua família, para seu filho Tomás, muito apegado a ele, para os
inúmeros amigos e companheiros com quem conviveu em sua curta e intensa
vida.
É um golpe também
para a cidade de São Paulo, que o reelegeu para um segundo mandato na
Prefeitura em 2018, prêmio por uma gestão meticulosa, sem estardalhaço, ciente
de que as realizações precisam ser dosadas para serem viáveis. Pode não ter
agradado a todos, mas mereceu o respeito de todos, inclusive dos adversários. O
que virá depois dele, com a posse do vice-prefeito Ricardo Nunes (MDB),
ainda é uma incógnita, por mais que compromissos de continuidade tenham sido
publicamente assumidos.
O vazio deixado por
Bruno Covas será sentido de modo particular no PSDB, seu partido, que não
atravessa bom momento e não mostra força no jogo político. Bruno queria retomar
a orientação original tucana, de perfil social-democrático. Buscava aproximar
as alas partidárias que hoje se engalfinham numa luta interna tóxica,
contaminada pelas eleições de 2022, a que se dedica intensamente o governador paulista
João Doria.
Bruno Covas fará
falta na vanguarda de uma articulação interessada em qualificar o que tem sido
chamado de centro democrático, composto com a direita liberal e a esquerda
social-democrática, numa frente que se proponha a ser o vetor de uma coalização
que mantenha e aprofunde a democratização no País, combinando-a, firmemente,
com um reformismo social a cada dia mais indispensável. Fazer com que essa
perspectiva ganhe corpo e se viabilize será uma homenagem à memória de Bruno.
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