A
primeira questão que coloco para o leitor é o que ele acha do jargão "ninguém
é insubstituível"? É verdadeiro? É falso? É exagerado?
Na minha conceituação, me posiciono, para as pessoas que
conviveram sob minha liderança e/ou para os colegas ou amigos no trabalho, sob
o argumento de que nunca me preocupei com isso. Verdade! Sempre operei com
a visão de que em algum momento eu seria substituído. Serviço remunerado e na
administração pública é assim mesmo. Não há permanência. Liderança, comando,
chefia são cargos de confiança e essa foi a carreira que escolhi. Logo nunca trabalhei
procurando ser insubstituível. O inverso é um absurdo comportamental. Ninguém
trabalha para ser substituível... Pelo menos nunca conheci esse espécimen!
Dessa forma, consegui traduzir de uma forma diferenciada as minhas
passagens pelos postos de trabalho e pelas funções que ocupei, como técnico ou
como dirigente. Explico: fixei no meu estilo de trabalho que, ao invés de
procurar ser insubstituível (e conheço muita gente trabalha com esse
propósito), busquei ser... inesquecível. Uau! O que significa
isso?
Vamos
lá. Ser "inesquecível", comparado aos conceitos de substituível e
insubstituível, significa, por exemplo, você ter conseguido - durante o período
em que haja permanecido no cargo/função - criar, desenvolver ou implantar um ou
mais planos, projetos e empreendimentos que tenham propiciado um upgrade no
ranking de uma equipe, de um departamento ou uma empresa face à expectativa que
se espera daquele grupo. Que seja um trabalho tão significativo que por
muito tempo não será esquecido por quem dele haja participado ou tenha
conhecido. Um programa que tenha projetado seus criadores/desenvolvedores para
uma mudança de status mais elevado.
Nem sempre se chega ao êxito final, mas o simples fato de haver
buscado atingir esse alvo, já o terá tornado memorável. Procure nas suas
memórias exemplos de personagens inolvidáveis que você haja conhecido ou tenha
exemplos na história da humanidade. Quem são seus grandes personagens na história do mundo? Com certeza conhece muitos. É um bom
exercício.
Por isso, quando você abraçar uma causa, um trabalho, um propósito
ou um escopo, não pretenda ser insubstituível, deseje ser, simplesmente,
inesquecível. E se conseguir imbuir sua equipe nesse padrão, tenha certeza de
que terá atingido seu objetivo como profissional.
👇 A título meramente de ilustração transcrevo abaixo um antigo texto que encontrei nos arquivos do site Administradores.com que trata do tema com leveza, atualidade e instrução.
Será mesmo que você é substituível?
Na sala de reunião de uma multinacional o diretor nervoso fala com sua equipe de gestores.
Agita as mãos, mostra gráficos e, olhando nos olhos de cada um ameaça: "ninguém é insubstituível".
A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio.
Os gestores se entreolham, alguns abaixam a cabeça. Ninguém ousa falar nada.
De repente um braço se levanta e o diretor se prepara para triturar o atrevido:
- Alguma pergunta?
- Tenho sim. E o Beethoven?
- Como? - o encara o gestor confuso.
- O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substituiu o Beethoven?
Silêncio.
Ouvi essa estória esses dias contada por um profissional que conheço e achei muito pertinente falar sobre isso.
Afinal as empresas falam em descobrir talentos, reter talentos, mas, no fundo continuam achando que os profissionais são peças dentro da organização e que, quando sai um, é só encontrar outro para por no lugar.
Quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso? Zico (até hoje o Flamengo está órfão de um Zico)?
Todos esses talentos marcaram a história fazendo o que gostam e o que sabem fazer bem, ou seja, fizeram seu talento brilhar. E, portanto, são sim insubstituíveis.
Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa. Está na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipe focando no brilho de seus pontos fortes e não utilizando energia em reparar seus 'gaps'.
Ninguém lembra e nem quer saber se Beethoven era surdo, se Picasso era instável, Caymmi preguiçoso, Kennedy egocêntrico, Elvis paranóico...
O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos.
Cabe aos líderes de sua organização mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus esforços em descobrir os pontos fortes de cada membro. Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto.
Se seu gerente/coordenador, ainda está focado em 'melhorar as fraquezas' de sua equipe corre o risco de ser aquele tipo de líder que barraria Garrincha por ter as pernas tortas, Albert Einstein por ter notas baixas na escola, Beethoven por ser surdo e Gisele Bündchen por ter nariz grande. E na gestão dele o mundo teria perdido todos esses talentos.
Nunca me esqueço de quando o Zacarias dos Trapalhões 'foi pra outras moradas'; ao iniciar o programa seguinte, o Dedé entrou em cena e falou mais ou menos assim:
"Estamos todos muitos tristes com a 'partida' de nosso irmão Zacarias... e hoje, para substituí-lo, chamamos:.. Ninguém... pois nosso Zaca é insubstituível"
Portanto nunca esqueça: Você é um talento único....com toda certeza ninguém te substituirá!
No mundo sempre existirão pessoas que vão amar você pelo que você é, e outras que vão odiá-lo pelo mesmo motivo. Acostume-se a isso e viva sempre de cabeça erguida e com muita paz de espírito
Pense nessa frase da Santa Madre Teresa de Calcutá:
- "Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso. O que eu faço é uma gota no meio de um oceano, mas sem ela o oceano será menor."
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