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"O primeiro dia de um líder” (clique no link para
conhecer) é o título de um artigo escrito por Renato Ricci, conhecido
consultor e autor de livros. Se pesquisarem no Google vão encontrar diversos
outros textos sobre o instigante tema do(s) "primeiro(s) dia(s) no comando
de uma estrutura corporativa".
O texto do Ricci é didático. Aborda de forma
prática algumas situações comuns para quem enfrentará o início de um novo
comando. Vale a pena conhece-lo. Todavia, insiro aqui alguns complementos.
Tivesse sido eu o autor, ao invés de ter colocado o
título no singular eu o apresentaria no plural como "Os
primeiros dias de um líder". Sim, porque as pressões veladas, abertas e/ou
latentes que um profissional recebe ao assumir nova função de comando
sempre ultrapassam o primeiro dia. Estendem-se muitas vezes por vários dias e
até semanas. Sendo ácido no meu comentário, às vezes duram até a saída
(prematura) do dito cujo (são muitos os exemplos).
Dessa experiência posso falar com conhecimento de
causa. Não foram poucas as vezes em que tive de assumir postos de gerência onde
era um elemento estranho ao grupo e algumas vezes até um "intruso" ou
um "interventor". Tenho muitas histórias para contar sobre o
tema.
Um dos casos mais difíceis que tive de enfrentar
foi quando assumi a função de Diretor-Geral de um importante órgão federal que
era (e ainda é) absolutamente corporativo. Lá estava eu,
um "paisano" no meio do tiroteio entre as várias
facções que disputavam o poder intramuros. Devo dizer que entrei sabendo que
era cultura do grupo não ceder espaço a quem viesse "de fora". Topei
o desafio.
Não deu outra! Tive que pedir exoneração para não
prejudicar a administração do presidente da instituição que me havia convidado
e colocado na função contra a opinião de dois terços do agrupamento, que
desejava alguém "da casa" para o cargo. Só que eu não tinha a
experiência de haver vivenciado uma situação assim. Mesmo assim ainda suportei
oito meses na panela de pressão. Dias "inesquecíveis"! Costumo
dizer nas minhas poucas palestras, quando conto o causo, que fui
"expulso" pelo spiritus corpus daquela comunidade.
Revendo o caso de cabeça fria percebi que
cometi erros básicos. O principal deles foi querer promover alterações
profundas na estrutura organizacional (mudando pessoas de lugar, quebrando
territórios conquistas, e alterando estruturas e personogramas) sem ter o
necessário respaldo da comunidade. Pura arrogância minha. Eles não me conheciam
e eu não os conhecia. Não sabiam quem eu era e a minha história. Não dei tempo
à comunidade para me conceder o "certificado de
líder". É uma
boa história.
Aprendi na própria carne e nunca mais deixei de
agir "comme Il fait " em casos semelhantes. Por outras
diversas vezes, depois dessa experiência malfadada, voltei a exercer funções de
direção em condições semelhantes, mas aprendi a lição e não tive mais esse tipo
de problemas de adaptação.
Várias dicas que o autor do artigo acima citado
colocou no texto são efetivas, todavia muitas delas, apesar de verdadeiras, são
óbvias por demais. Por exemplo, “Comece pelo
começo"; "Apresente-se,
diga bom dia" (mesmo se isto for contra a sua índole); "Olhe
as pessoas nos olhos, conecte-se, esteja aberto” ou ainda “Almoce
com alguém. Não se isole”. Na verdade, essas são regras de conduta para qualquer situação de
noviciado.
Todavia, gostei de algumas outras dicas como:
- “Não
comece pelos problemas";
- "Diminua a sua ansiedade em
impor seu estilo";
- "Que tal descobrir quais são
as coisas bacanas que sua equipe já fez no passado?";
- "Quem sabe descobrir logo de
cara um novo talento.”
- “Alinhe sua comunicação com o
estilo de sua equipe:
- Como a equipe interage?
- O que funciona bem?
- O que deve ser melhorado?
- Quais novos canais de comunicação
você pode explorar?”.
O principal ponto a ser atingido por quem vai
enfrentar a situação de assumir o comando de um time e/ou de um determinado
projeto é
mostrar segurança nas primeiras observações e comentários (mesmo que se sinta
inseguro). Se não souber o que dizer, não diga nada, fique calado. Todos
estarão muito curiosos sobre o grau de experiência do “novo chefe”. Ficar
calado, só ouvindo é bom, aumenta o "mistério" em torno do chefe.
Esse mistério, nessa fase, é bem recebido pelo inconsciente coletivo do grupo.
Ah! Outra coisa, não se exiba para a turma. Nada de fazer publicidade do
currículo ou contar suas "histórias" de sucesso. Também não queira
ser exageradamente simpático. Afável sim, mas sem cansar...
O grupo vai querer saber logo de cara se o
novo comandante tem “bagagem e quilometragem" para enfrentar o desafio de
liderá-los. Por isso mesmo ele deve ter muito cuidado com o que diz e faz nesse
início (tempo indeterminado, mas curto) de nova gestão. Todos os holofotes
estarão sobre o “novato”. Se pagar mico nos primeiros dias a gafe será
potencializada, virará "notícia" e vai percorrer as salas do setor
sob o comando dele e da empresa como um todo. A “rádio corredor” não vai
perdoar e deixar escapar um tropeção no novo diretor ou do gerente promovido.
Meu bom conselho de experiência é que conheçam e
não esqueçam a Equação
da Liderança sobre a
qual tenho escrito muitas vezes aqui no blog Oficina
de Gerência;
Ah! Não esquecer nunca que a liderança é uma licença, um diploma
temporal, um certificado que o grupo de potenciais liderados concede, a priori, ao líder
depois examiná-lo nos “primeiros dias” e o terem aprovado "sub judice". Do jeito que concede
essa permissão para liderá-lo, o grupo a retira se o líder não conseguir entregar os
resultados que todos almejam. Acreditem nisso. É a pura verdade!
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