Para quem tem uma vivência direta
com a complexa trama de situações e circunstâncias que cercam os ambientes dos bastidores das
empresas regidas pelas hierarquias dos organogramas tradicionais é fácil
perceber quem fala o que sabe ou quem apenas teoriza.
É preciso saber
sobreviver para não ser subjugado pelo jogo dos organogramas. Coloco-me na
posição de quem tem experiência e vivência nesse xadrez para atestar que o
autor do texto abaixo - Pablo Aversa - não é um teórico. O tema que ele aborda no artigo
abaixo é dos mais interessantes porquanto pouco explorado pelos consultores e
palestrantes conhecidos em suas falas e escritos.
Quais as melhores posturas,
atitudes e comportamentos que subordinados devem adotar para conseguir a
empatia com seus chefes sejam eles supervisores, gerentes, diretores ou
presidentes?
Essa questão pode ser direcionada para todos os patamares dos níveis das hierarquias e relações de poder. Ou vocês imaginam que só porque alguém é um diretor ele não se sente inseguro quando é convocado pelo presidente da corporação? Ou um gerente pelo seu diretor? Ou ainda que seja um Secretário de Estado pelo seu Governador e até um Ministro de Estado pelo Presidente da República?
As histórias sobre os estilos gerenciais de determinados CEOs de corporações famosos são conhecidas pelo "tremor nas pernas"
que seus diretores e auxiliares experimentam quando eles os convocam para prestar
explicações.
Costumo dizer que quando alguém
se lança na busca do sucesso ele entra numa disputa que pode ser - como
metáfora - comparada a uma corrida de alta velocidade. Seja de Fórmula Indy ou Fórmula Um, a corrida do sucesso tem suas derrotas e
vitórias, curvas perigosas e golpes baixos dos adversários.
Entre as muitas curvas perigosas
estão as relações com os chefes. Não tenho dúvida em afirmar que uma
carreira de sucesso está diretamente ligada não só à competência do player, mas
à maneira de relacionamento com quem o chefia.
O artigo abaixo, "Como se
posicionar adequadamente no xadrez corporativo", aborda essas
questões indicando alguns "truques" que serão extremamente úteis para
quem esteja disputando essa corrida para ser um vencedor.
Reproduzo abaixo um pequeno
trecho do artigo que poderá lhes dar uma ideia do conjunto:
- [...] "Pode ser até que você conclua que quanto mais alto eles (os chefes) chegam, menos tempo passam pensando ou se esforçando em fazer com que os outros se sintam à vontade na presença deles. Posso garantir que todos eles cometeram erros quando estavam na sua posição. Talvez tenham aprendido duras lições em épocas difíceis. E não deixaram de pisar na bola uma ou outra vez." [...]
Não perca tempo. Passe à leitura e adote, até o
nível que lhe for possível, as recomendações sugeridas. Certamente algumas
delas você já as pratica, mas é sempre bom passá-las em revista e aprender
novos "procedimentos de campo". Bom proveito!
Há um tempo publiquei o post Como fazer o seu chefe concordar, no qual destacava que o problema podia não estar naquilo que você solicitou, mas em como
você pediu o que queria, e, então, oferecia algumas dicas, caso
quisesse aumentar suas chances de obter um “sim” do seu chefe em suas
futuras abordagens.
Posteriormente, compartilhei o artigo Como fazer com que seu chefe preste atenção em você, para aprimorar a necessária competência de fazer com que o chefe o ouça.
Agora é a vez de checar como andam suas habilidades de se relacionar com os níveis mais altos na organização
em que trabalha. Trago à tona essa questão, porque muitos clientes
admitem que ela de fato aconteça, por uma ou várias das razões abaixo:
- Mostram falta de autoconfiança na presença dos superiores;
- Aparentam estar tensos e nervosos ou aquém de sua capacidade;
- Perdem a compostura ou ficam agitados quando interpelados;
- Não sabem como influenciar nem impressionar os superiores;
- Não compreendem o que os executivos de níveis mais altos querem;
- Acabam por dizer e fazer coisas que não se encaixam na situação.
Também aparecem as seguintes razões, ainda que em menor incidência:
- Gerenciam excessivamente “para cima”;
- Acabam rotulados como excessivamente políticos e ambiciosos;
- Passam muito tempo com os superiores, para imitar suas opiniões, e superestimam o significado e a utilidade dos relacionamentos;
- Suas carreiras dependem demais de seus protetores;
- São indiscretos demais com informações confidenciais.
Não é fácil atuar diante de um ou diversos diretores em uma
organização altamente hierárquica. Afinal, todos eles são muito
habilidosos em alguma coisa para justificar onde estão e não costumam
ter muito tempo. Portanto, quando fazem perguntas, são complexas e eles
querem respostas rápidas, muitas vezes sem se importar com seus
eventuais melindres.
Muitos de nós, numa situação dessas, não saímos ilesos. Em vários
momentos, os diretores o testarão para ver do que você é capaz, fazendo
perguntas difíceis, para ver se você consegue agir sobre pressão. Ou
mesmo irão provocá-lo intencionalmente, para checar como você “se vira
nos 30”.
Pois é, nem sempre serão bonzinhos com você. Pode ser até que
você conclua que quanto mais alto eles chegam, menos tempo passam
pensando ou se esforçando em fazer com que os outros se sintam à
vontade na presença deles. Posso garantir que todos eles cometeram
erros quando estavam na sua posição. Talvez tenham aprendido duras
lições em épocas difíceis. E não deixaram de pisar na bola uma ou outra
vez. Pesquisas indicam que superiores bem-sucedidos cometeram mais
erros até chegar onde estão do que aqueles que ainda não chegaram lá. É
algo para pensar…
Tendo em vista esse cenário, seguem algumas dicas de como aprimorar
sua habilidade de posicionar-se no tabuleiro corporativo adequadamente:
1. Respire calmamente. Sempre. Ficar nervoso,
ansioso ou mesmo incomodado diante dos superiores em uma estrutura
fortemente hierárquica é bastante normal. O importante é não deixar que
isso o impeça de ser o melhor que puder ser. Eventualmente, não ficar
à vontade causa reações físicas, como suar, hesitar, gaguejar,
pronunciar palavras de maneira errada, ficar vermelho, com dor de
barriga, sem ar enquanto fala etc. Quando isso acontecer, pare por um
ou dois segundos, respire fundo, recomponha-se e continue fazendo o que
estava fazendo. Todos nós já passamos por isso, portanto, lembre-se:
faça o melhor que puder fazer. Afinal, você provavelmente sabe mais
sobre esse assunto do que eles. Não deixe que a ansiedade o impeça de
demonstrar sua condição de especialista. Foi para isso que você se
preparou!
2. Antecipe alternativas. Sempre. Faça uma
lista dos seus maiores medos. Quais são as piores coisas que poderiam
acontecer? Visualize-se em cada um desses momentos. Pratique
mentalmente como você se recuperaria. Por exemplo: 1) não consegue
pensar nas palavras certas? Faça uma pausa, mas não preencha o silêncio
com “ahn”. Consulte as suas anotações; 2) está na defensiva? Faça
perguntas; 3) o tempo está acabando? Vá direto à conclusão. Pratique as
situações mais realísticas na frente do espelho ou, se possível, com
um colega para representar seu público.
3. Pratique. Sempre. Treine o que for fazer
várias vezes. Assim, parecerá o mais natural possível; isso lhe dará
tempo para ficar à vontade e lidar com perguntas e mesmo com reações
imprevistas. Grave-se em vídeo. Você falou, no máximo, durante dez
minutos sobre cada assunto principal? Falou demais sobre alguma coisa, o
que lhe fez parecer uma enciclopédia ambulante? O tom ou o volume da
sua voz variou ou foi monótono? Eles se lembrarão dos tópicos
principais da sua apresentação 15 minutos depois que a reunião
terminar?
4. Reconheça o terreno. Sempre. Se for uma
apresentação para diversas pessoas da alta administração, visite o
local do evento antes da data marcada, para se sentir mais à vontade e,
se puder, pratique seu discurso ali mesmo. Durante a visita, pense nos
assentos. Todos conseguirão ouvi-lo facilmente ou você precisará
levantar a voz? Existe algum lugar no palco onde a visão da plateia
fica obstruída? Certifique-se de não ficar nesse ponto. Quem está no
fundo da sala vai conseguir ver seus slides? Se não, use menos itens
por slide e aumente a fonte.
5. Administre o tempo. Sempre. Planeje o que
precisa fazer e explore tudo cuidadosamente. Demore o mínimo
necessário. Leve mais material do que precisa ou vai usar. Se levar,
por exemplo, 60 slides, mostre apenas 40 e esteja preparado para
mostrar 30. Slides de resumo podem ajudá-lo com isso. A alta
administração é muito ocupada. Todos gostam daqueles que levam menos
tempo que o planejado ou indicado na pauta. Deixe que eles peçam mais detalhes. A intenção não é sobrecarregar os participantes.
6. Prepare-se para a sabatina. Sempre. Muitas
pessoas se atrapalham durante a sabatina. Não invente respostas. A
maioria dos superiores aceitará um “não sei, mas posso pesquisar e lhe
dizer depois”. Pense em todas as perguntas com antecedência: peça para
alguém dar uma olhada no que você vai apresentar e listar perguntas que
poderão surgir. Ensaie as respostas para esses possíveis
questionamentos. Outra ocasião em que as pessoas se atrapalham diante
de um desafio é quando citam fatos; os executivos geralmente estão
querendo ver o seu raciocínio e a sua análise do problema, portanto, em
vez de repetir a mesma coisa que você já disse, explore seu argumento
com outras palavras. É claro que o pior que pode acontecer é um
executivo rejeitar seu ponto de vista. Se isso acontecer, verifique se
você foi interpretado mal e esclareça sua ideia. Se não for esse o
caso, deixe polidamente a divergência de lado. Poucos executivos
respeitam quem muda de ideia assim que é confrontado. Você precisa
ouvir cuidadosamente e responder de maneira lógica. Não repita o
argumento inteiro. Respostas longas costumam ser um tiro que sai pela
culatra, pois todos já ouviram o que você disse e algumas pessoas podem
acabar concordando com quem fez a pergunta. Ao tentar ser abrangente,
você pode acabar mostrando que está na defensiva. E não queremos entrar
nesse território, certo?
7. Seja humilde. Sempre. Pergunte para um
integrante da alta administração (que conheça bem) o que ele sugere que
você poderia fazer para se sentir mais confiante e ter um desempenho
mais eficiente, quando interagir com ele e os demais executivos
seniores. Dê crédito ao que ele disser. Fale também das suas ansiedades
com um colega de confiança e peça dicas e conselhos. Encontre alguém
que pareça se sentir à vontade no ambiente que você considera difícil e
pergunte como ele faz para se apresentar daquela maneira.
8. Olhe-se no espelho. Sempre. Se apenas
algumas pessoas na hierarquia mais alta o incomodam e outras, não,
anote em um papel os diferentes estilos dos dois grupos ou indivíduos.
Reflita: quais são as semelhanças? Por que um estilo me perturba e o
outro, não? Como poderia me sentir mais confortável ou ter uma reação
mais eficiente? Seria possível utilizar algumas das técnicas que uso
com o grupo que me deixa mais à vontade? Posso me concentrar em não
levar nada para o lado pessoal, aconteça o que acontecer, para voltar a
discutir objetivamente o problema?
9. Aproxime-se. Sempre. Tente conhecer e
interagir com quem está na hierarquia mais alta durante ocasiões
informais, como recepções, encontros sociais ou esportivos, eventos
beneficentes e fora do local de trabalho. Você provavelmente vai acabar
percebendo que os superiores são pessoas comuns, talvez mais velhas,
e, consequentemente, ocupam um cargo acima do seu. Talvez assim você se
sinta mais à vontade diante deles em um ambiente profissional.
10. Descubra como o outro pensa. Sempre. Michael
M. Lombardo, do Center for Creative Leadership, sugere: leia a biografia
de cinco grandes personagens. Veja o que os autores dizem dos
biografados e o que esses personagens pensam de pessoas como você. Leia
também cinco autobiografias e veja o que os autores dizem sobre si
próprios e como veem as pessoas na sua posição. Finalmente, escreva
cinco coisas que você pode fazer diferente ou melhorar, considerando o
conhecimento adquirido.
* Pablo Aversa - Formado em Administração de Empresas pela UERJ, com MBA Executivo pela
BSP, acumula mais de 20 anos de experiência como líder-coach e
responsável direto pela construção e liderança de operações estratégicas
em multinacionais dos segmentos de Alimentos e Varejo. Sólidas qualificações permitiram que alcançasse aos 39
anos a posição de Vice-Presidente de Marketing em uma das maiores
empresas multinacionais do varejo. Obteve Certificação
Internacional em Coaching Integrado Nível Senior pelo ICI (Integrated
Coaching Institute) para atuar como Coach Executivo e Pessoal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Convido você, caro leitor, a se manifestar sobre os assuntos postados na Oficina de Gerência. Sua participação me incentiva e provoca. Obrigado.