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sábado, 26 de maio de 2012

Brilhante comentário de Clóvis Rossi (Folha de São Paulo)

Não perco nenhuma oportunidade de combater o esquecimento dos horrores que o nazismo e os partidários de Adolf Hitler promoveram no mundo no período da história em que a humanidade assistiu sua chegada ao poder e a segunda guerra mundial. O holocausto foi o mais abominável dos crimes contra a humanidade que um governo possa haver cometido no período da história contemporânea.
De vez em quando surgem alguns loucos que simplesmente negam a existência desse anátema que o povo alemão infelizmente carregará para o resto de sua história. 

"O povo judeu decidiu impedir que o Holocausto seja esquecido, para que, com sua lembrança, fique assegurada para que o mundo não permitirá jamais que torne a acontecer com os judeus ou com qualquer outro povo ou grupo na Terra. Na foto: soldados israelenses junto à chama simbólica no Memorial do Holocausto (Yad Vashem, Jerusalém).
Durante os seis anos de guerra, foram assassinados pelos nazistas aproximadamente 6.000.000 de judeus – incluindo 1.500.000 crianças – representando um terço do povo judeu naquela época. Esta decisão de aniquilar os judeus, já prevista desde 1924 no livro "Mein Kampf", de Adolf Hitler, foi uma operação feita com fria eficiência, um genocídio cuidadosamente planejado e executado. Foi único na história em escala, amplitude e implementação, e por essa razão recebeu um nome próprio: o Holocausto.
Menos de cinquenta anos depois, grupos de racistas, de neonazistas e de antissemitas tentam negar que o Holocausto tivesse alguma vez existido, ou afirmam que a escala foi muito menor. Existem algumas causas para esse chamado "revisionismo", especialmente políticas e antissemitas. Alguns pretendem limpar o nazismo de seu crime maior; outros acreditam ao negar o Holocausto estão procurando destituir Israel de seu direito de existir. Este é o motivo pelo qual os que negam o Holocausto têm muito mais suporte nos países árabes.
Mas o Holocausto existiu, como atestam os testemunhos documentais e pessoais, e o povo judeu decidiu impedir que seja esquecido, para que, com sua lembrança, fique assegurado que o mundo não permitirá jamais que torne a acontecer com os judeus ou com qualquer outro povo ou grupo na Terra. A negativa da existência do Holocausto é uma abominação e uma ameaça potencial para o mundo inteiro." ( texto reproduzido do site Visão Judáica)

Coloco-me, como faria qualquer ser humano civilizado, ao lado daqueles que não deixam o mundo esquecer-se do nazismo e seus horrores. Por isso resolvi postar um dos textos mais brilhantes que já terei lido sobre o tema. Seu autor é o consagrado jornalista Clóvis Rossi da Folha de São Paulo que atualmente é correspondente internacional na Europa. Ele visitou antigos campos de concentração dos alemães na segunda guerra - principalmente os de Auschwitz-Birkenau  -  e de tão impressionado que ficou mesmo sendo um jornalista de enorme experiência deixou sua impressão no artigo abaixo que foi publicado no último dia 22 de maio. Convido-os a ler o texto e refletir sobre ele.

São Paulo, terça-feira, 22 de maio de 2012Mundo
Mundo
http://www.abi.org.br/images/Entrevista_ClovisRossi5.jpg
Clóvis Rossi
O inferno nunca sai da alma
Impressões sobre uma visita à máquina de matar nazista construída em Auschwitz-Birkenau 
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CRACÓVIA - Uma placa no Museu Judaico de Cracóvia registra um diálogo imaginário entre mãe e filha em que a menina diz: "Mamãe, quando eles nos matarem, vai doer?". A mãe responde: "Não, queridíssima, não vai doer, vai levar só um minuto".

Comentário abaixo do diálogo: "Pode ter levado só um minuto, mas foi o suficiente para nos manter despertos até o fim dos tempos".


Profético. A dor pelo assassinato de 1,1 milhão de judeus, só no complexo Auschwitz-Birkenau, perto de Cracóvia, perdura até hoje na alma dos judeus, como deveria perdurar na alma da humanidade. Não foi um crime só contra os judeus, o que já seria intolerável, mas contra a condição humana.

Não apenas porque em Auschwitz-Birkenau morreram também entre 140 mil e 150 mil poloneses, 23 mil ciganos, 15 mil prisioneiros de guerra soviéticos e 25 mil pessoas de outras etnias. Mas principalmente porque uma máquina meticulosa de matar despojou da condição humana todas essas pessoas e milhões mais em outros pontos da Europa.

Quando a mãe e a menina do diálogo imaginário foram levadas para a câmara de gás de Birkenau, já estavam mortas. Elas, como todos os judeus trazidos de toda a Europa para os 30 km² que abrigavam o complexo de Auschwitz, já haviam perdido suas casas, seus trabalhos, seus objetos pessoais, suas posses, seus seres queridos, rigorosamente tudo o que possuíam.

"Quem perde tudo muitas vezes perde a si mesmo", escreveu Primo Levi, judeu italiano, prisioneiro de Auschwitz, um sobrevivente que é talvez o mais completo narrador dos horrores do campo.

Levi escreveu também que quem esteve em Auschwitz nunca conseguirá sair e quem não esteve nunca conseguirá entrar.

É tanto verdade que se suicidou em 1987, mais de 40 anos depois de deixar o inferno. Dele diria o Prêmio Nobel da Paz (1986) Elie Wiesel, outro sobrevivente de Auschwitz: "Primo Levi morreu em Auschwitz 40 anos depois".

De fato, eu confesso que, como parte de um grupo de jornalistas que o Congresso Judaico Latino-Americano trouxe para uma visita-aula aos locais emblemáticos do Holocausto na Polônia, saio com mil perguntas e quase nenhuma resposta.

Principal pergunta: por que construir uma indústria da morte se ela não servia para derrotar os Exércitos inimigos, se não servia para ocupar territórios? (a Polônia já fora ocupada no início da guerra, em 1939, antes portanto da entrada em operação da máquina de matar).

O que assusta, entre tantos horrores, é que permanece a tentação em muitas partes do mundo, mesmo na Europa, de eliminar o "outro", o supostamente diferente, seja judeu, cigano, hutu ou tutsi (em Ruanda), muçulmano.

Nada, é claro, teve, antes como depois do Holocausto, a dimensão do que se fez em Auschwitz e outros campos e guetos. Mas direitos humanos, direito à vida, não podem ser medidos por quilo.

Por isso, vale a frase do filósofo espanhol Jorge de Santayana y Borrás (mais conhecido como George Santayana), gravada na entrada do "Bloco 4" de Auschwitz: "Quem não relembra a História está condenado a vivê-la de novo".
Se preferir ler o texto no formato original é só clicar sobre a imagem acima

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