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domingo, 19 de setembro de 2021

Desaprender - Conheçam essa nova habilidade.




Falar sobre liderança sempre é bom e prazeroso. Principalmente nestes tempos bicudos onde os líderes fazem parte daquele grupo que é citado até pela Bíblia: "Muitos serão os chamados e poucos os escolhidos". E é assim mesmo!

Já dizia um encarregado de obra, nos meus velhos tempos de engenheiro-chefe de obras,  no sertão da Bahia:  "Dotô, todo mundo quer ser santo, mas ninguém quer morrer!" Creio que caberia parodiá-lo e dizer que "Todo mundo quer ser líder, mas poucos querem correr riscos e assumir responsabilidades". 

A experiência - exitosa - de muitos anos de exercício em cargos de comando e liderança, posso dizer uma verdade: Na vida executiva a grande constante é exatamente o viver a aventura dos contratempos, dos perigos das tomada de decisões e dos  riscos de ser colocado à prova permanentemente. 

O artigo abaixo, reproduzido do site da HSM Online , aborda questões interessantes sobre as novas... digamos, "roupagens" da liderança. Leia este trechinho que retirei do artigo:
  • [...] "Não adianta você ser supercompetente em algo desatrelado das competências necessárias ao sucesso do negócio da sua empresa naquele momento específico. Esse ponto C (ponto de competência) será o seu diferencial. Mas para chegar lá é preciso, antes, livrar-se do que pode até ter sido útil no passado, mas tornou-se um empecilho para aprender o novo." [...] 
O básico da mensagem que o autor do texto nos passa é a ideia de que para ser um líder é necessário desenvolver, continuamente, novas competências e conhecimentos e para isto deve-se "desaprender" certas premissas corporativas que ainda persistem em manter-se ativas em nosso sistema operacional.

Quer um exemplo? Examine, por favor, o conceito - atualmente na moda - do "manda quem pode, obedece quem tem juízo". Vivemos dizendo isto o tempo todo até como forma de "homenagear" nossos chefes, mas é uma frase desabonadora para quem o diz e para quem seja o chefe. É um provérbio que nega a liderança, que nega o poder de decisão de quem o utiliza e diminui o mandante como líder.

Tudo isso para dizer que não há base confiável para mudanças se você não estiver disposto a abrir mão, pelo menos, de parte dos seus "protocolos pessoais". E isso é tão mais difícil de executar quanto seja o grau de sucesso que você haja angariado por se utilizar da coleção de recursos, habilidades e conceitos que o levaram aos seus êxitos e conquistas.

Gostei muito do trecho onde o autor ensina que "A liderança, tal como a conhecemos hoje, está com os dias contados. Os velhos e surrados atributos do líder foram concebidos para uma realidade que já não existe mais. E o líder baseado apenas no carisma é uma espécie em extinção."

A partir dessa verdade - sim, é uma verdade! - é necessário que os habitantes da selva corporativa se convençam de que o "desaprendizado" será - de forma terminativa -  uma habilidade e uma competência exigida para consolidar carreiras em ascensão.

Recomendo que não deixem de ler o artigo em sequência.




Aprenda a Desaprender

Todo mundo sabe que é preciso adquirir novas competências a fim de garantir uma carreira de sucesso - e é mesmo. Mas você já se perguntou o que de fato precisa aprender? Nem sempre é o que parece mais óbvio. Acredite: em certos momentos da vida executiva o melhor a fazer é aprender a... desaprender!

Descubra seu Ponto C, seu ponto de competência. Pare de ficar apenas tentando superar suas limitações, seus pontos fracos. Invista naquilo em que você já é bom e que pode torná-lo melhor ainda. E que, de preferência, coincida com aquilo que vai agregar valor aos resultados da empresa.

Não adianta você ser supercompetente em algo desatrelado das competências necessárias ao sucesso do negócio da sua empresa naquele momento específico. Esse ponto C será o seu diferencial. Mas para chegar lá é preciso, antes, livrar-se do que pode até ter sido útil no passado, mas tornou-se um empecilho para aprender o novo.

Precisamos deletar conhecimentos, atitudes, habilidades e preconceitos para abrir espaço para nos voltar para o futuro. Temos muito o que desaprender. Mas não se trata apenas de técnicas. Trata-se mais de postura, de atitudes, do modelo mental que ainda prevalece em nosso dia-a-dia empresarial.

É preciso desaprender certas crenças da nossa cultura empresarial. Pérolas do pensamento como "subordinados são pagos para fazer e não para pensar" e "cada macaco no seu galho" — inspiradoras da departamentalização excessiva — e o "manda quem pode obedece quem tem juízo", acabam aprisionando a energia criativa das pessoas.


A liderança, tal como a conhecemos hoje, está com os dias contados. Os velhos e surrados atributos do líder foram concebidos para uma realidade que já não existe mais. E o líder baseado apenas no carisma é uma espécie em extinção.

Precisamos desaprender a nos posicionar como experts. A vez do especialista, do profissional unifuncional, está chegando ao fim. Ainda é uma herança da era industrial. Salvo raras exceções, não dá mais para fazer uma carreira apenas dentro de uma área e chegar a diretor ou vice-presidente tendo passado por todas as seções dentro dessa área.

O futuro estará nas mãos dos multifuncionais, daqueles que tiverem experiência em vendas, em finanças, em logística, na gestão de pessoas. Mais do que um profissional especializado em técnicas, os líderes empresariais desejarão cada vez mais aqueles que entendam do negócio da empresa como um todo. Aqueles que sejam multicompetentes.

É preciso que nós desaprendamos a viver voltados para dentro da empresa. Os resultados não são mais gerados só dentro das "paredes" da empresa. O diferencial reside do lado de fora, na conexão desta com seus clientes, parceiros, fornecedores, formadores de opinião.

O capital intelectual não é sinônimo do quadro de funcionários. É necessário propor projetos de capacitação em competências para distribuidores, PDVs, fornecedores, parceiros e para as comunidades onde operam. A competência tem de estar em toda a cadeia de valor do negócio da empresa.

Precisamos desaprender a viver com medo, criar um clima de maior tolerância para riscos, tomar mais iniciativa, sermos mais proativos e com isso encorajar outros. Vivemos engaiolados por normas e estruturas. Muitos líderes querem encorajar pessoas a serem mais ousadas, a dar vazão à criatividade, mas eles próprios não se comportam da forma que apregoam. Precisamos desaprender a educar pelo discurso e aprender a educar pelo exemplo.


Aprender a desaprender é o segredo daqueles que conseguem identificar - e com clareza - o Ponto C. Mas, competência não é sinônimo de conhecimento. Só chega ao Ponto C quem agrega valor e disponibiliza resultados para a empresa onde trabalha e para a sociedade onde vive. 

Por César Souza (presidente da Empreenda, empresa de consultoria em estratégia, marketing e recursos humanos, além de autor e palestrante)


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