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sábado, 28 de novembro de 2009

As profissões mais bem pagas


Remuneração

As profissões mais bem pagas

Desejo de ficar rico pode não ser um critério determinante em testes vocacionais, mas é prudente saber quais são as perspectivas financeiras de uma profissão antes de investir nela tempo e dinheiro. Um dos estudos mais completos sobre salários é o da Fundação Getulio Vargas. Com base nele, foi elaborado o ranking desta reportagem. O critério utilizado para revelar os campeões da remuneração foi o salário médio de cada profissão em todo o país. Algumas variáveis tendem a puxar os valores para cima. Entre elas, viver nos estados do Sudeste e em metrópoles. Para ganhar bem, no entanto, não basta escolher uma das carreiras que encabeçam a lista. "Médicos, advogados e engenheiros podem ter bons salários na média, mas mesmo eles não vão muito longe sem vocação, competência e um bom nível de conhecimento profissional", diz Marcelo Ferrari, consultor sênior da área de capital humano da Mercer, em São Paulo. Ou seja, de nada adianta optar por direito, sonhando em ser um dia um juiz com ótimo salário inicial, se não se tem gosto pelo estudo das leis, pelo debate de ideias e pela leitura. Outra regra que vale para todas as profissões: rendimentos mensais de seis dígitos são privilégio de muito poucos. Guiar-se por eles na escolha da profissão possivelmente levará a incômodas decepções no futuro. Por mais competente que alguém seja e por mais que se empenhe na carreira, há sempre no percurso uma infinidade de condições que ajudam a chegar ao topo - ou atrapalham. Aliar-se com as pessoas certas, ter bons chefes, deparar com as oportunidades no momento ideal, atuar em um setor de atividade que subitamente cresce em relevância econômica - enfim, há circunstâncias que, em geral, não podem ser previstas e quase sempre têm impacto na evolução profissional. "Por isso, o melhor é não ficar enjaulado em uma carreira: aprenda outras atividades e tenha sempre um plano B", diz César Souza, presidente da consultoria Empreenda, de São Paulo.
Há três caminhos que, em geral, levam a bons salários. O primeiro é procurar vagas nas empresas líderes de cada setor, pois costumam ser as que mais crescem e, portanto, as que oferecem as melhores oportunidades e pagam melhor. Um analista financeiro júnior que começa ganhando mais que a média de mercado em uma empresa pequena, por exemplo, pode demorar até sete anos para ser promovido. Em uma companhia líder, em quatro anos, em média, ele já passa a ocupar o cargo de analista sênior, com um salário maior. O segundo caminho, válido para profissionais liberais, é conquistar bons clientes e assumir a propriedade do próprio nariz. Os médicos, arquitetos e advogados mais bem-sucedidos (leia-se, com os melhores rendimentos) quase sempre atendem em consultório ou escritório próprio. O terceiro caminho é optar por carreiras do serviço público com bons salários iniciais, como fiscal da Receita Federal ou juiz.
Para ganhar bem, não se pode parar de estudar nunca. A pesquisa da FGV acrescenta novas comprovações à já consolidada tese de que o investimento em educação aumenta salários e reduz a possibilidade de desemprego. A taxa de ocupação entre os brasileiros em idade ativa que nunca passaram de um ano de estudo é de 60%. Entre os que estudaram dezoito anos ou mais, 91% têm trabalho. Quanto aos salários, cada ano de estudo adicional representa um aumento médio de 15% no valor recebido no fim do mês. O ideal, portanto, é não ficar só no diploma universitário. Cursos de especialização e pós-graduação fazem diferença no contracheque de carreiras em que o conhecimento técnico é essencial, como medicina e análise de sistemas. "Uma experiência sólida no exterior, seja acadêmica, seja profissional, também influencia positivamente no nível salarial e no rumo que a carreira toma", diz Renato Bagnolesi, headhunter da Robert Wong Consultoria Executiva. Trata-se de um investimento com um alto retorno na vida pessoal. Afinal, um bom salário costuma ser diretamente proporcional à satisfação no trabalho.


Vale um "brilho no olhar"


Luciane Cristina Muraro tem 30 anos e recebe um salário mensal de 21 000 reais. Ela é juíza federal substituta do Tribunal Regional do Trabalho, em Minas Gerais, há mais de um ano. "O salário agrada, claro, mas não foi o único motivo para eu ter escolhido essa carreira", diz a jovem juíza. "O papel de pacificadora sempre me atraiu, o que é perfeito para uma função que exige a habilidade de apaziguar disputas." Nascida em Tangará da Serra, em Mato Grosso, Luciane mudou-se para o Rio de Janeiro para cursar direito. Após a formatura, em 2001, começou a se preparar para o concurso público para juiz, em que só 10% dos inscritos passam da primeira fase. Luciane participou de cursos e palestras e trabalhou em escritórios especializados nas áreas penal, cível e trabalhista, para descobrir sua vocação. Ela gosta da vida quase nômade dos magistrados iniciantes. Antes de se estabelecer em Belo Horizonte, passou pelo Tribunal Regional do Trabalho em Mato Grosso. "Atualmente, permaneço a maior parte do tempo na capital mineira, onde a sala de audiência é frequentada por representantes de grandes indústrias." Luciane pretende continuar estudando para galgar todos os postos da carreira. Isso inclui fazer pós-graduação e passar uma temporada no exterior. "O importante é manter
sempre o mesmo brilho no olhar que eu tinha no dia da minha posse."
 
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