23/01/1985 - Tancredo faz viagem diplomática
Tancredo Neves foi o primeiro presidente civil eleito depois do golpe militar de 1964 ao derrotar Paulo Maluf no pleito realizado dia 15 de janeiro pelo Colégio Eleitoral. Em sua primeira viagem como presidente eleito, Tancredo visitou Portugal, Itália, França, Espanha, Estados Unidos, México e Argentina. O objetivo era mostrar que o Brasil havia mudado, e que seriam estabelecidos novos acordos comerciais e diplomáticos.
Durante o voo para Roma, comentou com os jornalistas os planos de reatar relações com a União Soviética, e disse que os Estados Unidos seriam sua última e mais importante escala. O presidente eleito disse em seu discurso em Washington que o povo brasileiro era o principal protagonista da redemocratização, além de declarar que a recessão era um fator que desestimulava os investimentos.
Já a chegada à Roma teve destaque nos jornais italianos. A base das conversações com o presidente Sandro Pertini e o premier Bettino Craxi foi a fixação de um programa de comércio externo. Na França, o tema dos debates foi a dívida externa brasileira. O presidente eleito recebeu em Portugal título de doutor honoris causa na Universidade de Coimbra e acertou a colocação de produtos brasileiros no Mercado Comum Europeu. Na Espanha, Tancredo recebeu honras de chefe de estado e interessou-se pelo Pacto de Moncloa, no qual todos os segmentos da sociedade espanhola se comprometeram a atuar politicamente sem atrapalhar na construção da democracia no país.
Ao regressar, Tancredo iniciou as articulações para a constituição do primeiro ministério da República Civil. No dia 12 de março, concedeu a última entrevista coletiva como presidente eleito. No pronunciamento, defendeu a contenção dos gastos públicos, o combate à inflação, recursos para produção agrícola e reformulação da Lei de Greve. Dois dias depois, passou mal, foi internado e morreu no dia 21 de abril de infecção generalizada.
Figueiredo desabafa na TV
João Figueiredo, o último general-presidente, admitiu em entrevista concedida à TV Manchete que se saiu mal ao agir no governo como se estivesse em um quartel, e acrescentou: "Vou sentir uma pena danada do doutor Tancredo ao passar a faixa presidencial para ele".
Figueiredo negou que dissera que prefere o cheiro de cavalo ao cheiro do povo: "Aquilo só pode ter sido uma maldade dos jornalistas, que ouviram o que eu disse. Eu disse que gosto mais do cheiro de cavalo, para não dizer outra coisa que deveria ter dito e ele compreendeu maldosamente". O general encerrou a entrevista com um pedido: "Me esqueçam"
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