Minhas (nossas?) "descendências" tendem a não se interessar por valores passados; em qualquer dos níveis. São mais imediatistas e pragmáticos na escolha dos seus interesses. No geral, tem até certo desprezo pelas "coisas" do passado.
Desconhecem, por exemplo, artistas - falo só dos brasileiros, mas serve para qualquer país do mundo - como Maysa, Elizeth Cardoso, Dick Farney, Agostinho dos Santos, Dalva de Oliveira e dezenas de grandes astros e estrelas do passado. É natural. Faz parte do processo de transformação (prefiro não dizer evolução) dos costumes que todas as sociedades estão sujeitas.
Nada impede, entretanto que, em havendo oportunidade, estas gerações conheçam, um pouco mais em detalhes artistas, atores, comediantes, e intérpretes como Maysa e seus enormes talentos na mesma caixa de presentes com suas vidas e seus pontos altos e baixos como pessoas , seres humanos que eram.
Terá que ser por esta razão que a minissérie que a Rede Globo de Televisão está apresentando desde a semana passada - Maysa, Quando Fala o Coração - está fazendo tanto sucesso entre os mais jovens e aqueles das gerações posteriores à sua morte em 1977. Estamos vivendo, gratamente, uma Maysamania.
Maysa, realmente, foi uma estrela. Fulgurante e misteriosa como são as grandes estrelas. Indecifrável. Mas era, sobretudo, uma cantora, uma intérprete acima de todas. Uma cantora que se sobrepunha às críticas e aos elogios. Pairava acima delas e deles.
Paralelamente - este um dos fatores da curiosidade mórbida daquela sociedade sobre ela - era um espírito indomesticável. Uma força da natureza. Destemida, temerária e sem limites. Quaisquer destes adjetivos e todos ao mesmo tempo serviriam, em algum momento, para descrever Maysa. E tudo isso em uma época onde as mulheres eram meros objetos de decoração. Lembro-me que mulheres e moças de família" sequer usavam calças compridas. Imagine! E Maysa rompeu e arrostou com tudo isso; e venceu apoiada apenas na sua arte e na força indômita do seu espírito.
Como homenagem a ela, que na minha adolescência e mocidade me fez sonhar tantos sonhos e admirar tantos versos e canções que povoam minha mente desde então ("Ouça", Meu mundo caiu", "Se todos fossem iguais a você" - minha preferida - "Tarde Triste" e tantas outras), postei abaixo a sua discografia (retirada do site Sombras) e um (quase) esquecido documentário sobre Maysa, com com texto poético e narração maravilhosa de Walmor Chagas, exibido no especial "Bar Academia" de 1984. Imagens tiradas do longa-metragem dirigido por seu filho Jayme Monjardim que ganhou o festival de Penedo em 1979 e acabou virando o "Especial Simplesmente Maysa" para a TV Bandeirantes, em 1983. .
Espero que a indústria fonográfica produza uma coleção de CD e DVDs dignos do seu ressurgimento pois há pouco material disponível no YouTube e outros sites similares sobre a sua obra, na internet.
Para fechar o post com chave de ouro publico dois parágrafos, que retirei do artigo "Diários particulares de Maysa revelam uma mulher insuspeita" publicado em 2006 pelo jornalista Lyra Neto autor do livro "Maysa - Só numa multidão de amores" que a Editora Globo publicou em 2007 (clique na imagem ao lado) que já está "bombando" nas livrarias, no rastro na nova "maysamania". Ele escreveu o texto antes do livro ser divulgado.
[...] "Cerca de um mês antes de morrer, em 1977, em um trágico acidente na ponte Rio-Niterói, Maysa faria a última anotação em seu diário particular. "Tenho 40 anos, 20 de carreira. Sou uma mulher só. O que dirá o futuro?" Não houve tempo, infelizmente, para que respondesse à própria pergunta. Hoje, 6 de junho de 2006, ela faria 70 anos. Neste tempo de celebridades instantâneas e glórias frívolas, difícil dizer qual futuro estaria reservado para uma Maysa setentona. Por certo, continuaria a encarar a vida de forma tão intensa quanto sempre a cantou. "Há gritos incríveis dentro de mim, que me povoam da mais imensa solidão", escreveu, em outro trecho do diário." [...]
[...] "No fim da vida, recolhida à sua casa de praia, em Maricá, longe dos holofotes da mídia, ensaiava um lento e gradual reencontro consigo. "Não tenho medo da morte. Tenho a impressão de que jamais morrerei", disse, nessa época, a um repórter. "Continuo a mesma, apenas encaro a vida com sereno otimismo", completou. Em seu diário íntimo, porém, revelava a dúvida que alimentava sobre as próprias palavras: "E se o amanhã não chegar?", indagava, na derradeira anotação de seu caderno." [...]
1936 - 1977 | DISCOGRAFIA 78 rpm DISCOGRAFIA LP/CD PARTICIPACOES COLETANEAS OUTROS SITES BIBLIOGRAFIA HOME (Veja outros Artistas) |
Esta Discografia tem a colaboração de Carlos Nolf
As várias capas apresentadas lado a lado se referem ao mesmo Álbum.
Ou é um Álbum em vários volumes, ou são reedições do mesmo Álbum com capas e nomes diferentes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Convido você, caro leitor, a se manifestar sobre os assuntos postados na Oficina de Gerência. Sua participação me incentiva e provoca. Obrigado.