Se você brilhou em seu emprego nos últimos anos – superando metas, conquistando novos clientes, ganhando prêmios internos e externos, acumulando aumentos salariais polpudos –, parabéns. Mas não pense que isso seja garantia de estabilidade. “Quem está há muito tempo na empresa, contribuiu bastante mas não é mais tão eficiente, e sobrevive da consideração pelo que fez no passado, é candidato a rodar”, diz um grande empresário paulista, que atua nas áreas industrial e financeira – e na atual crise já demitiu cerca de 500 pessoas. Segundo esse empresário (que pediu anonimato para falar livremente sobre assuntos delicados), também estão em risco os profissionais que cuidam de projetos ligados ao futuro. “Este é o primeiro que dança”. E quem foi contratado com salários muito altos, porque soube negociar na fase em que o mercado estava em alta, corre perigo. “Algum tempo atrás estava faltando gente no mercado e contratamos pagando mais do que deveríamos. Agora o mercado vai corrigir”.
O profissional mais velho está mais ameaçado, segundo o empresário. “Ele é mais bem remunerado e, chegando perto dos 50 anos, tem outras prioridades na vida além do trabalho, por isso se dedica menos”. O que alguém com esse perfil deve fazer? “Tem de ser produtivo. Tem de cortar custos, divisar estratégias novas. Em geral, esse cara já é muito bom, mas terá de ser melhor ainda. Não pode se acomodar. Para ficar, vai ter de sacrificar a qualidade de vida”. (Leia o caso de Ademir Bilha abaixo).
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Motomura recomenda que o profissional tenha “empatia” com sua empresa. Isso significa tentar viver o que ela vive. “O profissional tem de se treinar para olhar o todo da empresa. Deve incorporar a visão dela, não apenas do cargo que ocupa. Preocupar-se com o todo”, diz. Se você pensa só em seu cargo, é alguém que apenas cumpre tarefas – e, portanto, mais facilmente substituível. Mais difícil é trocar alguém que dá ideias, entende processos, sabe as consequências de suas ações. Porque esse profissional se antecipa às ordens, sabe questionar as políticas sem nexo e pode enxergar coisas a serem melhoradas.
Quando a empresa está colhendo bons resultados, a tendência é contentar-se com as rotinas. Se os resultados pioram, começa-se a pensar nas ações estratégicas. O profissional capaz de elaborar planos inovadores de curto, médio e longo prazos será muito mais valorizado nesse momento. Você não precisa ser um alto executivo para pensar estrategicamente. Qualquer que seja sua função, pode pensar nas necessidades da empresa, em como o seu trabalho poderia render mais frutos. Até pelas lições da atual crise, as empresas devem estar mais receptivas aos planos de construção de futuro. “Recompensa rápida, mas sem compromisso com o longo prazo, não é um bom caminho”, diz Vicky Bloch, consultora de carreiras e diretora da Vicky Bloch Associados. “Profissionais que entregavam resultados fantásticos no curto prazo, mas não estavam preocupados com as consequências de longo prazo – pois, provavelmente, não estariam mais na organização –, não terão mais espaço”, diz. Nessas horas, são mais valorizados os profissionais minuciosos e disciplinados, com perfil de auditores e controladores.
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