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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Blogs, blogueiros e blogosfera. Fiquem "por dentro".

Existem inúmeros artigos na internet sobre blogs e blogueiros. Na verdade o assunto é pouco conhecido fora do circuito e as pessoas - mesmo jornalistas especializados - ainda não conseguiram compreender direito "o que diabos é isto de blogs, blogueiros e blogosfera?" Pensam que é negócio tipo "diário pessoal" ou "coisa de quem não tem o que fazer".
Estou há pouco mais de um ano nesta "trilha" de blogueiro (por sinal detesto esse nome...). Antes de abrir o meu próprio blog já era um "navegante contumaz" da internet, mas não frequentava muitos blogs. Só os mais conhecidos, como o doNoblat, por exemplo.
Depois que "entrei no clube" pude apreder sobre o poder, a força, o potencial e a realidade do mundo dos blogs. E não só no Brasil, mas em toda a internet. Sem nenhuma presunção posso dizer que compreendo (observem que eu não disse "entendo") um pouco de blogs e blogosfera.
Mas não vou discorrer sobre isso. Quero tão somente promover o assunto que é do interesse de todos os frequentadores de blogs, entender um pouco mais desse fenômeno de comunicação global que se irradia à velocidade de criação de dois blogs por minuto (no mundo) atingindo o impressionante número - calculado por especialistas - de mais de 120 milhões de blogs existentes atualmente.
Trouxe-lhes dois artigos que "capturei" na internet:
  1. Entrevista com o pesquisador Fernando Moreno da Silva que fez um estudo sobre o perfil de blogueiros. O texto foi extraído do Portal Imprensa.
  2. Um ótimo artigo de Ricardo Cavallini proprietário do excelente blog Coxa Creme onde ele aborda a popularização dos blogs principalmente com o uso das máquinas fotográficas na mão de amadores.
Leiam com atenção e aprendam um poucos mais sobreesse mundo mágico que é o universo dos blogs e blogueiros.

http://www.nadaver.com/wp-content/uploads/2007/02/blogueiros.gif


(1). Pesquisador analisa perfil dos blogueiros e mostra que blogs podem "cumprir funções do jornalismo"

Por Ana Luiza Moulatlet/Redação Portal IMPRENSA.

..............(clique no logotipo)p

Uma pesquisa do professor de Comunicação Social e doutorando semiótica, Fernando Moreno da Silva, traça o perfil do blogueiro brasileiro - tanto o escritor quanto o leitor de blog - a partir das páginas mais populares do país. Desenvolvido pela Universidade Estadual Paulista (UNESP/Araraquara-SP), o estudo trabalha, segundo Silva, "com a imagem construída através do texto. A escolha do que ele [blogueiro] lê é reflexo de seus interesses, valores e desejos".

O pesquisador considera que, apesar de a credibilidade e a confiabilidade dos blogs serem tênues, muitos deles "cumprem as funções do jornalismo de informação, orientação e prestação de serviços". Para Silva, "o blog dá espaço para o jornalismo cidadão, criado a partir do trabalho colaborativo. E isso acaba sendo uma revolução. O que antes só se encontrava em meios formais, hoje está nos informais".


Portal IMPRENSA - Como surgiu a idéia de fazer uma pesquisa sobre o perfil dos leitores e escritores de blogs?
Fernando Moreno da Silva -
Fiz meu mestrado sobre best-sellers, e pesquisei as preferências dos leitores. Partindo disto, comecei a perceber que os blogs como forma de comunicação estavam em ascenção muito rápida. Então, entre 2004 e 2005 resolvi pensar como seria o leitor online, e buscar o perfil deste leitor para o meu doutorado.

IMPRENSA - E como foi a realização desta pesquisa?
Silva -
Parti do pressuposto que encontraria o perfil dos blogueiros entre as páginas mais acessadas. Primeiro busquei o indicador de visitas, mas a pouca confiabilidade que ele tem não permitia que eu o usasse como parâmetro. Depois parti para portais que fazem eleições dos blogs mais acessados, mas ainda assim esse resultado é parcial. Até que em junho de 2006 saiu uma reportagem na revista Época elencando o blogs campeões de audiência de acordo com o monitoramento da Technorati, serviço norte-americano responsável pela indexação de blogs no mundo. E logo depois, em dezembro de 2006, o ite IDGNow! lançou o ranking dos dez maiores blogs da Internet. Fiz um cruzamento das duas listas e peguei os quatro blogs mais acessados no Brasil em 2006, que são o Interney, o blog do jornalista Ricardo Noblat, Kibeloco e Cocada Boa.

IMPRENSA - E qual foi a conclusão?..
Silva -
Eu não analisei o perfil sociológico dos leitores, com fatores como idade, classe social e sexo, porque o doutorado é em linguística. Eu trabalho com a imagem construída pelo texto, pretendi construir a imagem do escrevente e do leitor de blogs. Minha proposta é construir a imagem do blogueiro através do próprio blog. A escolha do que ele lê é reflexo de seus interesses, valores e desejos. Já tenho uma conclusão prévia, já que ainda estou terminando o estudo, mas pude definir que o blogueiro é definido pelo trinômio narcisismo, liberdade e amenidades. O narcisismo pode ser definido pela necessidade que o blogueiro tem do outro para sua validação e para seu reconhecimento, é a busca da publicização de si. A liberdade mostra que o leitor busca nos blogs o que não encontra em meios tradicionais, porque o blogueiro escreve o que quer em sua página, que é um mundo sem regras, onde ele diz o que vem à mente, e isso inclui besteirol, fofoca e palavras de baixo calão. Já as amenidades mostram uma busca por uma descontraída, "sem muita importância". É uma espécie de quixotismo às avessas: Dom Quixote não queria deixar como legado obras inúteis, e o blogueiro não tem preocupação com nobreza e a fidedignidade da informação.

IMPRENSA - O espaço do blog pode ser usado para confundir o internauta e disseminar informações falsas?
Silva -
Sim, esta é, por exemplo, a proposta do Cocada Boa. A confiabilidade é o problema. Existem blogs excelentes, que cumprem as funções do jornalismo de informação, orientação e prestação de serviços. Mas a credibilidade é tênue, nos blogs é preciso tomar muito cuidado com as fontes. Embora o Noblat tenha um teor político, ele dá a opinião dele e trabalha com a ironia. Ele vem de um meio impresso e a coqueluche dele é o blog, o que você não encontraria no meio tradicional encontra ali.

IMPRENSA - Podemos considerar que blogueiros são jornalistas?
Silva -
Sim, até porque o blog dá espaço para o jornalismo cidadão, criado a partir do trabalho colaborativo. E isso acaba sendo uma revolução. O que antes só se encontrava em meios formais, hoje está nos informais. Muitos blogs cumprem o papel da prestação de serviço


(clique no logotipo)
(2). Blogueiros
Ricardo Cavallini

clique para ampliarEu insisto. Blogueiro não é raça, nem credo, nem espécime. Blog é ferramenta. Até brinquei citando perfis bem diferentes. Disse que tem o blog do presidente da GM americana e o blog do adolescente do interior de SP. Tem o blog do Paulo Coelho que faz chover e da Bruna surfistinha que faz gemer.

Dada esta introdução, quero defender que parte da polêmica gerada em casos envolvendo “blogueiros” vem da dificuldade para aceitar a mudança cultural que esta e outras ferramentas estão provocando.

Já vimos isso antes, várias vezes, inclusive fora da web. A tecnologia muda o comportamento, desde o tempo da descoberta do fogo.

As câmeras fotográficas digitais são um bom exemplo. Há uma década atrás, quem andasse com uma no bolso seria jornalista, fotógrafo amador ou turista.

Hoje qualquer pessoa sai com uma na rua. E na prática, todo mundo tem uma no celular. Tiramos foto de tudo e de todos. Porque é fácil, barato, rápido, indolor. Antes apenas alguns assuntos bem específicos mereciam a atenção da câmera. Agora qualquer porcaria vale. Não gostou, apaga. Não ficou bom, não manda imprimir. Um show de fartura que antes seria considerado desperdício e estupidez. O produto final, a foto, continua importante, mas o ato de fotografar deixou de ser.

O interessante disso tudo é que, uma inútil e despretensiosa foto, que poderia não ser tirada na época analógica, pode acabar se tornando a mais bonita e valiosa de todas.

Voltando aos blogs, pela facilidade e abrangência de público (blogueiros e leitores), a facilidade da ferramenta transformou a publicação de textos em algo prático e informal. Com aquele mesmo tom e volume de uma discussão de amigos em uma mesa de bar.

A maneira como a informação é colocada e discutida é muito diferente e isso passa a impressão do que alguns chamaram de síndrome de motoboy. Mas isso apenas mostra a dificuldade de entender essa mudança cultural.

Assim como a foto, um despretensioso post do blogueiro desconhecido pode acabar tendo mais impacto que a coluna do jornalista mais importante no veículo mais poderoso. O que não podemos esquecer, é que na maioria das vezes, um post será apenas isso: um post. O produto final, a opinião, continua importante, mas o ato de publicar algo deixou de ser.

Se você falar mal de algum assunto que toque estas pessoas, eles irão comentar porque estão a vontade em sua mesa de bar. Se chegar no bar e gritar que acabou a cerveja, muitas mesas irão chiar. Uma delas pode ter um mafioso armado. Mas nem sempre este movimento é orquestrado, nem sempre é em prol de uma classe, o que não quer dizer que uma mesa não tome coragem com a atitude da outra.

Os vários jornalistas tradicionais que tem blog acabam mudando sua maneira de trabalhar. Não significa mudar sua postura ética, moral ou preocupações profissionais. Mas no boteco, o tom da conversa é outro.

Nenhuma mudança cultural é simples. Muitos têm dificuldade para entendê-la. Já outros, preferem morrer sem aceitá-la. Se você não concorda, desencana, isso aqui é apenas um post."

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