Jornal do Brasil: Marguerite Yourcenar


Marguerite Yourcenar deixou registrado em Memórias de Adriano (1951), seu livro mais conhecido e que ficou 5 meses na lista dos mais vendidos no Brasil, sua maneira de encarar a morte: "Tentemos, se pudermos, penetrar na morte de olhos abertos".
Yourcenar é um anagrama imperfeito do sobrenome verdadeiro, que é Crayencour. A escritora nasceu em Bruxelas, na Bélgica, em uma família de origem aristocrata. A mãe morreu poucos dias depois que Marguerite nasceu. Teve uma educação austera orientada pelo pai, que a fez estudar latim, grego, italiano e inglês, além de viajar constantemente com ela. Aos 8 anos já havia lido a obra de Jean Racine. Foi a primeira mulher eleita para Academia Francesa de Letras, em 1980, um reduto masculino durante quatro séculos.
Marguerite publicou seu primeiro livro, O Jardim das Quimeras (1920) aos 17 anos. Começou a fazer as primeiras anotações para escrever Memórias de Adriano em 1924, numa de suas viagens pela Itália, um romance histórico sobre as memórias desse imperador romano do século 2.

Em conseqüência da Segunda Guerra Mundial, em 1939, mudou-se para os Estados Unidos, e em 1947 naturalizou-se cidadã norte-americana. Viveu durante 40 anos na Ilha de Mount Desert, em Maine. A autora costumava comparar seu modo de vida solitário, longe de seu país de origem, ao do filósofo francês René Descartes, que viveu na Holanda e na Suécia, e ao do escritor Victor Hugo, que exilou-se em uma ilha da Normandia.

Pouco antes de morrer, Marguerite concluiu o livro Labirinto do Mundo. Entre seus romances, ensaios e poemas destacam-se também A Obra em Negro (1968), Mishima ou A Visão do Vazio (1981) e O Tempo, Esse Grande Escultor (1983).***********************************************************************