O governo e a oposição negra da África do Sul aprovaram a primeira constituição democrática do país, que pôs fim ao regime de segregação racial, o apartheid. A constituição abria caminho para os negros chegarem ao poder nas próximas eleições, multipartidárias e multirraciais. A perspectiva não agradou os partidos brancos de extrema direita e nem conservadores negros.
O apartheid foi instituído por lei em 1948, pelo Partido Nacional (NP), que dominou a política por cerca de 40 anos. Durante décadas, os negros foram impedidos de ser proprietários de terra, de participar das decisões políticas, além de serem obrigados a viver confinados em zonas residenciais separadas dos brancos, os bantustões. Casamentos e relações sexuais entre pessoas de raças diferentes eram ilegais. Os negros não tinham também acesso à educação e à saúde.
Os conflitos raciais eram freqüentes, até que em 1960, a polícia matou 67 negros na favela de Sharpeville, que protestavam contra a segregação racial. O massacre chamou a atenção da opinião pública mundial para a crueldade do sistema racista sul-africano. Em conseqüência, o líder do Congresso Nacional Africano (CNA), Nelson Mandela, acusado de organizar a manifestação, foi preso em 1962 e condenado à prisão perpétua.
Já em 1984, uma revolta popular contra o apartheid levou o governo a decretar lei marcial no país. Em virtude das punições aplicadas, a ONU decretou sanções à África do Sul como forma de pressão pelo fim do regime separatista. Mandela foi libertado em 1990 e o CNA recuperou a legalidade.
O país realizou um plebiscito só para brancos, em 1992, no qual 69% dos votantes pronunciam-se pelo fim do apartheid.
Nelson Mandela liderou as mudançasO ativista e político sul-africano Nelson Mandela liderou a luta contra o regime de segregação racial. Mandela foi o primeiro presidente negro eleito no país, em 1994. Fundou em 1944 a Liga da Juventude do Congresso Nacional Africano (CNA), grupo de direitos civis, que lutava contra apartheid. Mandela iniciou em 1952 a campanha de desobediência civil às leis racistas. Depois de 28 anos na prisão, o líder é libertado e negocia a nova constituição com o presidente Frederick De Klerk. Este último pede perdão pelo apartheid. Um ano depois, De Klerk e Mandela recebem o Prêmio Nobel da Paz.
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"O mundo é a casa errada do homem. Um simples resfriado que a gente tem, um golpe de ar, provam que o mundo é um péssimo anfitrião. O mundo não quer nada com o homem, daí as chuvas, o calor, as enchentes e toda sorte de problemas que o homem encontra para a sua acomodação, que aliás, nunca se verificou. O homem deveria ter nascido no Paraíso." Nelson Rodrigues.
A vida foi difícil para o dramaturgo e jornalista, autor de frases memoráveis e de peças que revolucionaram o teatro brasileiro. Além das tragédias que atingiram a sua família e o marcaram, Nelson foi internado várias vezes por causa da tuberculose, sofria com uma úlcera lhe causava dores terríveis e teve uma hemorragia intra-ocular, que o deixou parcialmente cego. Nelson foi o primeiro escritor a colocar em cena o cotidiano do subúrbio carioca, a abrir espaço para o uso da linguagem coloquial e a abandonar os temas açucarados.
Gostava de contar um episódio ocorrido com ele na escola onde estudava quando tinha 8 anos, ao participar de um concurso de redação, em 1920. A professora Amália mandou que cada aluno escrevesse sobre um tema livre. O melhor texto seria lido em voz alta na classe. Ao corrigir as redações, a professora levou um susto ao ler o trabalho de Nelson. O menino havia inventado um caso de adultério. Ele escreveu a história de um marido que chegava em casa, entrava no quarto e via a mulher nua na cama, e o vulto de um homem pulando a janela e sumindo na madrugada. O marido traído pegava uma faca e dava cabo da vida da mulher. Depois ajoelhava-se e pedia perdão. A redação estava perfeita, mas, segundo a avaliação da professora, não poderia ser lida na classe. A mestra então inventou um empate e leu a outra composição.
O autor de frases memoráveis
A peça Vestido de Noiva (1943), escrita em seis dias, foi considerada um divisor de águas na dramaturgia brasileira. A obra literária de Nelson é vasta, com 17 peças, centenas de contos e nove romances. O autor também foi cronista esportivo e torcedor fanático do Fluminense. As declarações do tipo "mulher tem que ser burra", "adoro visitar cemitérios" e "nem toda a mulher gosta de apanhar, só as normais" e "sou (e sempre fui) um anjo pornográfico" escandalizavam o público tanto quanto os seus textos inovadores.
Apesar dos temas ousados e do palavreado irreverente, os trabalhos de Nelson Rodrigues revelam um escritor conservador e nostálgico, e que, paradoxalmente, viveu um período de abertura e cosmopolitismo da sociedade carioca, quando surgiu a Bossa Nova.
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