Vou aproveitar esta notícia envolvendo o atleta brasileiro Adriano, que joga futebol no time da Internazionale de Milão e é da seleção brasileira.
A nota em si não é nova. Refresco a memória que quem não acompanha o mundo do futebol. Adriano e Ronaldinho, após uma rodada do campeonato italiano há duas semanas foram para uma balada, em Milão. Ambos chegaram atrasados nos treinos do dia seguinte em seus respectivos clubes. O técnico de Ronaldinho, Carlo Ancelloti, do Milan, minimizou o episódio, fez uma piada e - pelo menos publicamente - Ronaldinho não sofreu punição. Já o técnico de Adriano, José Mourinho (português) da Internazionale decidiu expor o jogador publicamente e o puniu, afastando-o da equipe; e declarou que o fez pela "falta de profissionalismo" do brasileiro.
Pelo currículo de Adriano (vou deixar Ronaldinho e lado) não foi nenhuma novidade o que ele fez. Não pretendo, aqui, analisar o comportamento dos dois brasileiros. Não é o foco do post.
Quero colocar, neste ponto do texto, uma questão para os leitores interessados.
Imaginem-se no lugar de José Mourinho, chefe do funcionário problema, Adriano. O seu subordinado é uma peça importante no projeto que você comanda, mas não é confiável no comportamento. É instável emocionalmente e não tem temperamento para seguir ordens e regras. Mas é competente no seu trabalho dentro do time (gols no caso do Adriano). Resumindo, um recurso humano problema, mas competente quando está trabalhando.
Em dado momento o funcionário chega atrasado a uma importante reunião da equipe. Não há justificativa. Foi para a farra e dormiu demais. Este é o cenário. O que você, no lugar do José Mourinho faria? Perdoaria, pelo menos publicamente, o seu subordinado ou o puniria publicamente, demonstrando sua irritação e insatisfação?
A proposta que faço retrata uma realidade com a qual executivos e líderes se defrontam cotidianamente. Funcionários problemas, mas competentes no trabalho não são raros. Minorias sim, mas fazem parte do contingente de pessoas que habitam o mundo corporativo.
Alguns de vocês já devem ter enfrentado situações assim. Os mais novos e os futuros gerentes ainda não. Repito a pergunta: qual a atitude correta do chefe?
Voltarei ao assunto se houver demanda. Não necessariamente os leitores precisam responder nos comentários do blog. A questão é mais para reflexão de cada um. O case Adriano/Ronaldinho é excelente para ilustrar essa questão. Analisem tudo; antecedentes, relação custo/benefício de qualquer decisão; conseqüências do perdão ou da punição e todos os fatores que o comandante deve levar em consideração para assumir a posição final. No caso real, José Mourinho acertou ou errou? Carlo Ancelotti atingiu seu objetivo ao minimizar a falta de Ronaldinho? A propósito, Adriano foi "perdoado" pelo técnico e ontem (sábado, 22/11) voltou ao time, jogou e a Inter venceu. Leiam a notícia, de hoje na Folha Online, sobre a volta do indócil (?) Adriano depois do conflito com seu chefe.
- (23/11/2008 - 10h35) ... "Depois da vitória da Inter, Mourinho elogia "animal" Adriano - O técnico português José Mourinho, da Inter de Milão, elogiou a atuação do atacante brasileiro Adriano na vitória sobre a Juventus por 1 a 0, no sábado, pelo Campeonato Italiano.Segundo, o treinador a equipe precisava de um "animal" como Adriano para incomodar a defesa rival."Penso que com a presença de Legrottaglie e Chiellini [zagueiros da Juventus], era importante ter um 'animal' como Adriano lá no meio", disse Mourinho para a Sky Sport."Adriano fez também um trabalho defensivo, de profundidade e é ainda veloz. Nem todos atacantes fazem um trabalho assim", falou o treinador.Depois de chegar atrasado a um treinamento, Adriano tinha sido afastado do grupo da Inter de Milão. Ele não atuava pela equipe desde o empate sem gols contra o Genoa, no dia 26 de outubro." Leia mais: Na volta de Adriano, Inter vence a Juventus pelo Italiano
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