Segundo a agência de notícias Ansa, ela sofreu um ataque cardíaco após encerrar um show em homenagem ao escritor e jornalista italiano Roberto Saviano ameaçado de morte pela máfia napolitana. Ele é o autor de Gomorra, best-seller que trata da brutalidade da máfia napolitana, conhecida como Camorra. Após vender 1,2 milhão de exemplares e ser traduzido para 42 idiomas, o livro foi transformado em filme, pelo diretor Matteo Garrone, premiado no Festival de Cannes e indicado como o representante italiano no Oscar. O filme foi exibido recentemente na Mostra de Cinema de São Paulo.
Miriam Makeba, também chamada "A imperatriz da canção africana", saiu da África do Sul em 1959, quando ainda vigorava no país o regime segregacionista do apartheid. Ela tentou voltar em 1960, para o funeral da mãe, porém seu passaporte foi revogado e sua entrada, negada. Ela viveu no exílio durante 31 anos nos Estados Unidos, na França, em Guiné e na Bélgica, até seu emocionante regresso a Johannesburgo, em 1990. Na época muitos sul-africanos exilados voltaram ao país, em meio às reformas do então presidente F. W. De Klerk. "Nunca compreendi por quê não podia vir ao meu país", disse a cantora ao retornar. "Nunca cometi crime algum."
O convite para retornar foi feito por Nelson Mandela, que depois viria a ser presidente do país, entre 1994 e 1999. "Foi como renascer", relembrou Miriam depois.
Luto
"Uma das nossas maiores cantoras de todos os tempos parou de cantar", lamentou em nota o ministro da Cultura da África do Sul, Nkosazana Dlamini Zuma. "Ao longo de sua vida, Mama Makeba comunicou uma mensagem positiva ao mundo sobre a luta das pessoas na África do Sul e a certeza das vitórias sobre as forças malignas do apartheid e do colonialismo através da arte de cantar", apontou Zuma.
Miriam começou sua carreira em Sophiatown, uma zona cosmopolita de Johannesburgo muito rica culturalmente na década de 1950. Porém os negros da área foram retirados à força pelo governo do apartheid (regime que vigorou entre 1948 e 1990). A cantora recebeu um Grammy em 1966 por melhor gravação folk, junto com Harry Belafonte, pelo disco An Evening With Belafonte/Makeba. A obra tratava dos problemas enfrentados pelos negros sul-africanos durante o apartheid.
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Vale a pena conhecer a história dessa mulher notável. Sobre Miriam Makeba copiei o belo comentário feito por Jacob Zuma no site aeiou.visao.pt:
Joanesburgo, 11 Nov (Lusa) -" A cantora sul-africana Miriam Makeba foi segunda-feira recordada pelo presidente do partido no poder na África do Sul, Jacob Zuma, como uma "patriota que colocou o seu imenso talento ao serviço do seu povo e em prol da luta para libertar e democratizar não só a Africa do Sul mas todo o continente".
Para o cantor senegalês Youssou Ndour, a morte de Miriam Makeba é uma "grande perda para África e para a música africana".
Na Costa do Marfim, o presidente Laurent Gbagbo enalteceu a "voz militante" que "ritimou com os grandes momentos da história política e cultural da Africa".
Convertida num dos símbolos da luta anti-"apartheid", Miriam Makeba, nascida em Joanesburgo em 04 de Março de 1932 e cujo título "Pata, Pata" a tornou conhecida em todo o mundo, sempre defendeu nas suas canções o amor, a paz e a tolerância.
Morreu domingo à noite em Itália de ataque cardíaco, no final de um concerto, com vários artistas, dedicado ao jornalista e escritor italiano Roberto Saviano, ameaçado pela Camorra, a máfia napolitana.
Saviano é autor do best-seller "Gomorra", um livro sobre a Camorra que foi adaptado ao cinema e mereceu o prémio do júri no último festival de Cannes, além de ter sido escolhido para representar a Itália nos Óscares.
Miriam Makeba foi, depois de 1999, embaixadora da Boa Vontade da Organização Mundial para a Alimentação e a Agricultura (FAO), tendo o director desta agência, Jacques Diouf, evocado a ajuda prestada por Mama Africa no combate da FAO para reduzir a fome e melhorar as condições de vida das pessoas mais pobres no mundo.
Após a chegada dos nacionalistas africanderes ao poder em 1947, Miriam Makeba deixou a Africa do Sul aos 27 anos para prosseguir a sua carreira, sem saber que seria banida pelas suas posições anti-apartheid.
No exílio, a cantora conheceu um verdadeiro sucesso, apesar de o seu casamento em 1969 com o líder das "Panteras Negras" Stokey Carmichael (do qual se viria a separar em 1973) não ter sido do agrado das autoridades norte-americanas, o que a levou mais tarde a emigrar para Guiné-Conacri, tendo participado em diversos concertos na vizinha Serra Leoa.
Viveu no exílio durante 35 anos antes do seu emotivo regresso a Joanesburgo em 1990, quando regressaram muitos exilados sul-africanos ao abrigo de reformas instituídas pelo então presidente F.W. de Klerk.
Nunca percebi por que é que não podia voltar ao meu país", disse Makeba quando regressou: "Nunca cometi nenhum crime".
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