Este artigo, escrito por Lucas Toyama, redator e comentarista Canal RH foi transcrito do próprio site. Ele comenta sobre um novo conceito que, começa a nascer no mundo corporativo, chamado de "Inovação de Ruptura''. Toyama conheceu o assunto ao assistir a palestra de Clayton Christensen, professor na Harvard Business School, consultor e autor de O Dilema da Inovação: quando novas tecnologias levam empresas ao fracasso, que discorreu sobre o tema em sua recente passagem pelo Brasil. Reproduzo um texto do artigo:.
[...] ''A inovação de ruptura acontece em ambientes nos quais se questionam algumas verdades absolutas que são transmitidas nas salas de aula universitárias. Assim, explica Christensen, relativizar os paradigmas corporativos é um primeiro passo para dar início a um processo inovador. Para exemplificar, o palestrante afirmou, de maneira assertiva, que “as melhores oportunidades, hoje, estão nos menores mercados”, contradizendo a máxima segundo a qual grandes mercados são os mais promissores.'' [...]
[...] ''A inovação de ruptura acontece em ambientes nos quais se questionam algumas verdades absolutas que são transmitidas nas salas de aula universitárias. Assim, explica Christensen, relativizar os paradigmas corporativos é um primeiro passo para dar início a um processo inovador. Para exemplificar, o palestrante afirmou, de maneira assertiva, que “as melhores oportunidades, hoje, estão nos menores mercados”, contradizendo a máxima segundo a qual grandes mercados são os mais promissores.'' [...]
O artigo de Lucas Toyama nos remete a setores do conhecimento corporativo ainda não explorados. Para os mais jovens, pode ser a conceituação de comandar de uma forma mais desafiadora e menos ortodoxa; para as empresas um ato de coragem, se quiserem sobreviver neste mundo onde a rapidez prevalece sobre a proporção. Recomendo, fortemente, a leitura, a reflexão e a pesquisa sobre o tema. Acho que esse veio para ficar.
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Inovação para novos mercados
"Descomplicar. Tornar produtos mais acessíveis e, assim, incluir no cenário econômico uma população até então à margem. Descobrir necessidades e inventar produtos e serviços que as supram ou que facilitem a vida das pessoas. Essas são algumas das finalidades da chamada Inovação de Ruptura, movimento que provoca uma cisão nos modelos de negócios vigentes e normalmente favorece o aparecimento de novos entrantes. Criador do conceito, Clayton Christensen (veja foto), professor na Harvard Business School, consultor e autor de "O Dilema da Inovação: quando novas tecnologias levam empresas ao fracasso", discorreu sobre o tema em sua passagem pelo Brasil.
De acordo com o professor, a inovação de ruptura se manifesta de duas maneiras. A primeira é aquela na qual as empresas entrantes no mercado, que optam por focar uma pequena parcela dele, atendendo clientes que já são servidos pelos players estabelecidos. Neste caso, o novato concorre com uma estratégia de baixo custo e, por algum tempo, conseguirá concorrer e obter lucros. Trata-se do embate entre o gigante e o garoto, no qual este, fisicamente mais frágil, precisa utilizar estratégias criativas para tentar sair vitorioso.
A segunda face desse tipo de inovação é a ruptura de novo mercado, na qual o concorrente é o não-consumo. Nessa situação, é criado um produto a pessoas que até então não eram consumidoras. Um prato cheio para as empresas brasileiras que pretendem explorar o mercado nacional, que vem registrando um crescimento expressivo do poder aquisitivo, sobretudo nas camadas mais baixas da pirâmide. “Sem dúvida alguma, o Brasil possui uma grande quantidade de não-consumo a ser explorada”, disse Christensen durante sua palestra, nesta terça-feira, 11, na ExpoManagement 2008.
De acordo com o professor, a inovação de ruptura se manifesta de duas maneiras. A primeira é aquela na qual as empresas entrantes no mercado, que optam por focar uma pequena parcela dele, atendendo clientes que já são servidos pelos players estabelecidos. Neste caso, o novato concorre com uma estratégia de baixo custo e, por algum tempo, conseguirá concorrer e obter lucros. Trata-se do embate entre o gigante e o garoto, no qual este, fisicamente mais frágil, precisa utilizar estratégias criativas para tentar sair vitorioso.
A segunda face desse tipo de inovação é a ruptura de novo mercado, na qual o concorrente é o não-consumo. Nessa situação, é criado um produto a pessoas que até então não eram consumidoras. Um prato cheio para as empresas brasileiras que pretendem explorar o mercado nacional, que vem registrando um crescimento expressivo do poder aquisitivo, sobretudo nas camadas mais baixas da pirâmide. “Sem dúvida alguma, o Brasil possui uma grande quantidade de não-consumo a ser explorada”, disse Christensen durante sua palestra, nesta terça-feira, 11, na ExpoManagement 2008.
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Reavaliação de paradigmas
A inovação de ruptura acontece em ambientes nos quais se questionam algumas verdades absolutas que são transmitidas nas salas de aula universitárias. Assim, explica Christensen, relativizar os paradigmas corporativos é um primeiro passo para dar início a um processo inovador. Para exemplificar, o palestrante afirmou, de maneira assertiva, que “as melhores oportunidades, hoje, estão nos menores mercados”, contradizendo a máxima segundo a qual grandes mercados são os mais promissores.
O consultor alertou ainda sobre a necessidade de se reavaliar a freqüência das terceirizações de atividades consideradas adjacentes por parte das companhias. Para elucidar, ele contou o caso da empresa de computadores Compaq, que, a princípio, terceirizava a fabricação de placas com a Flextronics. Com o tempo, a empresa passou a delegar mais tarefas para a fornecedora, como a fabricação de placas-mãe, a montagem das máquinas, o gerenciamento de fornecedores e o design dos produtos. Na medida em que ia terceirizando mais e mais atividades, a Compaq transmitia expertise para a Flextronics que, com o acúmulo e know how, passou a construir suas próprias máquinas.
Um dos maiores benefícios da inovação de ruptura, segundo o palestrante, é a não-replicação de modelos, o que possibilita o surgimento de novas maneiras de se pensar e agregar valor aos negócios. Nesse sentido, um público fundamental que precisa ser engajado nessas análises de novas possibilidades são os colaboradores. Sem eles, nada acontece. Completam a lista a reavaliação de demais recursos, como equipamentos, instalações, tecnologia, além das questões de balanço financeiro, proposta de valor (quais serão o negócio da companhia e sua função), bem como os processos que serão utilizados para atingir tal intento.
Reavaliação de paradigmas
A inovação de ruptura acontece em ambientes nos quais se questionam algumas verdades absolutas que são transmitidas nas salas de aula universitárias. Assim, explica Christensen, relativizar os paradigmas corporativos é um primeiro passo para dar início a um processo inovador. Para exemplificar, o palestrante afirmou, de maneira assertiva, que “as melhores oportunidades, hoje, estão nos menores mercados”, contradizendo a máxima segundo a qual grandes mercados são os mais promissores.
O consultor alertou ainda sobre a necessidade de se reavaliar a freqüência das terceirizações de atividades consideradas adjacentes por parte das companhias. Para elucidar, ele contou o caso da empresa de computadores Compaq, que, a princípio, terceirizava a fabricação de placas com a Flextronics. Com o tempo, a empresa passou a delegar mais tarefas para a fornecedora, como a fabricação de placas-mãe, a montagem das máquinas, o gerenciamento de fornecedores e o design dos produtos. Na medida em que ia terceirizando mais e mais atividades, a Compaq transmitia expertise para a Flextronics que, com o acúmulo e know how, passou a construir suas próprias máquinas.
Um dos maiores benefícios da inovação de ruptura, segundo o palestrante, é a não-replicação de modelos, o que possibilita o surgimento de novas maneiras de se pensar e agregar valor aos negócios. Nesse sentido, um público fundamental que precisa ser engajado nessas análises de novas possibilidades são os colaboradores. Sem eles, nada acontece. Completam a lista a reavaliação de demais recursos, como equipamentos, instalações, tecnologia, além das questões de balanço financeiro, proposta de valor (quais serão o negócio da companhia e sua função), bem como os processos que serão utilizados para atingir tal intento.
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Inovação na base da pirâmide
Há aqueles que se esforçam para inovar e alterar o xadrez do mundo corporativo. Há os gênios que têm a visão e a capacidade de mudar o mundo como um todo. É o caso de Muhammad Yunus, fundador e diretor do Grameen Bank que, em 2006, recebeu o prêmio Nobel da Paz “por seus esforços em criar desenvolvimento econômico e social a partir da base da pirâmide”.
Yunus é famoso por ter aplicado com sucesso o conceito de microcrédito para ajudar os camponeses de Bangladesh a sair da pobreza, oferecendo-lhes crédito sem exigir garantias. O banco foi construído baseado em sua convicção de que os pobres podem ser, concomitantemente, devedores confiáveis e empreendedores ávidos. O Grameen Bank já concedeu mais de US$ 5,1 bilhões de empréstimos a 5,6 milhões de pessoas em 60.815 vilarejos de Bangladesh, com índice de adimplência de 99%. O banco possui 1.781 agências. O modelo de sucesso inspirou iniciativas similares pelos cinco continentes. Além do Grameen Bank, Yunus criou diversas outras empresas em Bangladesh para enfrentar a pobreza e estimular o desenvolvimento.
Yunus, que também participou da Expomanagement, promovido pela HSM esta semana, não se considera exageradamente humanista. Para ele, o problema é que questões de ordem prática e real, como a pobreza, não são aprendidas em sala de aula. “Os profissionais têm uma visão de pássaro em relação aos problemas enfrentados pelo ser humano”, disse. “Eles possuem uma visão panorâmica de quem enxerga de cima, sem vivenciar. Somente quando se tem uma visão de minhoca, que está inserida no contexto, é que realmente se tem noção das dificuldades enfrentadas por grande parte da população”, complementou.
A miopia dos executivos a que se refere o palestrante está atrelada ao fato de o mundo organizacional ignorar o aspecto multidimensional do ser humano. “Nesse ambiente [das empresas] explora-se apenas o lado egoísta do homem, que fica formatado para somente produzir e dar lucro”, apontou. No entanto, conforme defende Yunus, o ser humano é mais que isso.
Foi justamente ao dar vazão ao altruísmo, sistematicamente castrado das baias dos escritórios, que Yunus inovou. Criou uma estrutura que concede créditos àqueles que até então inexistiam aos olhos do sistema financeiro, alterou profundamente o status quo em Bangladesh, deu voz a quem sequer podia falar e, mais importante, financiou sonhos.
Quando questionado sobre sua visão acerca de projetos como o Bolsa Família, o palestrante disse ser a favor, mas com ressalvas. “Esse tipo de ação é de extrema importância como um primeiro passo para garantir a sobrevivência de algumas pessoas”, afirmou. No entanto, ressaltou, numa etapa posterior, é preciso que se dêem condições para esses cidadãos criem a própria renda."
Há aqueles que se esforçam para inovar e alterar o xadrez do mundo corporativo. Há os gênios que têm a visão e a capacidade de mudar o mundo como um todo. É o caso de Muhammad Yunus, fundador e diretor do Grameen Bank que, em 2006, recebeu o prêmio Nobel da Paz “por seus esforços em criar desenvolvimento econômico e social a partir da base da pirâmide”.
Yunus é famoso por ter aplicado com sucesso o conceito de microcrédito para ajudar os camponeses de Bangladesh a sair da pobreza, oferecendo-lhes crédito sem exigir garantias. O banco foi construído baseado em sua convicção de que os pobres podem ser, concomitantemente, devedores confiáveis e empreendedores ávidos. O Grameen Bank já concedeu mais de US$ 5,1 bilhões de empréstimos a 5,6 milhões de pessoas em 60.815 vilarejos de Bangladesh, com índice de adimplência de 99%. O banco possui 1.781 agências. O modelo de sucesso inspirou iniciativas similares pelos cinco continentes. Além do Grameen Bank, Yunus criou diversas outras empresas em Bangladesh para enfrentar a pobreza e estimular o desenvolvimento.
Yunus, que também participou da Expomanagement, promovido pela HSM esta semana, não se considera exageradamente humanista. Para ele, o problema é que questões de ordem prática e real, como a pobreza, não são aprendidas em sala de aula. “Os profissionais têm uma visão de pássaro em relação aos problemas enfrentados pelo ser humano”, disse. “Eles possuem uma visão panorâmica de quem enxerga de cima, sem vivenciar. Somente quando se tem uma visão de minhoca, que está inserida no contexto, é que realmente se tem noção das dificuldades enfrentadas por grande parte da população”, complementou.
A miopia dos executivos a que se refere o palestrante está atrelada ao fato de o mundo organizacional ignorar o aspecto multidimensional do ser humano. “Nesse ambiente [das empresas] explora-se apenas o lado egoísta do homem, que fica formatado para somente produzir e dar lucro”, apontou. No entanto, conforme defende Yunus, o ser humano é mais que isso.
Foi justamente ao dar vazão ao altruísmo, sistematicamente castrado das baias dos escritórios, que Yunus inovou. Criou uma estrutura que concede créditos àqueles que até então inexistiam aos olhos do sistema financeiro, alterou profundamente o status quo em Bangladesh, deu voz a quem sequer podia falar e, mais importante, financiou sonhos.
Quando questionado sobre sua visão acerca de projetos como o Bolsa Família, o palestrante disse ser a favor, mas com ressalvas. “Esse tipo de ação é de extrema importância como um primeiro passo para garantir a sobrevivência de algumas pessoas”, afirmou. No entanto, ressaltou, numa etapa posterior, é preciso que se dêem condições para esses cidadãos criem a própria renda."
* Lucas Toyama é (excelente) redator e comentarista do Canal RH. Já publiquei, no blog, vários dos seus artigos.
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